7.26.2010

Anvisa cria novas regras para propagandas de bebidas e alimentos

Sociedade deve ser alertada sobre o consumo de bebidas e alimentos com elevada quantidade de açúcar,gordura e sódio - (Carlos Altman/EM/D.A Press)
Sociedade deve ser alertada sobre o consumo de bebidas e alimentos com elevada quantidade de açúcar,gordura e sódio

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de estabelecer novas regras para a propaganda de bebidas com baixo teor nutricional e de alimentos com elevadas quantidades de açúcar, gordura saturada ou trans e de sódio.

Publicada no Diário Oficial da União no fim de junho, a resolução já repercutiu em entidades médicas e de defesa do consumidor. Todas encaram a medida como fundamental para coibir o consumo desenfreado de alimentos que acabam comprometendo a saúde da população.

As novas condutas valem para a publicidade e a promoção comercial dos produtos que contêm esses nutrientes, e as empresas terão 180 dias para se adaptar, como explica Maria José Delgado Fagundes, gerente-geral de monitoramento e fiscalização da Anvisa. Segundo ela, o objetivo da medida é proteger os consumidores, em especial o público infantil, de práticas que possam omitir dados nutricionais, estimular o consumo excessivo de substâncias prejudiciais à saúde e violar o direito à alimentação adequada.

Assim, na propaganda e promoção comercial de alguns alimentos, será necessário veicular alerta sobre os perigos do consumo excessivo de determinados alimentos. Na TV, o aviso terá de ser pronunciado pelo personagem principal. No rádio, a função caberá ao locutor. Quando se tratar de material impresso, o alerta deverá causar o mesmo impacto visual que as demais informações e, na internet, ele deverá ser exibido de forma permanente e visível, junto com a peça publicitária.

Para Jorge Ilha Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a resolução, que já provocou reações negativas dos representantes e porta-vozes da indústria, tem impacto positivo na redução da mortalidade cardiovascular no país.

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Ele acredita que a população tem o direito de saber que um alimento com muito sódio aumenta o risco de pressão alta e de doenças no coração; que o consumo de um alimento que contém gorduras trans e saturadas influencia diretamente no risco de infarto do miocárdio. “Nosso país não tem um bom modelo de prevenção das moléstias cardiovasculares. Essas doenças crescem em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, e muito pouco tem sido feito para mudar essa dramática situação”, lamenta.

Para a nutricionista Alice Carvalhaes, do Instituto Mineiro de Endocrinologia, é de extrema importância que os órgãos públicos assumam a postura de frear o consumo de alimentos nocivos à saúde. Na opinião da especialista, a nova resolução causará forte impacto na alimentação brasileira, porém, a longo prazo. “As pessoas têm dificuldades de aderir a mudanças que não causem benefícios imediatos. O fato de as doenças crônicas causadas pelos alimentos serem progressivas, lentas e assintomáticas as tornam algo longe da realidade. O brasileiro não está acostumado a se prevenir e, sim, a remediar. Hoje, fala-se muito de liberdade na mídia, mas, se é para ter liberdade, que todos saibam das vantagens e desvantagens dos alimentos e que possam optar entre consumir ou não.”

Vanessa Jacinto - Estado de Minas

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