4.13.2011

Missa de sétimo dia em memória de estudantes mortas

Mãe de Isabella Nardoni assiste missa de sétimo dia em memória de estudantes

Pai do menino João Roberto, Paulo Roberto Soares, e mãe de Joanna, Cristiane Marcenal, também estiveram presentes à Escola Tasso da Silveira

Rio - Na missa de sétimo dia em memória das crianças mortas na Escola Tasso da Silveira realizada na manhã desta quarta-feira, algumas pessoas que sofreram perdas dolorosas resolveram prestar solidariedade aos familiares da vítimas do massacre de Realengo. A mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina de Oliveira, o pai do menino João Roberto, Paulo Roberto Soares, e a mãe da menina Joanna, Cristiane Marcenal, foram dar apoio aos familiares e amigos das vítimas da tragédia.
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Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Missa de sétimo dia reúne milhares em Realengo. Ana Carolina de Oliveira esteve presente à cerimônia | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Missa de sétimo dia reúne milhares em Realengo | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
"Dói muito. Posso dizer isso com toda a propriedade do mundo. Não dá para esquecer. Mas é preciso aprender a conviver e ajudar outras pessoas. Vim para trazer uma força, um abraço. Dizer que estão em uma estrada muito difícil, mas que vão conseguir", emocionou-se o taxista Paulo Roberto, cujo filho foi morto por policiais dentro do carro da família.

Cristiane Marcenal, que perdeu a filha vítima de maus tratos, também falou sobre a superação necessária aos pais que perderam seus filhos. "É muito difícil conviver com a ausência de um filho. É uma dor que não cessa nunca e a saudade só aumenta. Mas elas (as mães) precisam ter coragem de seguir em frente pelas suas famílias e por suas próprias vidas", disse.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Dom Orani celebrou a missa de sétimo dia pelas crianças em Realego | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Helicópteros da Polícia Civil jogaram pétalas de rosa vermelha sobre a Escola Tasso da Silveira. Após a missa, os familiares e amigos vão se unir para dar um abraço no local da tragédia e homenagear as vítimas.
Em sua chegada à cerimônia, o segundo-sargento Márcio Alexandre Alves foi recebido com palmas pelas pessoas presentes. "Não percam a confiança na polícia jamais, seja ela qual for. É um pedido que faço a vocês", afirmou o policial. Alves ainda pediu para que as pessoas não abandonem a escola atingida pela tragédia.

A missa foi realizada nas depências da escola, em Realengo, na Zona Oeste. A homenagem contou com a participação do arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, além do governador Ségio Cabral e do Prefeito Eduardo Paes.

Cerca de 3 mil pessoas estiveram presentes na missa que ainda contou com um discurso emocionado feito pelo ator Milton Gonçalves. A Celebração Eucarística foi realizada na Rua General Bernardino de Matos, próximo ao local dos ataques. A decisão de transferir a Missa - anteriormente programada para o pátio do colégio - para um local público, levou em consideração o grande número de fiéis que demonstrou o desejo de participar deste momento de solidariedade e fé cristã, informou a Arquidiocese.
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O palco utilizado para a realização da missa começou a ser montado ainda na tarde de terça-feira em um dia muito movimentado na escola. Pais e alunos voltaram ao local para buscar o material deixado no dia dos ataques provocados por Wellington Menezes de Oliveira e também para uma reunião com a secretária municipal de Educação, Claudia Costin. As crianças também se reuniram para dar um abraço simbólico na escola.
Psicopata mata 12 estudantes em escola municipal

Manhã de 7 de abril de 2011. São 8h20 de mais um dia que parecia tranquilo na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste. Mas o psicopata que bate à porta da sala 4 do segundo andar está prestes a mudar a rotina de estudantes e professores, que festejam os 40 anos do colégio. Wellington Menezes de Oliveira, um ex-aluno de 24 anos, entra dizendo que vai dar palestra. Coloca a bolsa em cima da mesa da professora, saca dois revólveres e dá início a um massacre em escola sem precedentes na História do Brasil. Nos minutos seguintes, a atrocidade deixa 12 adolescentes mortos e 12 feridos.

Transtornado, o assassino atacou alunos de duas turmas do 8º ano (1.801 e 1.802), antiga 7ª série. As cenas de terror só terminam com a chegada de três policiais militares. No momento em que remuniciava dois revólveres pela terceira vez, o assassino é surpreendido por um sargento antes de chegar ao terceiro andar da escola. O tiro de fuzil na barriga obriga Wellington a parar. No fim da subida, ele pega uma de suas armas e atira contra a própria cabeça.

Na escola, a situação é de caos. Enquanto crianças correm — algumas se arrastam, feridas —, moradores chegam para prestar socorro. PMs vasculham o prédio, pois havia a informação da presença de outro atirador. São mais cinco minutos de pânico e apreensão. Em seguida, começa o desespero e o horror das famílias.

A notícia se alastra pelo bairro. Parentes correm para a escola em busca de notícias. O motorista de uma Kombi para em solidariedade. Ele parte rumo ao Hospital Albert Schweitzer, no mesmo bairro, com seis crianças na caçamba, quase todas com tiros na cabeça ou tórax.

Wellington, que arrasou com a vida de tantas famílias, era solitário. Segundo parentes, jamais teve amigos e passava os dias na Internet ou lendo livros sobre religião. Naquela mesma escola, entre 1999 e 2002, período em que lá estudou, foi alvo de ‘brincadeiras’ humilhantes de colegas, que chegaram a jogá-lo na lata de lixo do pátio.

A carta encontrada dentro da bolsa do assassino tenta explicar o inexplicável. Fala em pureza, mostra uma incrível raiva das mulheres — dez dos 12 mortos — e pede para ser enrolado num lençol branco que levou para o prédio do massacre. O menino que não falava com ninguém deixou seu recado marcado com sangue de inocentes estudantes de Realengo.
O Dia

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