7.04.2011

Cada criança tem o seu tempo

RIO - Boas notícias para os pais de crianças que demoram a falar as primeiras palavras: um estudo realizado na Austrália mostra que uma demorada iniciação na linguagem verbal tem pouca probabilidade de ter efeitos prolongados na saúde mental das crianças.
Os pesquisadores acompanharam crianças com essas características e descobriram que elas não tinham mais propensão a ser tímidas, depressivas ou agressivas que as outras. Isso significa que respeitar o tempo da criança pode ser muito bom, já que elas costumam se desenvolver em outras áreas, afirma a equipe de pesquisadores na revista "Pediatrics".
- Esses dados são reconfortantes - disse Julia Irwin, que estuda desenvolvimento da linguagem no Haskins Laboratories, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos em New Haven, Connecticut. - Mas os pais precisarão prestar atenção a outros sintomas que indiquem distúrbios psicossociais ou problemas de fala e leitura.
Por e-mail, Julia disse à Reuters que crianças que demoram para falar geralmente têm problemas para falar e ler mais tarde, o que pode influenciar o rendimento na escola.
Na nova pesquisa, liderada por Andrew Whitehouse, da University of Western Australia, em Perth, os cientistas reuniram dados de mais de 1.400 crianças de dois anos de idade, cujos pais preencheram uma pesquisa sobre desenvolvimento da linguagem perguntando sobre as palavras que seus filhos usariam espontaneamente. Uma criança de dois anos geralmente diz poucas centenas de palavras. Cerca de uma em cada dez crianças de dois anos de idade no estudo começou a falar tarde.
Essas crianças pareciam ter mais problemas psicológicos, de acordo com as questões respondidas pelos pais sobre comportamento. Por exemplo, 13% delas eram muito introspectivas, sendo tímidas, tristes ou pouco agitadas, comparadas com 8% dos que apresentavam as mesmas características entre os pequenos que falavam mais cedo.
Mas a diferença desaparecia aos cinco anos, quando os pais eram entrevistados de novo. E não voltava a se manifestar durante todo o período em que os voluntários foram acompanhados, até os 17 anos.
- Esperar o tempo da criança pode ser bom aos dois anos, mas os dois anos e meio ou três seriam as idades a partir das quais os pais devem começar a tratar a demora para a falar - disse o psicólogo Gail Ross, que não participou do estudo.
O Globo

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