7.01.2011

Justiça de Nova York libertou nesta sexta-feira o ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn,

Dominique Strauss-Kahn deixa o tribunal com a mulher, Anne Sinclair - Reuters
PARIS e NOVA YORK - Após uma reviravolta no processo, a Justiça de Nova York libertou nesta sexta-feira o ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn, que estava sob prisão domiciliar desde o fim de maio. A fiança de US$ 6 milhões paga pelo político e economista francês foi suspensa e o valor será restituído, mas ele não poderá deixar os EUA até o caso ser encerrado. A decisão foi anunciada em uma audiência judicial um dia após o jornal "New York Times" revelar que a Justiça americana desconfia da camareira que acusa Strauss-Kahn de agressão sexual. Seu advogado negou que ela tenha caído em contradição, mas, em comunicado, vítima confessou ter mentido diante de tribunal.
- Entendo que as circunstâncias deste caso mudaram substancialmente e estou de acordo que o risco de que ele não se apresente diminuiu bastante. Libero o senhor Strauss-Kahn sob sua palavra - disse na corte o juiz Michael Obus.
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Embora o processo não tenha sido extinto, a defesa de Strauss-Kahn vai pedir a desconsideração de todas as acusações apresentadas contra seu cliente. Já o avogado de Nafissatou Diallo - a camareira da Guiné que acusao francês - criticou a Justiça.
- A vítima pode ter cometido alguns erros, mas isso não significa que ela não é uma vítima de estupro - afirmou Kenneth Thompson ao deixar o tribunal. - Ela nunca mudou nem uma única coisa sobre o relato. O promotor do distrito sabe disso. Foi verdade no dia em que aconteceu. É verdade hoje.
A camareira, no entanto, admitiu em comunicado nesta sexta-feira ter mentido diante do tribunal em Nova York. Na versão inicial, a vítima disse que denunciou o abuso imediatamente após o acontecido. Na nova versão, ela admite que chegou a limpar uma suíte depois que deixou o quarto de DSK e só então foi denunciar o ex-diretor-gerente do FMI.
Socialistas franceses voltam a pensar em candidatura de DSKA mudança repentina no caso foi comemorada pelos socialistas aliados de DSK - como ele é conhecido na França -, que voltaram a ver a possibilidade de tê-lo como candidato nas eleições presidenciais de 2012. Mas o processo contra ele não será extinto e o governo vai reter seus documentos, o que impedirá que retorne agora para seu país.
A mudança de posição do ex-chefe do FMI, que pode passar de réu a vítima, já provoca especulações sobre as primárias do Partido Socialista. O prazo para a indicação de candidaturas termina no próximo dia 13, o que poderia dar ao político e economista francês tempo hábil para estar de volta ao país, caso seja de fato posto em liberdade.
Embora ele não tenha declarado abertamente sua intenção de disputar a Presidência, pesquisas de opinião realizadas antes do escândalo envolvendo a camareira em um hotel de Nova York mostravam Strauss-Kahn no topo, à frente do presidente Nicolas Sarkozy, que deve buscar a reeleição. A socialista Michele Sabban disse que as novidades nos EUA devem alterar o calendário do partido, que previa escolher seu candidato em outubro.
- Se Dominique Strauss-Kahn for solto, eu peço ao Partido Socialista para suspender o processo das primárias - disse Michele, antes da confirmação da libertação.
A presidente do partido, Martine Aubry, que anunciou sua pré-candidatura esta semana, disse ter recebido as informações sobre DSK com "imensa alegria".
- Eu espero que o sistema de justiça americano estabeleça toda a verdade e permita que Dominique saia deste pesadelo - afirmou Aubry, que, segundo rumores, poderia estar discutindo uma candidatura conjunta com Strauss-Kahn.
Popularidade do ex-diretor-gerente do FMI caiu após escândaloPara o deputado socialista Jean-Marie Le Guen, o cenário político muda com esse evento.
- Nós precisamos de Dominique Strauss-Kahn, nosso país precisa - afirmou Le Guen, um dos colaboradores políticos mais próximos de DSK.
Analistas prevêem, porém, que a imagem do ex-chefe do FMI ainda pode ficar manchada por um longo período, o que impediria sua candidatura.
Dias depois de sua prisão, uma pesquisa mostrou que a maioria dos franceses acreditava que DSK era vítima de um complô. Ainda assim, sua popularidade caiu 10 pontos desde maio, chegando a 27% numa sondagem do instituto Ipsos feita em 17 e 18 de junho.

O Globo

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