11.02.2011

Relacionamento


Se a vida é uma escola , o relacionamento é a sua universidade. E é por meio dos relacionamentos , principalmente do relacionamento com o parceiro , que mais se pode aprender e crescer. Nascemos mulher e homem , e um anseia pelo outro , pois precisamos um do outro ; precisamos unir-nos ao “outro” física , emocional e espiritualmente. Este anseio está incorporado ao código genético , e a busca do parceiro da vida ocupa uma posição central na vida humana.
Mas quantas vezes se vê um casal cujo relacionamento , depois de anos de convívio , continua cheio de vida ? Quando se pode sentir harmonia e deleite ? Quando a comunicação é ao mesmo tempo profunda e solta ? Quando se percebe que cada um aceitou totalmente o outro , rendendo-se à força divina do Amor ? Quando as diferenças são encaradas como desafios para entender o outro mais profundamente , na certeza de que todos os problemas podem ser solucionados ? Quase nunca.
Com base nas estatísticas , poder-se-ia concluir que , para muitos , a vida em comum é uma carga insuportável , e não o estado harmonioso que as pessoas esperam viver ao se casarem. E mesmo quando duas pessoas ficam juntas e continuam a se amar , há momentos em que se sentem frustradas , brigam ou se distanciam. Será possível superar essas dificuldades , cicatrizar as feridas ?
A abordagem deste texto é muito diferente de outras obras sobre relacionamento. Este texto insere o conflito de casais no vasto contexto das forças cósmicas , iluminando-o a partir da elevada perspectiva de alguém que transcende a dualidade dos dois sexos. Desse ponto de vista privilegiado , ele também vê o interior de nosso coração e de nossa alma , em que há uma divisão interior. Ele mapeia a estrada que leva à auto-unificação e , dessa forma , à união feliz com outro ser humano. Seus ensinamentos são verdadeiramente singulares tanto no alcance como na praticidade.
A história dos relacionamentos de qualquer pessoa revela o seu panorama interior. A partir dessa história , podemos deduzir quais são as opiniões dela sobre a vida , o sexo oposto , o amor e a sexualidade em geral , o casamento e assim por diante. Se você aprender a olhar para si mesmo com honestidade e um certo distanciamento , conservando porém um vivo interesse , ficará surpreso com o que descobrir : você é o co-criador do estado atual do seu relacionamento – ou de sua ausência. As coisas não aconteceram de fora para dentro. Você não é uma vítima.
As pessoas gostam de acreditar que todo problema de relacionamento é provocado por circunstâncias externas ou pelo parceiro. Se o outro mudasse , como a vida seria perfeita ! Esta , porém , é a maior de todas as falácias. Mesmo supondo que você seja um anjo e seu marido , mulher ou companheiro seja um demônio , não é você responsável pela escolha do parceiro e pela decisão de continuar do lado dele ? Mas não estamos supondo que você seja um anjo. Nós – você e eu – sabemos que há realmente uma luz angelical no nosso íntimo , que podemos chamar de Eu Superior : um núcleo amoroso , solícito , altruísta e criativo. Mas também sabemos que existe uma camada menos atraente em volta desse núcleo divino : o eu inferior , egoísta , vingativo e desconfiado , responsável pelas muitas dores que sofremos ou que causamos aos outros , principalmente aos que nos são mais próximos. Sem conhecer esta camada , sem descobrir de que modo começou a existir , sem assumi-la , não poderemos transformá-la. Por maior que seja nosso empenho em fingir que essa camada feia não existe , por mais que tentemos ocultá-la , repudiá-la ou afastá-la por meio da meditação , ela não se dissolverá enquanto não a encararmos diretamente e começarmos a transformá-la conscientemente.
Na maioria das vezes , nem mesmo estamos cientes da existência desse eu inferior. Deveríamos ficar atentos. Não basta desenterrar a história de nossa infância e associar o relacionamento atual às primeiras experiências com o pai ou com a mãe , embora estas sejam muito significativas e forneçam muitas pistas. Também é preciso descobrir , no quadro de nossa alma , o eu inferior e seus efeitos. Sem olhar de frente o que menos nos agrada a nosso próprio respeito , não podemos entender por que não temos um relacionamento funcional e muito menos por que não conseguimos fazer uma mudança significativa.
Muitos problemas da área do relacionamento são provocados pelos sentimentos e pelos pensamentos ocultos no inconsciente. Esses pensamentos e sentimentos não-investigados têm uma lógica peculiar , errônea e infantil. Provocam conflitos na alma. Com a alma em guerra , como você poderia ter um relacionamento saudável com alguém ? Os sentimentos e pensamentos contraditórios e não-resolvidos no eu precisam , em primeiro lugar , ser trazidos à luz. Mas como se faz para reconhecer os conflitos interiores e resolvê-los ?
As respostas estão no núcleo divino interior.
Quais são suas opiniões inconscientes sobre os homens ou sobre as mulheres ? Quais são os seus sentimentos inconscientes sobre o amor e o casamento ? Com a devida orientação , é possível descobrir. Quando o inconsciente se torna consciente , talvez você descubra pensamentos como estes :
“Se eu amar , serei ferido.”
“Se demonstrar meus sentimentos , serei rejeitado.”
“Casamento é escravidão.”
“A felicidade não é para mim.”
Essas “imagens” e outras semelhantes podem vir à tona. Você não saberá quais são as suas convicções pessoais ocultas enquanto não as fizer aflorar , com um inesperado sentimento de alívio. Pois os sentimentos inconscientes ou semiconscientes são como as profecias que se cumprem a si mesmas : você receberá aquilo em que acredita. Quem sabe o que espreita no inconsciente ? Se seus relacionamentos passados obedeceram a padrões definidos , muitas vezes improdutivos ou até destrutivos , fixe para si a meta de averiguar por que eles vieram a existir e como você pode acabar com a compulsão de recriá-los.
Para ser capaz de examinar o que você , lá no fundo , realmente acredita sobre a possibilidade de encontrar o seu parceiro de vida ou de aprimorar seu relacionamento atual , é preciso aprender muita coisa sobre si mesmo , em todos os níveis do seu ser.
Vamos tentar proporcionar instruções muito práticas para a descoberta de si mesmo e para o trabalho de autotransformação – com ou sem a cooperação do parceiro. Ele nos ensina a sair de onde estamos para chegar onde queremos estar. O que ele nos apresenta não são exercícios superficiais , e sim métodos que implicam a disposição de abrir os olhos , de se olhar de frente com sinceridade e sem sentimentalismo , de trilhar o caminho espiritual. Esse compromisso proporciona grandes recompensas : desenvolvimento espiritual e psicológico , autenticidade , alegria. E delas decorre a capacidade de criar um relacionamento com um parceiro igualmente preparado para se relacionar , se revelar e retribuir.
Talvez você já tenha tentado colocar o outro em primeiro lugar , amá-lo incondicionalmente , ser paciente , nunca fazer ameaças , permanecer sempre calmo e amável. Essas nobres resoluções não duram muito quando são superpostas a camadas de conflitos não-resolvidos , não apenas com o parceiro , mas também no seu íntimo. Não há como sair pela tangente : a transcendência é impossível sem a transformação.
É por isso que quem deseja fazer mudanças na vida conjugal , encontrar a pessoa certa ou aprimorar de fato o relacionamento , precisa identificar a raiz dos problemas. Quando você se conhece e se aceita tal como é , incluindo o eu inferior , constrói com bases sólidas.
Este texto não dá conselhos superficiais , não diz para você sorrir para o seu parceiro quando você está fervendo de raiva ; tampouco lhe diz para destilar essa raiva de forma prejudicial e destrutiva. Ao contrário , ele mostra para você atentar para todos os seus sentimentos sem descarregá-los na direção errada. Ele proporciona esclarecimentos espantosos sobre a natureza das forças feminina e masculina do Universo , sobre o significado espiritual desse aspecto específico da sua existência dualista : o relacionamento. Você poderá empreender com segurança a jornada pela selva do território interior , pois será guiado na travessia das sarças e matas até o Eu Divino que existe no seu íntimo , e do qual emanarão , com a maior naturalidade e simplicidade , todas as respostas que dizem respeito especificamente a você. Você ficará sabendo que tem o poder de criar um relacionamento positivo , funcional e venturoso.
“E os dois serão um” – essas palavras , tantas vezes ouvidas na cerimônia nupcial , referem-se a muito mais do que ao início da vida em comum de duas pessoas. Trata-se de uma afirmação cósmica. “Dois” – a Dualidade – é a condição básica da nossa existência na Terra , e “Um” é o estado de Unidade do qual nos distanciamos e para o qual ansiamos por voltar.
Como o estado de Dualidade é uma cisão da Unidade – a união do paraíso - , ele contém a dor. Ansiamos por voltar ao estado perdido de total felicidade. A transformação daquilo que , dentro de nós , é a causa da separação , da nossa incapacidade de ter um bom relacionamento e permitir que o Amor flua sem entraves , é a meta do trabalho do caminho do relacionamento.
Toda vida espiritual mostra o caminho que vai da auto-separação até a autodescoberta e , portanto , à descoberta do Criador. As idéias deste artigo seguem tradições esotéricas , que , no entanto , são modernas em virtude de aguda percepção da psicologia humana. A Unidade contém tudo e , portanto , também os princípios divinos fundamentais da nossa dualidade terrena : as energias masculinas e femininas , das quais nós , homens e mulheres , somos a manifestação em carne e osso.
Dessa perspectiva maior , o esforço que fazemos para encontrar um parceiro no que diz respeito à afetividade , para manter vivo o Amor e intensificá-lo continuamente , reveste-se de nova profundidade e dignidade. Pois , nesse empreendimento , a tarefa não se resume em superar o medo de deixar de lado a separação e reivindicar uma vida mais produtiva e mais feliz ; também participamos da criação de um grande movimento cósmico , que é a evolução ulterior do Universo. Nossa ânsia por uma união mais profunda no Amor com o outro é irresistivelmente poderosa graças à sua importância cósmica. Aqui , vemos a ligação entre nossa vida individual e temporal e a realidade maior do que nos engloba.
Saber como funciona os princípios masculino e feminino no Universo representará um enorme enriquecimento da compreensão da importância do anseio pessoal por uma união mais profunda no Amor com o outro. Embarque nesse vôo de imaginação rumo a um novo espaço ; seja um viajante cósmico , e volte com novos esclarecimentos e com renovada esperança.
“O que é a vida ?” – A vida é relacionamento , meus amigos. Há outras respostas possíveis , e todas elas podem ser verdadeiras. Mas , acima de tudo , a vida é relacionamento. Quem não se relaciona de forma nenhuma não vive. A vida , ou os relacionamentos de alguém , dependem da sua atitude. É possível relacionar-se , essa pessoa vive. É por isso que a pessoa que se relaciona está mais viva do que aquela que se relaciona pouco. Os relacionamentos destrutivos levam a um clímax que , em última análise , está destinado a dissolver a destrutividade. Mas o não-relacionamento , que , em geral , se disfarça como falsa serenidade , situa-se num nível inferior da escala.
Toda aflição da psique impede o relacionamento. A relação proveitosa só pode existir na medida em que a alma é saudável e livre. Mas , primeiro , é preciso entender mais profundamente o que é relacionamento.


SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!

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