9.09.2015

Ex-presidente Lula defende os gastos com programas sociais que, segundo ele, não podem ser deixados de lado no Orçamento

'O pobre ajudou a salvar o Brasil. E hoje é a solução', diz Lula

O Dia
Paraguai - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem as despesas do governo em programas sociais. A declaração de Lula foi dada no mesmo dia em que o governo admitiu cortes em programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida.

No Paraguai, Lula se reuniu com presidente Horácio Cartes e disse que é o momento de acreditar nos pobres
Foto: Efe

Em visita ao Paraguai, Lula disse que os mais pobres “salvaram” a economia brasileira no passado. E que os gastos com programas sociais não devem ser deixados de lado no Orçamento da União. O ex-presidente usou como exemplo a decisão de criar o Fome Zero, em 2003, assim que assumiu a Presidência.
“Era um momento em que a economia brasileira não estava bem, um momento muito difícil, que qualquer ministro da Fazenda, de qualquer país do mundo, iria dizer que não poderia fazer o programa porque não tinha dinheiro. Eu então resolvi que era exatamente naquele instante que nós tínhamos que dar o exemplo da inclusão dos mais pobres no orçamento da União”, afirmou Lula.
Sempre a desculpa era que faltava dinheiro. Toda desculpa é que não tem dinheiro. E eu resolvi provar que era possível a gente mudar isso”, disse.
Segundo Lula, o crescimento da economia durante seu mandato (2003-2010) foi fruto de políticas de incentivo ao consumo pela camada mais carente da população.
“O pobre ajudou a salvar o Brasil. Eu sempre digo que, antes de eu chegar à Presidência, os pobres eram tratados como se fossem problema. E hoje eu digo que é a solução”, afirmou o ex-presidente.
Lula argumentou ainda que os países que passaram por contenções de gastos “muito fortes” acabaram ficando “mais pobres do que estavam antes do ajuste”.
“Eu, portanto, acho, que nós estamos em um momento muito importante de voltar a acreditar nos pobres outra vez”, defendeu Lula. Ele reconheceu, no entanto, que essas políticas enfrentam resistência de parte da sociedade e dentro do próprio governo.
Cortes atingem Minha Casa Minha Vida
Uma das principais bandeiras do governo federal, o programa Minha Casa Minha Vida deverá ser afetado pelos cortes na proposta orçamentária da União entregue ao Congresso, na semana passada, com um déficit primário inédito de R$ 30,5 bilhões.
Segundo o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, serão “absolutamente preservados” dos cortes no Orçamento de 2016, mas aqueles “com investimentos físicos”, de educação, saúde e habitação, terão que passar por um “alinhamento” com a atual proposta orçamentária.
“Ainda tem mais de 1,4 milhão de casas para serem entregues da fase 2 do Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, é um programa de grande impacto social, grande impacto orçamentário. A fase 3, certamente, vai dar continuidade a isso. Evidentemente, ajustada à disponibilidade orçamentária”, afirmou ontem Berzoini, depois de reunião da presidenta Dilma Rousseff com a coordenação política do governo para discutir saídas para o déficit orçamentário.

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