O grupo Globo, comandado por João Roberto Marinho, demonstra,
nesta quarta-feira, ainda não ter certeza de ter encontrado sua bala de
prata contra o ex-presidente Lula, contra quem move uma guerra que já
arruinou a economia brasileira; nesta quarta-feira, o jornal publica o
editorial chamado A importância de uma delação de Eike Batista, em que
praticamente propõe, em nome do Poder Judiciário, que Eike Batista faça
uma delação premiada contra o ex-presidente Lula; segundo o jornal, "uma
desejável delação de Eike deverá levantar um aspecto deste capitalismo
de estado e de compadrio que o lulopetismo ajudou a enraizar no Brasil";
o único problema é que a fraude de Eike se deu pelo mercado de capitais
e ele só procurou cofres federais, quando sua bolha financeira estava
prestes a estourar
247 – Responsável pela denúncia do
chamado triplex do Guarujá (SP), a Globo, maior monopólio de comunicação
do mundo, transformou a destruição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em sua razão de existir.
Essa guerra, que já dura mais de três anos, contribuiu
decisivamente para a quebra das construtoras brasileiras e para a maior
recessão da história do País.
No entanto, a Globo para não estar convencida de ter encontrado sua bala de prata contra Lula.
Por isso mesmo, em editorial publicado nesta quarta-feira,
a Globo praticamente fala em nome do Poder Judiciário e oferece a chave
da liberdade ao empresário Eike Batista: uma delação premiada contra
Lula.
O problema é que Eike, antes de tentar ser um símbolo do
capitalismo de compadrio que a Globo condena, foi o protagonista de uma
das maiores fraudes privadas de todos os tempos. Com o aval de bancos de
investimento e de grupos de comunicação, incluindo a Globo, Eike
levantou bilhões no mercado de ações, iludindo milhares de investidores.
Foi só quando percebeu que seus negócios poderiam ruir que
ele tentou se socorrer no Estado. Eike, no entanto, sempre afirmou ser
persona no grata na Petrobras – o que é mérito do corpo técnico da
estatal. E quando obteve recursos no FI-FGTS, quem mandava ali dentro
era o PMDB de Eduardo Cunha e Michel Temer, a quem a Globo se aliou para
promover o golpe parlamentar de 2016.
Abaixo, o editorial em que a Globo estabelece suas condições para a liberdade de Eike:
A importância de uma delação de Eike Batista
O empresário poderá esclarecer o toma lá dá cá em
Brasília e no Rio, ajudando a compor o mais detalhado mapa da corrupção
em negócios com o Estado brasileiro
O instrumento da colaboração premiada tem sido chave para o
êxito da Lava-Jato e de outras investigações menos conhecidas, feitas
no universo do crime de colarinho branco. Repete o que aconteceu no
exterior, por este tipo de delação, na repressão a organizações
criminosas. Como a do petrolão.
Lançada em março de 2014, a Lava-Jato só decolou e avançou
devido a delações estratégicas: a primeira delas, a do próprio doleiro
Alberto Youssef, marco zero das investigações; veio em seguida a de
Paulo Roberto Costa, primeira pessoa do esquema do petrolão, enraizado
na diretoria da Petrobras, a trocar informações por redução de penas; e
assim transcorreu até se chegar ao maior e mais importante acordo feito
até agora na Lava-Jato — entre acionistas e diretores da Odebrecht, 77
pessoas e 800 depoimentos.
O empresário Eike Batista só agora entra para valer em
toda esta história, mas reúne características que podem elevar bastante
sua possível delação premiada no ranking de importância dos depoimentos
feitos desde 2014, quando começou a Lava-Jato, de que a Operação
Eficiência, em cujas malhas caiu Eike, é ramificação.
Eike Batista sonhou alto — chegou a ser o sétimo homem
mais rico do mundo, ao vender projetos inflados de expectativas que ele
criava, mas que não eram tudo aquilo que acenava — e poderá relatar as
cumplicidades não apenas no plano federal, mas também no estadual.
Ao circular entre Rio e Brasília nos governos Lula e
Dilma, Eike foi incluído na lista dos “campeões nacionais”, com livre
acesso ao BNDES, a ferramenta financeira usada no projeto lulopetista de
um capitalismo de estado para empresários companheiros. Na tentativa
infrutífera de se livrar de uma prisão que devia pressentir, Eike se
apresentou voluntariamente à Lava-Jato, para relatar a cobrança de R$ 5
milhões feita pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a
campanha eleitoral de Dilma. Sem que surpreenda, o dinheiro foi entregue
aos marqueteiros do lulopetismo, João Santana e Mônica Moura.
Informação interessante, mas que não livrou Eike de Bangu 9.
No plano estadual, o empresário terá de explicar a
mirabolante transferência de US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral,
ex-governador fluminense. Eike, pelo que disse no aeroporto de Nova York
e no avião de volta, ao GLOBO, deve explorar a linha de defesa de que
políticos o achacaram. Pode ser, porém não o inocenta de crimes.
Uma desejável delação de Eike deverá levantar um aspecto
deste capitalismo de estado e de compadrio que o lulopetismo ajudou a
enraizar no Brasil: grandes investidores não conseguiam contornar o
pagamento de pedágios para tocar seus projetos. Isso não os torna
vítimas, até porque são agentes ativos da corrupção.
Uma bem-vinda colaboração de Eike Batista ajudará a compor
talvez o mapa mais detalhado da cultura da corrupção, em altas e médias
esferas, numa das dez maiores economias do mundo. Servirá de agenda de
trabalho para a sociedade pressionar pela criação de barreiras
institucionais contra esta perigosa degradação nos negócios públicos,
que envenena o universo político e a gestão do Estado.
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