8.25.2008

Enfisema pulmonar

‘Novo pulmão’ contra enfisema

Tratamento implanta válvulas para reduzir a falta de ar de quem tem a doença em estágio avançado

Rio - Pacientes que sofrem de enfisema pulmonar já têm esperança de conseguir retormar atividades simples deixadas de lado por causa da doença, como fazer caminhadas, nadar, tomar banho e trocar de roupa sem se cansar. O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão) realiza estudo sobre uma forma alternativa de tratamento que propõe a implantação de válvulas com a função de desinflar o pulmão do paciente, já que um dos sintomas é a dificuldade de expirar.

Os dispositivos são colocados durante broncoscopia de cerca de duas horas de duração. Medindo menos de um centímetro cada, eles reduzem a falta de ar do paciente. Única unidade do Rio autorizada a realizar o procedimento, o Fundão está recrutando pacientes com enfisema (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) em estágio avançado para participar da pesquisa que envolve 35 países. Interessados devem ligar para 2562-2194 e 3105-0064.

“Apesar de os estudos estarem no início, estamos otimistas. A expectativa é melhorar a qualidade de vida dos doentes”, diz Marina Lima, pneumologista coordenadora da pesquisa. O médico pode implantar até seis válvulas no pulmão. Feitas de aço inoxidável, têm formato semelhante ao de um guarda-chuva. O paciente recebe anestesia geral e é liberado cerca de 8 horas após a broncoscopia.

Atualmente, há sete pacientes no projeto. Marina explica que, como o estudo é recente, o interessado precisa atender a 45 pré-requisitos, entre eles ter mais de 35 anos, ser alfabetizado, ter a doença em estágio avançado, usar medicamentos inalatórios e não fumar há pelo menos dois meses.

Durante a pesquisa, os pacientes serão divididos em dois grupos. O primeiro receberá a válvula e o outro, não, embora também vá fazer a broncoscopia. Marina explica que nem mesmo os pacientes e pesquisadores saberão a que grupo pertencem — apenas o médico.
O método serve para fazer estudo comparativo neutro entre pessoas com e sem o aparelho. Os pacientes serão acompanhados por cinco anos e aqueles que não receberam as válvulas irão colocá-las após um ano.

NOVA VIAGEM

O aposentado Sebastião Francelino Sobrinho, 67 anos, foi o primeiro a se inscrever na pesquisa. Ele descobriu que estava com enfisema pulmonar em 1994, mas sofre com os sintomas há 20 anos. Ele completou oito anos sem fumar dia 20 e já planeja o que vai fazer com o “novo” pulmão: “Vou querer passear e aproveitar minha aposentadoria. Quero viajar de avião e visitar o Pão de Açúcar. Também vou namorar bastante a minha esposa.”

O projeto começou em 2007, na Califórnia, EUA. No Brasil, a Santa Casa de Porto Alegre e a Escola Paulista também fazem a pesquisa.

Doença atinge mais homens

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma patologia progressiva e irreversível, que atinge cerca de 5,5 milhões de brasileiros. De acordo com dados do Datasus, quatro brasileiros morrem a cada hora vítimas do mal. No País, a doença afeta 18% dos homens e 14% das mulheres acima de 40 anos.

A principal causa da doença é o tabagismo, mas ela também pode surgir devido a fumaça de lenha e poluição. Entre os sintomas estão falta de ar, cansaço, tosse e pigarro. A espirometria é capaz de diagnosticar a gravidade da doença e o resultado sai na hora.

A colocação de válvulas não traz a cura da doença, mas permite que o paciente tenha mais qualidade de vida sem precisar, por exemplo, recorrer à máquina de oxigênio várias vezes ao dia. Ainda não foi comprovado se o procedimento é capaz de substituir o transplante de pulmão.

Desde que começaram as pesquisas, 15 pessoas já receberam as válvulas, todas em Porto Alegre.

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