Nasce o primeiro clone humano, diz movimento raeliano
da France Presse, em Miami (EUA)
O primeiro clone humano nasceu ontem, afirmou a química francesa e integrante da seita raeliana Brigitte Boisselier.
Segundo Boisselier, 46, presidente do laboratório Clonaid, uma menina chamada Eve teria nascido de cesárea com 3,1 quilos às 14h55 (horário de Brasília) do dia 26, e suas condições são estáveis. Em novembro, ela disse que uma criança clonada nasceria nos Estados Unidos como cópia genética de sua mãe.
Marc Serato/Reuters
A química Brigitte Boisselier, diretora da Clonaid
Os esforços dos raelianos para clonar um ser humano foram realizados em completo segredo, o que não permite confirmar a veracidade da informação divulgada por Boisselier.
Segundo a química, o jornalista Michael Guillen será encarregado de conduzir testes com amostras de tecido do bebê e da mulher clonada para confirmar o feito. Os resultados estariam disponíveis em oito ou nove dias.
Os raelianos, que garantem ter 55 mil seguidores em todo o mundo, acreditam que o homem foi introduzido na Terra por seres extraterrestres há 25 mil anos.
O movimento, criado pelo ex-jornalista francês Claude Vorilhon, autodenominado Rael, afirma que a clonagem permitirá ao ser humano obter a vida eterna.
Em novembro, o médico italiano Severino Antinori anunciou em Roma que o primeiro clone humano nasceria no início de 2003.
Discussão
O anúncio provocou ceticismo e indignação na comunidade médica e científica.
O especialista de reprodução Jacques Montaigut, membro do Comitê Nacional Francês de Ética, mostrou-se "indignado" com esse "anúncio duvidoso" e por esta "corrida fantástica em direção à imortalidade, aos bancos de órgãos e aos negócios".
"Precisamos proibir a clonagem reprodutiva em todo o mundo. É uma questão que envolve os direitos humanos", afirmou Montaigut, citando os "riscos inadmissíveis para o bebê".
Os cientistas advertem os perigos observados na clonagem de animais: anomalias no coração, nos pulmões, no sistema imunológico e no fígado, além de obesidade, alto índice de mortalidade antes ou imediatamente depois do nascimento, câncer e envelhecimento precoce.
A clonagem humana é proibida em cerca de 30 países, mas alguns Estados admitem sua utilização para fins terapêuticos, não reprodutivos.
Anúncio de nascimento de clone causa ceticismo entre cientistas
da France Presse, em Paris
O anúncio do nascimento do primeiro bebê clonado, feito pela química Brigitte Boisselier, 46, provocou ceticismo e indignação na comunidade médica e científica.
Os cientistas desafiam Boisselier a provar a clonagem reproduzindo o código genético do bebê e o do adulto original. Ela promete a prova em oito ou nove dias.
Eles advertem sobre os perigos observados na clonagem de animais: anomalias no coração, nos pulmões, no sistema imunológico e no fígado, além de obesidade, alto índice de mortalidade antes ou imediatamente depois do nascimento, câncer e envelhecimento precoce.
O especialista de reprodução Jacques Montaigut, membro do Comitê Nacional Francês de Ética, mostrou-se "indignado" com esse "anúncio duvidoso" e por esta "corrida fantástica em direção à imortalidade, aos bancos de órgãos e aos negócios".
"Precisamos proibir a clonagem reprodutiva em todo o mundo. É uma questão que envolve os direitos humanos", afirmou Montaigut, citando os "riscos inadmissíveis para o bebê".
"Estamos presenciando uma situação absurda e escandalosa", disse o especialista francês em genética Axel Kahn. Os especialista alertam para a dificuldade da técnica. Hoje, as chances de sucesso ainda são muito pequenas. Segundo o professor Kahn, nos animais apenas 1% das experiências de clonagem são bem-sucedidas.
"Até nós, que parecemos normais quando nascemos, desenvolvemos problemas mais tarde", afirmou um veterinário norte-americano Jon Hill, especialista em clonagem bovina.
Até o ginecologista italiano Severino Antinori, que anunciou para janeiro de 2003 o nascimento de um bebê clonado, não acreditou no nascimento. "Um anúncio deste tipo não é corroborado por uma base científica, corre o risco de criar confusão", disse para a agência de notícias Ansa.
Ontem, Boisselier, integrante do movimento raeliano e presidente da empresa Clonaid, disse ter trazido ao mundo o primeiro bebê clonado, uma menina, que nasceu em uma cesariana. Os raelianos acreditam que a clonagem é uma forma de alcançar a imortalidade.
Saiba quem são os raelianos
da Folha Online
O movimento raeliano foi fundado em 1975 pelo ex-jornalista esportivo francês Claude Vorilhon, autodenominado Rael.
Ele afirma ter sido abduzido por extraterrestres na década de 70 e, após a experiência, teria se transformado em um messias. As criaturas, nomeadas por ele de "elohim" (palavra hebraica que significa Deus), seriam os criadores de todas as formas de vida existentes no planeta.
Os elohim confiaram a Rael a missão de construir uma "embaixada" na Terra para recebê-los. Para isso, ele fundou uma "religião ateísta", com um conselho científico, sacerdotes e adeptos.
Rael prega que a humanidade pode atingir a imortalidade por meio da clonagem. Também professa a "meditação sensual", que "permite aos praticantes alcançar o orgasmo cósmico", a hierarquia entre as raças humanas e a "eugenia", ou melhoramento pela manipulação genética.
Para o sociólogo francês Frédéric Lenoir, o movimento "não se trata de uma seita mortal, porque seu objetivo não é a destruição da pessoa, mas é perigosa por sua ideologia, principalmente por causa da eliminação, pelas manipulações genéticas, das raças consideradas inferiores".
O movimento raeliano afirma ter 55 mil membros espalhados em 84 países, inclusive no Brasil. A maioria está no Canadá, nos Estados Unidos, na Suíça e na França.
Os raelianos lançaram, em 1997, a empresa Clonaid, nas Bahamas, para oferecer o serviço de clonagem a quem puder pagar US$ 200 mil. A empresa afirma ter independência financeira em relação ao movimento.
A Clonaid é dirigida pela química Brigitte Boisselier, 46. Na época do lançamento da empresa, ela disse que utilizaria a mesma técnica (fusão de célula adulta com óvulo desnucleado) empregada para criar a ovelha Dolly.
Segundo Rael, se a Clonaid foi mais rápida que suas concorrentes, "isto se deve a centenas de mulheres raelianas que se apresentaram como voluntárias para serem mães de aluguel".
Atualmente, mil pessoas teriam pedido à empresa para serem clonadas, embora a Clonaid assegure que reserva suas técnicas para casais estéreis, homossexuais ou para doentes terminais.
Geneticista francês acha improvável o nascimento do clone humano
da France Presse, em Paris (França)
O geneticista Axel Kahn afirmou hoje, depois do anúncio da seita raeliana sobre o nascimento de um bebê clonado, que não existe "rigorosamente nenhuma prova" do feito e que "enquanto não for apresentada, trata-se de pura propaganda".
Entrevistado pela rádio privada Europa 1, Kahn avaliou "que é necessário que cientistas façam o mapa genético do bebê clonado e o mapa genético da pessoa de quem ele seria clone para provar que são idênticos".
Kahn afirmou que a técnica "até agora não funciona nem com os macacos" nem nos humanos. "Seriam os raelianos os primeiros a fazê-la funcionar? Não há nenhuma razão para acreditar nisso", acrescentou.
Ontem, a química francesa e membro da seita dos raelianos, Brigitte Boisselier, 46, disse ter trazido ao mundo o primeiro bebê clonado. Os esforços dos raelianos na experiência têm sido realizados em completo segredo, motivo pelo qual não foi possível confirmar com fonte independente a informação.
Questionada sobre as circunstâncias do nascimento, Boisselier, presidente do projeto de clonagem humana Clonaid, negou-se a dar mais detalhes, especialmente sobre o local do nascimento.
Folha de São Paulo
Um comentário:
A primeira vez que mencionaram sobre um clone humano foi em 2002. Uma menina chamada Eve nasceu. A menina, segundo os cientistas é um clone da mãe dela.
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