12.10.2010

Estudo mostra que é comum plantas causarem doenças de pele

Fitodermatoses podem ser provocadas, por exemplo, pela ação conjunta da planta com o sol.
 As doenças de pele causadas por plantas são relativamente comuns e possuem diversas causas. No estudo, “Dermatoses provocadas por plantas”, o médico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Vitor Manoel Silva dos Reis, explica que existem dermatoses causadas por trauma físico, por ação farmacológica, por irritação, por ação conjunta da luz, entre outras.
As dermatites por traumas físicos são causadas, segundo o estudo publicado este ano na revista Anais Brasileiros de Dermatologia, pelos mecanismos próprios de defesa (como espinhos, dentes serrilhados, terminações de folhas em forma aguda e farpas) que algumas plantas têm. Dentre essas plantas, estão as conhecidas roseiras, laranjeiras e os limoeiros.
“Outras, ao serem manipuladas, esmagadas ou sofrerem pequenas fraturas ou cortes nas suas estruturas liberam substâncias irritantes, como seivas, pequenas farpas ou mesmo microscópicas espículas ou cristais que, em contato com a pele, podem levar a quadros inflamatórios intensos e graves”, acrescenta o médico no artigo.
Sobre as dermatites por ação farmacológica, Vitor diz que podem ocorrer em qualquer indivíduo, mesmo sem predisposição, pois são oriundas da penetração na pele de substâncias farmacologicamente ativas. “A urtiga, encontrada em matagais próximos a trilhas e em jardins, como ‘erva daninha’, é uma planta capaz de provocar quadros papulopruriginosos nas áreas da pele que tocarem a planta”, exemplifica.
Nas dermatites por irritação, também não é necessário haver alguma predisposição individual. Basta, segundo o especialista, o contato direto com determinadas plantas ou, mesmo, por maceração de plantas que liberam substâncias irritantes ou cáusticas. “A capacidade de irritação da planta depende da substância, mas a intensidade da irritação é dependente da espessura da pele, principalmente da camada córnea, e até mesmo de fatores climáticos que favorecem ou diminuem a penetração das substâncias na pele”, explica.
Como exemplo, ele fala das plantas da família Euforbiáceas, como a coroa-de-cristo, bico-de-papagaio e avelós. “São plantas de jardim e algumas, por possuírem espinhos, são usadas como cercas ou protetores de muros e paredes de terrenos ou casas. Por terem a sua seiva leitosa irritante liberada pelo esmagamento provocado por gado e outros animais, algumas espécies, como o avelós, servem de cerca viva”.
Já as dermatites por ação conjunta do sol ocorrem nas áreas de contato com a planta e que recebem a irradiação solar. “Geralmente, surgem dentro das 24 horas seguintes e caracteriza-se por eritema como uma queimadura, eventualmente, com formação de vesículas e bolhas, dependendo da intensidade da reação. Pode surgir infecção secundária na evolução, mas a característica principal das fitofotodermatoses é a pigmentação, que pode durar várias semanas”, explica Vitor no artigo.
Segundo o pesquisador, é interessante salientar que há possibilidade de que as substâncias existentes nas plantas capazes de causar dermatoses entrem em contato com a pele sem que o indivíduo tenha contato com a planta. É o caso da aroeira-brava, que provoca "aroeirite" em pessoas sensibilizadas aos fenóis de cadeia larga produzidos pela planta apenas por passar ou deitar sob a árvore. Esse fato explica-se pela dispersão pelo ar de gotículas contendo a substância alergênica.
“Outra possibilidade de fitodermatoses sem contato com as plantas ocorre com pessoas sensibilizadas a substâncias derivadas de plantas utilizadas na indústria, como perfumes, cremes e cosméticos”, acrescenta.
O estudo mostra que, apesar de todas as possibilidades existentes, a forma mais comum de fitodermatose é a dermatite de contato (por exemplo, a alergia ao látex produzido pela seringueira), e o quadro dermatológico que mais ocorre é o eczema.

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