12.02.2011

Hipertensos querem tomar menos remédios, diz pesquisa

Estudo em oito países mostra ainda impacto desta doença crônica no humor
SÃO PAULO - Os hipertensos gostariam de tomar menos medicamentos para controlar a doença, que já afeta o humor e a qualidade de vida. É o que revela uma pesquisa global com 4.500 pacientes de oito países, incluindo o Brasil, feita pela campanha "Power Over Pressure: Vencendo a Pressão" e que tem apoio da Sociedade Europeia de Hipertensão da Sociedade Americana de Hipertensão.Segundo o estudo, 84% dizem que a qualidade de vida melhoraria muito se conseguissem controlar a pressão alta com menos medicamentos. A doença tem impacto na tranquilidade para 83% dos hipertensos e afeta o humor para 87%. Quatro em cada cinco pacientes se preocupam com o número de remédios que tomam.
Metade dos entrevistados sofre de hipertensão resistente ao tratamento (com uso de três ou mais comprimidos diários) e metade não está com a doença controlada (toma um, dois ou nenhum medicamento ao dia).
_ No Brasil, estima-se que 30% da população adulta têm pressão alta, mas metade ainda não sabe. E quando ele descobre a doença, é preciso convencê-lo a se tratar. O paciente precisa entender que é algo tratável, porém não curável. Quando uma pessoa sofre de uma doença sem sintomas, a adesão ao tratamento é mais difícil. E muitos não querem tomar remédio para o resto da vida _ afirma o médico Luiz Bortolotto, diretor do Departamento de Hipertensão do Incor e coordenador do Centro de Hipertensão do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Bortolotto conta que há novos medicamentos, espécies de superpílulas, que estão para chegar ao mercado, o que pode aumentar a adesão. E estuda-se também o uso de novas estratégias para tratar hipertensão resistente.
_ Estão em pesquisa, no exterior, tratamentos com cateterismo e estímulos do sistema nervoso para estes tipos de pacientes com quadro de hipertensão resistente - diz ele.
A pesquisa mostra ainda que 62% dos hipertensos têm medo de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).
_ Um hipertenso não controlado tem sete vezes mais risco de sofrer um AVC que aquele que mantém a pressão em “12 por 8” _ lembra o presidente do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcus Vinicius Bolivar Malachias.
No Brasil, há 40 milhões de portadores de hipertensão
_ Menos de 20% deles estão sob controle, ou seja, cerca de 32 milhões de brasileiros não fazem o tratamento adequado da hipertensão e estão continuamente em risco de sofrer um AVC, entre outras complicações cardiovasculares, como infartos, angina e insuficiência cardíaca _ alerta Malachias.

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