Você já se deu ao trabalho de ler os ingredientes dos seus
cosméticos? Encarando as letras miúdas, o primeiro da lista até anima a
continuar: aqua. Mas a animação fica por aí, porque o resto poucos
entendem. No meio dessa lista está um grupo de ingredientes chamados de
conservantes, cuja função é, justamente, conservar – e pelo que os
produtos custam, eles não podem estragar rápido de jeito nenhum.
Para esclarecer um pouco mais sobre esse assunto, em letras não tão miúdas quanto as das embalagens, entrevistei a Dra. Maria Inês Harris, química especialista em cosméticos.
Por que o uso de conservantes em cosméticos?
Cosméticos são ótimos meios para o crescimento de microrganismos. Os microrganismos alteram as propriedades dos cosméticos e podem ser prejudiciais ao usuário deles. Os conservantes têm ação antimicrobiana e são usados para minimizar a ação dos microrganismos.
Os conservantes podem ser prejudiciais à saúde?
Sim, eles podem causar irritações e alergias. Uma vez que desenvolve a alergia, o consumidor passa a apresentar reação a qualquer produto que contenha o conservante ao qual foi sensibilizado, seja medicamento, cosmético ou tinta de parede. O problema é acentuado com o uso dos produtos de venda livre como os cosméticos, pois o consumidor, sem orientação, não é capaz de selecionar os produtos que não o agridem.
No grupo dos conservantes, muito se tem falado sobre os parabenos. O que são?
Parabenos são uma classe de compostos químicos. Alguns estudos, bastante controversos, mostraram a presença de parabenos em tecido de câncer de mama. Depois, alguns testes mostraram que eles poderiam ter efeito estrogênico (ou seja, o mesmo efeito que o hormônio feminino estrogênio). E aí começou uma forte campanha para sua retirada sem uma avaliação real do risco oferecido.
Há parabenos que são potencialmente perigosos, pois mostram algum efeito estrogênico que poderia, numa exposição contínua, levar a algum efeito indesejado. Não é o caso do metil parabeno, que não apresenta esse efeito, e do propil parabeno, que apresenta um efeito muito fraco. Eles oferecem excelentes margens de segurança se utilizados na quantidade mínima necessária para a ação antimicrobiana.
Mas o termo “parabeno” ficou marcado na imaginação do consumidor como um grande perigo, e então muitas empresas começaram a apelar para o uso de “paraben free” (sem parabeno), banindo todos os parabenos indiscriminadamente, por pura pressão do mercado. Realmente, não acredito que isso traga muitas vantagens.
Por quê?
Apesar de haver casos de sensibilização reportados, os parabenos causam menos alergia, sensações de desconforto, como ardor e coceira, nas pessoas com pele sensível do que que outros conservantes. Deixou-se de usar os parabenos em muitos produtos e com isso a variedade de conservantes foi reduzida. Assim, as pessoas passaram a ter mais contato com conservantes que são mais alergênicos e hoje temos um aumento na taxa de pessoas sensibilizadas.
Como contornar essa situação?
Eu, particularmente, condeno esse processo de “paraben free”. O que se deveria fazer, acredito, seria manter o metil e o propil parabeno e banir os outros parabenos. As marcas jamais deveriam usar poucos tipos de conservantes na mesma linha de produtos. Por exemplo, para fazer uma linha que tenha hidratante, creme anti-ageing, shampoo e condicionador, o fabricante deveria usar um conjunto de conservantes, alternando o conservante entre um produto e outro. Assim, evitaria expor o consumidor aos mesmos conservantes por muito tempo e em vários produtos.
Com todos esses problemas, existe uma alternativa aos conservantes?
A alternativa ideal seria a fabricação de cosméticos “preservative free” (sem conservantes) ou “soft” (com menos conservantes), mas isso exige uma embalagem com tecnologia mais elaborada, que preserve melhor o produto, pois os conservantes são adicionados para manter o produto sem contaminação durante o uso. Embalagens com válvulas pump já diminuem um pouco a contaminação. Há também as válvulas pump protegidas, que filtram o ar antes que ele retorne ao frasco, e as embalagens airless, com válvula que não permite que o ar retorne ao frasco. O problema é que esses sistemas ainda são caros, e, como o consumidor não é capaz de reconhecer o benefício, tornaria o produto menos competitivo.
Por Lucia MandelPara esclarecer um pouco mais sobre esse assunto, em letras não tão miúdas quanto as das embalagens, entrevistei a Dra. Maria Inês Harris, química especialista em cosméticos.
Por que o uso de conservantes em cosméticos?
Cosméticos são ótimos meios para o crescimento de microrganismos. Os microrganismos alteram as propriedades dos cosméticos e podem ser prejudiciais ao usuário deles. Os conservantes têm ação antimicrobiana e são usados para minimizar a ação dos microrganismos.
Os conservantes podem ser prejudiciais à saúde?
Sim, eles podem causar irritações e alergias. Uma vez que desenvolve a alergia, o consumidor passa a apresentar reação a qualquer produto que contenha o conservante ao qual foi sensibilizado, seja medicamento, cosmético ou tinta de parede. O problema é acentuado com o uso dos produtos de venda livre como os cosméticos, pois o consumidor, sem orientação, não é capaz de selecionar os produtos que não o agridem.
No grupo dos conservantes, muito se tem falado sobre os parabenos. O que são?
Parabenos são uma classe de compostos químicos. Alguns estudos, bastante controversos, mostraram a presença de parabenos em tecido de câncer de mama. Depois, alguns testes mostraram que eles poderiam ter efeito estrogênico (ou seja, o mesmo efeito que o hormônio feminino estrogênio). E aí começou uma forte campanha para sua retirada sem uma avaliação real do risco oferecido.
Há parabenos que são potencialmente perigosos, pois mostram algum efeito estrogênico que poderia, numa exposição contínua, levar a algum efeito indesejado. Não é o caso do metil parabeno, que não apresenta esse efeito, e do propil parabeno, que apresenta um efeito muito fraco. Eles oferecem excelentes margens de segurança se utilizados na quantidade mínima necessária para a ação antimicrobiana.
Mas o termo “parabeno” ficou marcado na imaginação do consumidor como um grande perigo, e então muitas empresas começaram a apelar para o uso de “paraben free” (sem parabeno), banindo todos os parabenos indiscriminadamente, por pura pressão do mercado. Realmente, não acredito que isso traga muitas vantagens.
Por quê?
Apesar de haver casos de sensibilização reportados, os parabenos causam menos alergia, sensações de desconforto, como ardor e coceira, nas pessoas com pele sensível do que que outros conservantes. Deixou-se de usar os parabenos em muitos produtos e com isso a variedade de conservantes foi reduzida. Assim, as pessoas passaram a ter mais contato com conservantes que são mais alergênicos e hoje temos um aumento na taxa de pessoas sensibilizadas.
Como contornar essa situação?
Eu, particularmente, condeno esse processo de “paraben free”. O que se deveria fazer, acredito, seria manter o metil e o propil parabeno e banir os outros parabenos. As marcas jamais deveriam usar poucos tipos de conservantes na mesma linha de produtos. Por exemplo, para fazer uma linha que tenha hidratante, creme anti-ageing, shampoo e condicionador, o fabricante deveria usar um conjunto de conservantes, alternando o conservante entre um produto e outro. Assim, evitaria expor o consumidor aos mesmos conservantes por muito tempo e em vários produtos.
Com todos esses problemas, existe uma alternativa aos conservantes?
A alternativa ideal seria a fabricação de cosméticos “preservative free” (sem conservantes) ou “soft” (com menos conservantes), mas isso exige uma embalagem com tecnologia mais elaborada, que preserve melhor o produto, pois os conservantes são adicionados para manter o produto sem contaminação durante o uso. Embalagens com válvulas pump já diminuem um pouco a contaminação. Há também as válvulas pump protegidas, que filtram o ar antes que ele retorne ao frasco, e as embalagens airless, com válvula que não permite que o ar retorne ao frasco. O problema é que esses sistemas ainda são caros, e, como o consumidor não é capaz de reconhecer o benefício, tornaria o produto menos competitivo.
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