6.24.2014

Conto profano

Ive Brussel (Repost)

Se eu fosse relembrar Vera e descrevê-la detalhadamente levaria horas, então basta dizer que ela era uma
morena cor de cuia, curvas generosas e sorria pelos olhos brilhantes. Não havia quem não a desejasse, mesmo ela sendo casada.
Ah, Vera era motociclista, e isto na época me excitava de uma forma que eu nem sabia explicar. Uma mulher sobre uma moto, tirando o capacete e balançando a cabeça para soltar os cabelos era uma visão afrodisíaca, a qual eu não conseguia e nem tentava resistir.
Coube a mim trabalhar com Vera, formaríamos dupla num esquema promocional para o lançamento de um novo produto e isto incluía bares noturnos, bons restaurantes, casas de shows e muitas madrugadas. E caso queiram saber, eu não tinha a menor vocação para ser santo ou eunuco, pelo contrário, eu a desejava. Apenas estava decidido a não ser mais um a desejá-la. Ao invés disso, eu pre
Complicado?
Talvez. Mas impossível não.tendia despertar nela o desejo de estar em meus braços.
Um par de meses havia se passado e alguns prêmios de cotas alcançadas haviam sido amealhados, bem como os frutos em dinheiro haviam também sido colhidos e logo, o que era apenas trabalho, passou a incluir o item diversão nos locais que freqüentávamos.
Um sutil jogo de sedução acontecia como pano de fundo, mas era sempre como pisar em ovos, afinal vale relembrar que tratava-se de uma mulher casada.
Muitas madrugadas, ao chegar em casa eu sonhara com o calor do corpo daquela mulher, com os detalhes mais profanos e as verdades mais incautas. Ficava imaginando seu beijo, como agiriam suas mãos ante meu corpo nu e até como seria o seu gemer de prazer. Coisas que todo homem se põe a pensar quando realmente deseja uma mulher.
Ela, como uma morena da nata, adorava samba de raiz, gafieira e gêneros musicais cheios de brasilidade. Eu, antecipadamente, falava com músicos e garçons para que tudo parecesse um mero acaso quando chegávamos,... As músicas que ela gostava, uma mesa num canto com uma solitária rosa, dedicatórias vindas do palco sem endereço certo, mas que plantavam uma sementinha em seus pensares.
A vida ia correndo em seu curso natural, exceto por minhas sutis e quase casuais investidas, até que num final de tarde, num calçadão de uma cidade da grande Porto Alegre, quando caminhávamos do estacionamento à porta do primeiro cliente eu a ouço  cantarolar, quase sem querer, um trecho de Ive
Brussel, do Jorge Bem Jor e, foi mais ou menos assim:
“Não sei não
Assim você acaba
Me conquistando
Não sei não
Assim eu acabo
Me entregando...”
Era a vida me dando sinais e eu não iria desperdiçá-los. Depois desta tarde muitas coisas aconteceram, mas isto é assunto para uma próxima vez. Por enquanto eu deixo por conta da imaginação de quem ousar ler este In_Correto.

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