Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, durante sessão |
Já era madrugada desta quinta-feira (16) quando a senadora Kátia Abreu
(PMDB-TO) fazia uma defesa enfática de Dilma Rousseff diante do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Do interlocutor, ouviu
uma resposta inusitada: "Eu sou Dilma. Não sei por quê, mas gosto
daquela mulher".
O comentário de Renan despertou interesse nos colegas de plenário que dividiam com ele a principal mesa da festa junina organizada no jardim da casa de Kátia, em Brasília.
Sob olhos atentos de senadores do PT, PSB e PC do B, Renan relatou que, certo dia, seu neto Renzo, de 9 anos, o surpreendeu com a pergunta: "vô, o senhor é golpista?". Gargalhando, disse ter contado o episódio à presidente agora afastada. "Dilma me disse: Renzo é um dos nossos".
Duas horas antes, um Renan agitado chegava à festa de Kátia Abreu. Com o aparelho de celular nas mãos, mostrava a aliados uma matéria da Folha em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, justificava o pedido para tirar o sigilo das delações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
"Como é que um cara desse é nomeado PGR?", bradava Renan. "Com essa responsabilidade? Dizendo uma coisa dessas? Isso é loucura!". Aos colegas, o presidente do Senado dizia que Janot não era mais "intocável", porque "já havia passado dos limites".
Pouco antes de chegar à casa da ex-ministra da Agricultura, Renan se reuniu com os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Eduardo Braga (PMDB) na casa do ex-presidente José Sarney e deu um recado claro: "Vou defender o Senado como instituição. Não vou aceitar excessos nem constrangimentos".
O auge de seu desgaste com Janot, disse aos amigos, foi o pedido que o PGR fez ao STF (Supremo Tribunal Federal) solicitando a prisão de caciques do PMDB, na semana passada. Renan estava na lista.
"Ele não pode se apequenar diante do Ministério Público Federal", disse Eunício já na festa.
Depois de um tempo, Renan foi se acalmando. Sentou-se à mesa com a anfitriã, Eunício e Braga. Serviu-se de uísque e logo viu colegas de Senado começarem a puxar as cadeiras e juntarem-se a ele. Virou o centro das atenções.
"Renan é assim. Ele conversa com todo mundo, é envolvente, não tem jeito", murmurou Lindbergh Farias (PT-RJ). E foi assim madrugada adentro.
Estava aos risos, mas não baixava a guarda para o procurador-geral quando o tema aparecia à mesa: "Tem gente que é alçado à cena nacional sem nenhum preparo emocional. O Janot é o maior exemplo disso", disse Renan, emendando: "eles agem por vingança", em referência aos três integrantes do grupo de trabalho da Lava Jato que já tiveram indicações ou nomeações recusadas pelo Senado.
Renan se apressou a explicar aos colegas porque fazia tanta questão de que o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, conduzisse o processo do impeachment de Dilma desde o início: "Eu, presidente do Senado, sou vice-presidente da República. Como você quer chamar para presidir o julgamento do impeachment alguém que é beneficiário direto disso?", questionou o peemedebista.
O assunto sério não parecia mais combinar com aquela mesa depois da meia-noite. E Renan resolveu provocar: "Lindbergh, disseram que você brigou comigo porque falou bem do PGR. Eu não aceitei, não acreditei", brincou com o petista, que sorriu, mas logo quis mudar de assunto.
Essa, aliás, foi a principal batalha travada pela anfitriã, Kátia Abreu, que tentava trocar o tema da conversa quando esse se tornava o governo interino de Michel Temer, adversário político de Renan dentro do PMDB.
Quando viu o deputado Tiririca (PR-SP) se aproximar do microfone que estava postado ao lado do animado sanfoneiro, Kátia encorajou: "Tiririca sabe cantar forró em árabe, vocês sabiam? Claro que ele não sabe falar uma palavra em árabe, mas é ótimo. Canta, Tiririca".
Do palco, Tiririca obedeceu. "Mas isso não é forró, é baião", sentenciou Eunício, fã confesso do cantor Wesley Safadão.
O comentário de Renan despertou interesse nos colegas de plenário que dividiam com ele a principal mesa da festa junina organizada no jardim da casa de Kátia, em Brasília.
Sob olhos atentos de senadores do PT, PSB e PC do B, Renan relatou que, certo dia, seu neto Renzo, de 9 anos, o surpreendeu com a pergunta: "vô, o senhor é golpista?". Gargalhando, disse ter contado o episódio à presidente agora afastada. "Dilma me disse: Renzo é um dos nossos".
Duas horas antes, um Renan agitado chegava à festa de Kátia Abreu. Com o aparelho de celular nas mãos, mostrava a aliados uma matéria da Folha em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, justificava o pedido para tirar o sigilo das delações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
"Como é que um cara desse é nomeado PGR?", bradava Renan. "Com essa responsabilidade? Dizendo uma coisa dessas? Isso é loucura!". Aos colegas, o presidente do Senado dizia que Janot não era mais "intocável", porque "já havia passado dos limites".
Pouco antes de chegar à casa da ex-ministra da Agricultura, Renan se reuniu com os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Eduardo Braga (PMDB) na casa do ex-presidente José Sarney e deu um recado claro: "Vou defender o Senado como instituição. Não vou aceitar excessos nem constrangimentos".
O auge de seu desgaste com Janot, disse aos amigos, foi o pedido que o PGR fez ao STF (Supremo Tribunal Federal) solicitando a prisão de caciques do PMDB, na semana passada. Renan estava na lista.
"Ele não pode se apequenar diante do Ministério Público Federal", disse Eunício já na festa.
Depois de um tempo, Renan foi se acalmando. Sentou-se à mesa com a anfitriã, Eunício e Braga. Serviu-se de uísque e logo viu colegas de Senado começarem a puxar as cadeiras e juntarem-se a ele. Virou o centro das atenções.
"Renan é assim. Ele conversa com todo mundo, é envolvente, não tem jeito", murmurou Lindbergh Farias (PT-RJ). E foi assim madrugada adentro.
Estava aos risos, mas não baixava a guarda para o procurador-geral quando o tema aparecia à mesa: "Tem gente que é alçado à cena nacional sem nenhum preparo emocional. O Janot é o maior exemplo disso", disse Renan, emendando: "eles agem por vingança", em referência aos três integrantes do grupo de trabalho da Lava Jato que já tiveram indicações ou nomeações recusadas pelo Senado.
Renan se apressou a explicar aos colegas porque fazia tanta questão de que o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, conduzisse o processo do impeachment de Dilma desde o início: "Eu, presidente do Senado, sou vice-presidente da República. Como você quer chamar para presidir o julgamento do impeachment alguém que é beneficiário direto disso?", questionou o peemedebista.
O assunto sério não parecia mais combinar com aquela mesa depois da meia-noite. E Renan resolveu provocar: "Lindbergh, disseram que você brigou comigo porque falou bem do PGR. Eu não aceitei, não acreditei", brincou com o petista, que sorriu, mas logo quis mudar de assunto.
Essa, aliás, foi a principal batalha travada pela anfitriã, Kátia Abreu, que tentava trocar o tema da conversa quando esse se tornava o governo interino de Michel Temer, adversário político de Renan dentro do PMDB.
Quando viu o deputado Tiririca (PR-SP) se aproximar do microfone que estava postado ao lado do animado sanfoneiro, Kátia encorajou: "Tiririca sabe cantar forró em árabe, vocês sabiam? Claro que ele não sabe falar uma palavra em árabe, mas é ótimo. Canta, Tiririca".
Do palco, Tiririca obedeceu. "Mas isso não é forró, é baião", sentenciou Eunício, fã confesso do cantor Wesley Safadão.
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