7.24.2010

Dicas para boa nutrição sem inconvenientes gástricos. Psicologia a favor dos portadores de Doença de Gaucher

Para contornar os problemas digestivos, o paciente de Doença de Gaucher Tipo I pode seguir algumas recomendações gerais. É importante, porém, que cada indivíduo saiba identificar os hábitos alimentares que lhe dão maior sensação de conforto, para relatá-los ao médico. A família pode ajudar, compreendendo as dificuldades digestivas do paciente e apoiando sua adesão à dieta.

Prefira alimentos saudáveis como frutas, para as refeições intermediárias
INTERVALO ENTRE AS REFEIÇÕES
O aumento do fígado ou do baço pode alterar o apetite do paciente de Doença de Gaucher Tipo I por causa da pressão exercida sobre o estômago, que, sem espaço para expandir-se, fica “cheio” rapidamente. Muitas pessoas relatam uma sensação de plenitude mesmo quando comem pouco. Então, faça sempre pequenas refeições, mantendo um intervalo de 3 horas entre elas.

Como as refeições são pequenas, elas devem ser em maior número: um total de seis refeições por dia, de forma a alcançar toda a cobertura das necessidades nutricionais em termos de valor calórico, proteínas e vitaminas. Ou seja, não basta tomar café da manhã, almoçar e jantar. Além dessas refeições, é recomendável que você faça também um lanche no meio da manhã, outro no meio da tarde e uma rápida ceia noturna.

ALIMENTAÇÃO SEM CONDIMENTOS FORTES
É importante evitar alimentos muito condimentados, pois estes retardam o esvaziamento gástrico. Quanto mais tempo o estômago fica “cheio”, maior é a sensação de plenitude. Se você se sente assim, pode achar incômodo fazer as seis refeições, e isso não é bom. Não deixe um grande intervalo entre uma refeição e outra, pois isso contribuiria para a diminuição da oferta dos nutrientes necessários ao organismo.

MUDANÇAS NA DIETA AFASTAM PROBLEMAS INTESTINAIS
Algumas mudanças no cardápio podem apressar a solução de eventuais diarréias, às vezes acompanhadas de flatulência e dor abdominal. Várias são as causas de diarréia no nosso meio, incluindo os hábitos alimentares, mas estas também podem estar relacionadas com os tratamentos disponíveis para a Doença de Gaucher.

Evitar alimentos que contenham lactose, ou seja, leite de vaca e derivados, pois estes podem agravar o quadro de diarréia. O leite de soja sem lactose é uma ótima opção, porém alguns pacientes reclamam do sabor. Se consumir lácteos, opte por leite com baixo teor de gordura (desnatado) e queijos brancos. Mas não abuse: mesmo que o queijo branco seja mais leve, não o coma em grandes quantidades nem com muita freqüência.
Evitar alimentos produtores de gases, como batata doce e repolho.
Evitar alimentos gordurosos, frituras e doces.
Não ingerir o medicamento oral às refeições, mas nos intervalos entre elas.
No caso do tratamento oral, pode ser iniciada uma dieta antes ou ao mesmo tempo do início do tratamento, diminuindo as chances de o paciente ter diarréia.
Os pacientes com diarréia crônica ou outros problemas gástricos persistentes que não reagirem a essas intervenções devem ser submetidos a investigações posteriores, pois nem todas as ocorrências de diarréia são causadas pelos medicamentos utilizados para o tratamento.
por Roseani da Silva Andrade
Nutricionista e farmacêutica, especialista em Nutrição Clínica

strong>Psicologia a favor dos portadores de Doença de Gaucher
Varienka Leão fala sobre ansiedade de pacientes
Por ser uma doença rara, Gaucher desperta uma série de dúvidas entre pacientes e familiares que podem ser melhor resolvidas se o tratamento incluir o acompanhamento psicológico como parte de um trabalho interdisciplinar. Esse é o alerta de Varienka Leão Bulcão, psicóloga de portadores de doenças genéticas. Segundo ela, o apoio terapêutico deve começar no momento do diagnóstico, pois muitos dos medos são oriundos de desinformação. “Sentar com paciente e ouvir suas ansiedades é fundamental. Ao conhecer as necessidades primárias de cada um, o terapeuta em parceria com o médico pode contribuir reforçando o processo informativo, desfazendo mitos e amenizando o impacto da nova vida”, esclarece.

Varienka observa que os cuidados psicológicos colaboram para a qualidade de vida do portador e para incentivar a adesão ao tratamento. “A doença do tipo 1 não impõe maiores limitações de ordem emocional ao paciente, mas ainda causa uma aflição inicial, principalmente quando não se tem muito conhecimento sobre o problema”, completa.

Varienka acrescenta que a terapia em grupo está entre as mais indicadas para os portadores de doenças crônicas, como Gaucher. “O melhor é que a troca de experiências seja promovida para portadores da mesma patologia e faixa etária”, orienta. A especialista ainda reforça que o ambiente do paciente deve ter uma atenção especial. Para Varienka, a família pode precisar de ajuda psicológica para aliviar suas próprias tensões e refletir otimismo em relação ao tratamento.

“Em geral, as questões relacionadas à saúde trazem ansiedade, principalmente quando se trata de uma doença crônica. Nesse caso, o papel da terapia é realizar a escuta do paciente e no caso das crianças portadoras, os pais podem ser orientados para lidar com essa questão e até saber proporcionar condições emocionais para refletir o bem-estar do filho”, orienta.

Varienka enfatiza que o psicólogo deve se inteirar sobre as características e a evolução da doença para poder atender os portadores. “Quanto mais se sabe sobre o problema, melhor é para o profissional intervir junto ao paciente. O aprimoramento e domínio da informação transmitem mais confiança e favorecem o vinculo terapêutico.”

Diante da sua experiência, a psicóloga também dá uma dica sobre os benefícios da integração entre os profissionais de saúde. “É também relevante o acompanhamento multidisciplinar, conforme é feito na associação onde eu trabalho, porque o psicólogo tem um diálogo com os demais profissionais. No caso específico de Doença de Gaucher, nosso trabalho é interdisciplinar e envolve principalmente o médico e o psicólogo. Somando os saberes, conseguimos intervir em prol do nosso paciente, percebendo este portador como um indivíduo inteiro, e considerando a interação dos aspectos físicos e emocionais”, salienta ela, que é ligada à Associação Cearense de Doenças Genéticas (ACDG).

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