11.02.2010


Dilma Rousseff diz que anunciará

ministério 'por blocos'

Presidente eleita concedeu entrevista ao vivo ao 'Jornal Nacional'.
Segundo ela, critérios técnicos e políticos vão determinar o ministério.

Do G1, em Brasília
A presidente eleita Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (1º), em entrevista ao vivo ao "Jornal Nacional", que a composição do futuro ministério vai se definir por critérios técnicos e políticos.
Nós vamos ter de ver a composição do governo, que tem esses dois aspectos. Eu vou me esmerar para ter um governo em que o critério de escolha dos ministros e dos cargos da alta administração sejam providos por esses dois critérios", afirmou.
Ela disse que o anúncio dos integrantes do ministério não será "fragmentado".  Segundo a presidente eleita, ainda não há nomes definidos.
“Não digo que vou anunciar um bloco inteiro, todo o governo, mas eu pretendo não fazer anúncios fragmentados, espalhados ou individualizados [e sim]  fazer por blocos", declarou.
Dilma disse que nos primeiros dias de seu governo pretende fazer uma reunião com os governadores eleitos para tratar de saúde e segurança.
Economia
A presidente eleita afirmou que não pretende mexer no câmbio. “Eu acho que o câmbio é flutuante. No entanto, indícios de que há hoje no mundo uma guerra cambial são muito fortes. Acho que tem moedas subvalorizadas. Então, eu acredito que uma das coisas importantes são as reuniões multilaterais em que fique claro que nós, por exemplo, iremos usar de todas as armas para impedir o dumping, política de preço que prejudique as indústrias brasileiras e vou olhar com muito cuidado, porque não acredito que manipular câmbio resolva coisa alguma”, declarou.
Dilma afirmou ter compromisso com a estabilidade e disse trabalhar com a expectativa de um crescimento da economia mundial em nível menor que o atual.
“Eu tenho um compromisso forte com a questão dos pilares da estabilidade macroeconômica, com o câmbio flutuante, e nós temos hoje uma quantidade de reservas que permite que a gente se proteja em relação a qualquer tipo de guerra ou de manipulação internacional. Mas eu acredito também, Bonner, que nós iremos passar por um momento em que o mundo vai estar com um nível de crescimento menor.”
Segundo Dilma, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em telefonema a ela para dar os cumprimentos pela vitória na eleição, demonstrou preocupação com a recuperação da economia norte-americana.
“Hoje inclusive o presidente Obama me cumprimentou e externou a preocupação dele com as taxas de desemprego dos Estados Unidos. Ele, bastante preocupado com a economia americana no que se refere à sua recuperação. Agora, acredito também que os ajustes das economias internacionais não podem ser feitos com base em desvalorizações competitivas, em que você tenta ganhar seu ajuste nas costas do resto do mundo. Também não está certo isso.”
Anúncio da vitória
Dilma disse que levou um pouco de tempo para “absorver o impacto” da confirmação da vitória. “Na hora que vem a notícia, você está assim um pouco anestesiado e aí é preciso que o tempo passe para que você absorva todo o impacto duma notícia desse tamanho, que é uma notícia com a grandeza do Brasil, porque não é uma notícia qualquer. É uma notícia assim: daqui para frente você vai ser responsável por esse país continental, imenso e por 190 milhões.”
A presidente eleita afirmou que chorou várias vezes. “Eu chorei depois, eu fui chorando aos poucos. Não chorei assim, de uma vez só. Eu chorei lá, quando eu falei [em seu pronunciamento após a confirmação de que venceu o segundo turno], eu chorei um pouco. Eu chorei chegando em casa, bastante.”
Dilma afirmou que também chorou, “por dentro e por fora”, ao falar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro primeiro discurso. “Ali eu chorei. O pessoal disse que eu me contive; não, eu chorei por dentro e por fora um pouco.”

Escolha para a sucessão
A presidente eleita lembrou do processo de escolha de seu nome para suceder o presidente Lula. "Eu nunca imaginei ser presidente da República. Eu sempre fui uma servidora pública. Acredito que ser servidora pública é uma coisa importante porque a relação que a gente tem que ter com o Estado não pode ser o Estado nos servindo, mas nós servindo o Estado e a sociedade."
Ela afirmou que começou a se convencer "aos poucos" de que deveria disputar as eleições, quando o presidente Lula passou a cogitar o nome dela para a suecessão dele. "Quando o presidente começou a dar sinais que ele queria que eu fosse a sua sucessora, a primeira reação que eu tive foi uma reação de não, de achar que não era muito por ali. E daí, aos poucos, eu fui me convencendo.
Segundo ela, ser presidente do Brasil "é um sonho que cada brasileiro esconde lá no fundo da alma".  "É a maior realização que um a pessoa pode ter no seu próprio país, porque é o momento em que você pode provar que você vai de fato dar uma contribuição para os milhões de brasileiros e brasileiras que compartilham comigo essa aventura histórica de sermos brasileiros do ano de 2011 e de sermos capazes de dar aquele salto que a gente espera que o Brasil dê", disse.



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