4.24.2011

Discriminação engorda

O professor Haslyn E.R. Hunte descobriu que sofrer discriminação está ligado à obesidade


As pessoas, especialmente os homens, que sentem qualquer tipo de discriminação estão mais suscetíveis a engordar, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos. O professor Haslyn E.R. Hunte descobriu que os homens que são expostos a altos níveis de discriminação são mais propensos a ver a circunferência da cintura aumentar – em 2,39 centímetros – se comparados àqueles que não reportaram ser vítimas de discriminação. Já as mulheres tiveram um aumento um pouco menor, de cerca de 1,88 centímetros. "Isso mostra como a discriminação fere as pessoas fisicamente, e é um aviso de como um tratamento injusto para com o outro pode ser poderoso", diz o pesquisador.

A descoberta foi publicada na edição online do periódico American Journal of Epidemiology. O estudo comparou dados de saúde e envelhecimento de mais de 1.400 pessoas predominantemente brancas que participaram do Levantamento Nacional de Desenvolvimento da Meia Idade nos Estados Unidos entre 1995 e 2004. "Apesar do estudo mostrar que há uma diferença entre homens e mulheres, não fornece razões específicas para ela", diz Hunte.

Para Hunte, pessoas que se sentem tratadas injustamente devem estar cientes da ligação entre o estresse relacionado a essa percepção e bolar estratégias de enfrentamento. Uma saída é praticar exercícios ou outros comportamentos saudáveis. "Mais importante ainda", diz ele, "como sociedade, devemos nos tornar mais conscientes de como tratamos os outros". O pesquisador focou na circunferência da cintura – em vez do índice de massa corporal (IMC) – porque a gordura abdominal indica melhor a situação da saúde cardiovascular do paciente do que o IMC. Quanto mais gordura, pior.

"Ser gordo não é saudável, mas há o problema fica pior nos indivíduos que têm o corpo em formato de pêra. A gordura que se acumula na região da cintura é pior do que aquela depositada em todo o corpo", diz o pesquisador. "Pelo estudo, há indicações de que fatores de estresse, como a discriminação, pode aumentar a concentração de gordura abdominal. Mas não temos certeza da relação entre esse comportamento e a fisiologia do corpo", afirma.

Como forma de discriminação, as pessoas relataram que foram tratadas com menos cortesia, que receberam péssimo atendimento (em lojas) ou que viram pessoas agindo como se tivessem medo delas. Também houve discriminação em relação ao peso. Hunte pretende pesquisar biomarcadores, como o cortisol, que é um hormônio induzido pelo estresse, e sua relação com os efeitos da discriminação.
Época

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