10.06.2012

Tá suando muito ? Veja as dicas

Tudo o que você queria saber sobre suor
Este problema tem cura e pode causar consequências graves!

Nada é mais desagradável do que ficar suado. Seja nas axilas, nas mãos, nos pés, no buço, onde for, a única certeza é que esta reação do nosso organismo ao calor e a outros fatores externos é extremamente incômoda. E nem pense que este é um problema bobo. A transpiração excessiva é considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde.

A hiperidrose, nome cientifico do distúrbio, tem tratamento e deve ser discutida com um especialista sempre que acarretar grande incômodo para o paciente. Ela é parte importante do sistema de regulação de temperatura corporal, mantendo a nossa temperatura sempre em torno de 36,6ºC. Enquanto o nosso metabolismo se encarrega de nos aquecer, o suor esfria – tal qual o radiador de um automóvel.

Segundo o Dr. Ricardo Mingarini Terra, do Departamento de Cirurgia Torácica da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT- SP), “as glândulas sudoríparas, espalhadas ao longo do nosso corpo, na pele, são as responsáveis pela produção e transporte do suor para fora do organismo. No entanto, em algumas pessoas esta produção é excessiva, especialmente nas palmas das mãos, plantas dos pés, axilas e crânio”.

Saiba mais sobre o assunto:

Pessoas com excesso de peso suam mais? Por quê?

Sim, porque a gordura age com um isolante térmico, dificultando nestes indivíduos a perda de calor. Assim, o suor é maior para que a temperatura seja mantida em parâmetros adequados.

Do que é formado o líquido expelido pelo suor?

O suor é composto de água, eletrólitos como o sódio, o potássio e o magnésio, além de minerais mais raros, como o zinco, o cobre e o níquel. Há também uma pequena proporção de ureia.

Suar ajuda a emagrecer? Por quê?

Não, este é um equívoco bastante frequente entre as pessoas. Quando transpiramos apenas perdemos água. Conforme o volume, pode haver uma pequena diferença em nosso peso. Mas, esta diferença será reposta no momento da hidratação.

Por que o suor costuma ter cheiro desagradável?

O suor em si não tem cheiro. O que provoca o cheiro desagradável são as bactérias que crescem nas regiões em que o suor se acumula.

Quais as maneiras mais eficazes de controlar a transpiração?

A transpiração é um processo fisiológico, deve se ter cautela ao imaginar controlá-la. Temperatura, umidade, atividade física e peso corporal são variáveis que podem ser manipuladas para controle do suor. Já a utilização de óleos, talcos, desodorantes específicos, até o momento, não se mostraram eficazes.

Quando a transpiração pode ser considerada excessiva?

Ela é excessiva quando chega ao ponto de interferir na qualidade de vida da pessoa, fazendo com que ela deixe de realizar atividades ou sair de casa por conta da transpiração. Nesse momento, é hora de procurar ajuda médica.

Quais são os sintomas da transpiração excessiva? É possível atenuá-los?

A pessoa transpira em horas inadequadas interferindo com suas atividades sociais e laborativas. Existem três estratégias para lidar com isso: medicação, toxina botulínica e cirurgia.

Em média, quantas pessoas no mundo sofrem de transpiração excessiva?

Estudos internacionais sugerem que a hiperidrose ocorra em 1% a 3% da população mundial.

Existem diferentes níveis de hiperidrose? Ela é considerada uma doença?

É considerada uma doença, pois provoca consequências psicossociais, logo, entra no conceito de doença estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A hiperidrose pode ser secundária, causada por alguma outra doença? Quais?

Sim, a sudorese excessiva pode ser decorrente de doenças tiroidianas, diabetes, tumores próximos à cadeia simpática. Outra causa possível é a menopausa.

Quais são as principais causas do problema?

Não se conhece a causa da hiperidrose. Especula-se que seja alguma alteração na transmissão de impulsos nervosos oriundos do centro regulador da temperatura no cérebro.

Quais os tratamentos possíveis? Quais as novidades nessa área?

Conforme o caso, podem ser indicados tratamento medicamentoso, toxina botulínica ou cirurgia. No caso da medicação, de uso diário, costuma haver melhora em 30 a 50%, principalmente quando no caso de hiperidrose axilar. Conforme se aumenta a dose aumentam os efeitos colaterais, em especial boca seca e retenção urinária.

A toxina botulínica também vem apresentando bons resultados para a hiperidrose axilar. As aplicações devem ser semestrais. No entanto, ao longo do tempo seu efeito diminui. Outro ponto negativo é o custo alto. Para os casos com indicação cirúrgica, temos bons resultados para hiperidrose palmar e axilar.

Como é realizada a cirurgia e qual o tempo de recuperação?

A cirurgia é indicada quando a hiperidrose provoca intenso comprometimento na qualidade de vida do paciente e as outras estratégias menos invasivas não são aplicáveis. O paciente é operado no mesmo dia da internação, com anestesia geral. São realizadas duas incisões de cerca de 1 cm em cada lado do tórax (no sulco mamário e na axila). A cirurgia dura cerca de 1 hora e após o procedimento o paciente vai para o quarto.

A cirurgia consiste na cauterização do 3º ou 4º gânglio simpático torácico. Este processo interrompe o impulso nervoso que vem do centro regulador da temperatura no sistema nervoso central em direção às glândulas sudoríparas da região de interesse, evitando o suor nesta região.

Qual a porcentagem de sucesso das cirurgias?

A chance de resolução da sudorese é muito alta; os casos nos quais o procedimento não é eficaz são pontuais.

A cirurgia pode gerar algum efeito colateral? Por exemplo: sudorese compensatória em outras partes do corpo?

Dor é a principal queixa no pós-operatório e mantemos medicação para controle de dor por cerca de 10 dias. Também é comum a sudorese compensatória, pois, após a cirurgia, uma superfície grande do corpo fica sem suar e o efeito regulador da temperatura acaba aumentando a sudorese em outras regiões, como dorso, abdômen ou virilhas.

A sudorese compensatória é uma das razões que eventualmente pode levar o paciente a se arrepender do procedimento cirúrgico e realmente acontece em uma parcela dos pacientes. Mas isso vem diminuindo ao longo dos anos por melhoria das estratégias cirúrgicas e de seleção dos pacientes. Outros efeitos possíveis são a Síndrome de Horner (queda da pálpebra) e a hiperidrose gustativa, porém, ambas são raríssimas atualmente devido às mudanças no tratamento cirúrgico que deixaram o procedimento mais seguro.

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