Grupo associa bebidas a tranquilizantes, maconha ou cocaína, segundo a Fiocruz
POR Flavio Araújo
Rio - Dois policiais civis explicavam na porta de uma delegacia da Zona Norte, que não usam bebidas alcoólicas e não conhecem colegas com problemas de dependência química.
Outro agente sai da delegacia, vira para os colegas e convida: “Vamos ali tomar uma catuaba?”. Os dois caem na gargalhada pela gafe. Os três estavam armados.
A situação, cômica, pode se tornar trágica. Segundo pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz, cerca de 25% dos policiais civis e militares do Rio que bebem álcool apresentam problemas graves de dependência de drogas lícitas e ilícitas.
O estudo — feito em 17 unidades da PM e 36 da Polícia Civil, um
universo estimado em 11,7 mil policiais — apontou que pouco mais de 80%
dos policiais civis e 73% dos PMs consomem bebidas alcoólicas.
Deste total (cerca de 16 mil civis e 33 mil militares, se a estatística for aplicada a todo o efetivo), aproximadamente a metade bebe mais de uma vez por semana e cerca de 25% associam o álcool ao tabaco, a tranquilizantes e admitiram ter usado ainda maconha ou cocaína nos últimos 12 meses.
Corporação doente
A Fiocruz traduziu em números o diagnóstico que o psiquiatra e diretor do Hospital Central da PM (HCPM), coronel Sérgio Sardinha, fez em palestra na Acadepol, há três semanas: “A corporação (PM) está doente”.
Doente e sem tratamento. No mesmo HCPM, a unidade para dependentes
químicos, batizada de Renascer, tem só 17 leitos e o serviço não segue
ordens hierárquicas ou o pedido de familiares.
A internação só é feita se o doente quiser. Na Polícia Civil, o hospital está fechado. Segundo o coronel Sardinha, a falta de tratamento adequado tende a aumentar esse problema.
Falta de hospital fere dignidade
A falta de um hospital próprio na Polícia Civil fere a dignidade dos doentes. “A mistura da bebida com os calmantes me causou uma convulsão e caí da escada de casa. Quebrei a clavícula e a bacia, estou nessas condições que você está vendo”, relatou Y, 42, policial civil internado em uma enfermaria de hospital público.
“Meu filho sempre bebeu, mas suspeito que agora ele está usando outras drogas. Já fiz de tudo para levá-lo para o Hospital da PM, mas não me obedece mais. Fico pensando o que pode acontecer com ele, que já tem uma profissão tão perigosa e tem se tornado cada vez mais violento”, desabafou o aposentado X, 65, pai de W, soldado de um batalhão da Zona Oeste.
Em nota, a Chefia de Polícia informou que a policlínica tem Programa de Saúde Mental, que abrange dependência química. Quanto ao hospital, a Polícia Civil não soube informar a data para a nova unidade.
As promessas não cumpridas
Há quatro anos, a Secretaria de Segurança prometeu criar um centro de tratamento psiquiátrico para policiais civis, militares e bombeiros.
Segundo o secretário José Mariano Beltrame, em declaração ao DIA na ocasião, os recursos seriam provenientes de convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
O centro psiquiátrico não saiu do papel, segundo a assessoria de Beltrame. A Senasp, questionada sobre o projeto, detalhou em nota a formação de profissionais de saúde e uma lista de convênios semelhantes, mas assinados com outros estados que não o Rio.
Outro agente sai da delegacia, vira para os colegas e convida: “Vamos ali tomar uma catuaba?”. Os dois caem na gargalhada pela gafe. Os três estavam armados.
A situação, cômica, pode se tornar trágica. Segundo pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz, cerca de 25% dos policiais civis e militares do Rio que bebem álcool apresentam problemas graves de dependência de drogas lícitas e ilícitas.
Arte: O Dia
Deste total (cerca de 16 mil civis e 33 mil militares, se a estatística for aplicada a todo o efetivo), aproximadamente a metade bebe mais de uma vez por semana e cerca de 25% associam o álcool ao tabaco, a tranquilizantes e admitiram ter usado ainda maconha ou cocaína nos últimos 12 meses.
Corporação doente
A Fiocruz traduziu em números o diagnóstico que o psiquiatra e diretor do Hospital Central da PM (HCPM), coronel Sérgio Sardinha, fez em palestra na Acadepol, há três semanas: “A corporação (PM) está doente”.
Tabaco também costuma ter uso associado a bebidas alcoólicas | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
A internação só é feita se o doente quiser. Na Polícia Civil, o hospital está fechado. Segundo o coronel Sardinha, a falta de tratamento adequado tende a aumentar esse problema.
Falta de hospital fere dignidade
A falta de um hospital próprio na Polícia Civil fere a dignidade dos doentes. “A mistura da bebida com os calmantes me causou uma convulsão e caí da escada de casa. Quebrei a clavícula e a bacia, estou nessas condições que você está vendo”, relatou Y, 42, policial civil internado em uma enfermaria de hospital público.
“Meu filho sempre bebeu, mas suspeito que agora ele está usando outras drogas. Já fiz de tudo para levá-lo para o Hospital da PM, mas não me obedece mais. Fico pensando o que pode acontecer com ele, que já tem uma profissão tão perigosa e tem se tornado cada vez mais violento”, desabafou o aposentado X, 65, pai de W, soldado de um batalhão da Zona Oeste.
Em nota, a Chefia de Polícia informou que a policlínica tem Programa de Saúde Mental, que abrange dependência química. Quanto ao hospital, a Polícia Civil não soube informar a data para a nova unidade.
As promessas não cumpridas
Há quatro anos, a Secretaria de Segurança prometeu criar um centro de tratamento psiquiátrico para policiais civis, militares e bombeiros.
Segundo o secretário José Mariano Beltrame, em declaração ao DIA na ocasião, os recursos seriam provenientes de convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
O centro psiquiátrico não saiu do papel, segundo a assessoria de Beltrame. A Senasp, questionada sobre o projeto, detalhou em nota a formação de profissionais de saúde e uma lista de convênios semelhantes, mas assinados com outros estados que não o Rio.
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