4.14.2014

Invasores do terreno da Oi protestam em frente à sede da prefeitura do Rio

    Ato em frente à Prefeitura do Rio tem um ferido (Pablo Jacob / Agencia O Globo)
  • Eles chegaram a fechar duas vezes a Avenida Presidente Vargas, e guardas jogaram bombas de efeito moral contra o grupo
  • Pelo menos uma pessoa foi detida na confusão. Algumas pessoas estão acampadas na passarela do metrô da Cidade Nova
  • Grupo, que ocupa o local desde sexta-feira, recusou as propostas do município

O Globo 

RIO - Um grupo de invasores removidos do terreno da Oi, no Engenho Novo, protesta desde cedo em frente à sede da prefeitura, na Cidade Nova. Cerca de 300 manifestantes chegaram a fechar as pistas da Avenida Presidente Vargas duas vezes, e houve tumulto. Guardas municipais jogaram bombas de efeito moral para dispersar o grupo, que revidou com pedras. Pelo menos uma pessoa foi detida. Uma criança de 5 anos, que estava com a família na manifestação, passou mal por causa do gás de pimenta e precisou ser levada para o Hospital Souza Aguiar, no Centro.
Por volta de 13h, com a chuva forte que cai na cidade, parte dos manifestantes deixou a porta da prefeitura e se abrigou embaixo da passarela da estação Cidade Nova do metrô. Um carro de som do Sindisprev/RJ acompanha o grupo. O trânsito já foi liberado na Presidente Vargas, mas a via de acesso para a prefeitura segue fechada. Vários carros da Polícia Militar estão no entorno da prefeitura, e equipes da Guarda Municipal estão a postos nas portas do centro administrativo para evitar que os manifestantes entrem no prédio.
Líderes dos manifestantes que acampam em frente à prefeitura divulgaram que haverá uma reunião ainda nesta segunda-feira entre uma comissão formada por dez mulheres e o subsecretário municipal de Desenvolvimento Social, Rodrigo Abel. Ainda de acordo com os representantes do grupo, caso não seja oferecida uma solução pela prefeitura, o acampamento continuará em frente ao prédio, e ainda ganhará uma faixa com a identificação: Favela da Telerj.
Desde sexta-feira, o grupo está em frente ao prédio da prefeitura. No domingo, no entanto, algumas pessoas ocuparam a passarela da estação do metrô. Mulheres, crianças e idosos com colchonetes se recusam a sair devido à chuva. Por causa da ocupação da passarela do metrô pelos manifestantes, seis quiosques que funcionam na estação da Cidade Nova estão fechados. Dois deles chegaram a abrir as portas, mas fecharam novamente por causa do tumulto no local, que ficou sujo e cheio de papelão usado no acampamento. Homens do Batalhão de Choque estão a postos na lateral da prefeitura.
O acampamento na passarela causa transtornos para os usuários que desembarcam do metrô e precisam desviar das pessoas dormindo. A concessionária MetrôRio pediu reforço no policiamento para garantir a segurança patrimonial da passarela da Avenida Presidente Vargas, que dá acesso ao metrô da Cidade Nova. Segundo a concessionária, a passarela é pública, e nada pode ser feito para retirar as pessoas de lá.
Acampamento desde a sexta-feira
Os invasores seguem acampados desde a desocupação da Favela da Oi. Segundo o grupo, eles não têm condições de pagar o valor do aluguel nas comunidades em que moravam, que subiu nos últimos anos. Eles não chegaram a um acordo com a prefeitura, no domingo, e o acampamento não para de crescer na Cidade Nova. Na noite de domingo, pouco mais de cem pessoas se refugiaram da chuva na passarela do metrô, onde já tinham dormido no sábado. O Batalhão de Choque acompanhava até o fim da noite a movimentação em frente à prefeitura.
Pela manhã, o governador Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes afirmaram que a despesa com a desocupação do imóvel da Oi terá de ser paga pela empresa de telefonia. Os valores ainda estão sendo calculados.
Representantes dos invasores rejeitaram a proposta do secretário de Desenvolvimento Social e vice-prefeito, Adilson Pires, para que fossem levados em ônibus do município até a sede da Guarda Municipal, em São Cristóvão. Lá, o município checaria a autenticidade do cadastro social das pessoas para identificar quem necessita de moradia. Eles também não aceitaram a proposta de ir para abrigos. O vice-prefeito explicou que não há, de imediato, casas do programa Minha Casa, Minha Vida para todos.
No fim da noite deste domingo, um grupo de voluntários, que se identificaram como membros de assembleias populares do Méier e do Largo do São Francisco, articulou-se para exibir filmes, transmitidos por meio de um telão montado em frente à prefeitura. Segundo um dos organizadores, os filmes foram escolhidos pelos próprios invasores. Para as crianças, foi escolhido o longa “Horton e o mundo dos quem”. Já os adultos escolheram “A mulher invisível”.


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