Ao discursar na abertura do 3º Congresso Municipal das direções zonais do PT da capital paulista, o ex-presidente Lula reafirmou sua advertência de que há um movimento da direita e dos conservadores em geral no país “para criminalizar o PT”. Lula reiterou a denúncia ao repetir, também, que se alguém do partido cometeu algum ilícito ao captar dinheiro para financiar campanha tem que pagar.
O ex-presidente exemplificou sua acusação lembrando do estardalhaço em torno do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto a despeito de não haver nada provado contra ele. “Até a cunhada dele foi solta (semana passada) e nem pediram desculpas”, observou sobre a cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima, que foi presa, teve a prisão prorrogada e depois foi solta por dúvidas se ela era mesmo quem aparecia num vídeo.
“O PT precisa defender não apenas o Vaccari, mas também o PT das acusações que ele está sendo vítima. Defender os companheiros até que se prove o contrário.” O ex-presidente reconheceu que o partido vive um momento muito difícil e aconselhou todos os dirigentes e militantes a se unirem para voltar a torná-lo forte.
“Temos que levantar a cabeça. Somos milhões e não será pelo erro de um ou dois que vamos permitir que o partido acabe. Quem acreditar nisso vai quebrar a cara”, previu o ex-chefe do governo. Ele lembrou que desde sempre o partido defendeu o financiamento público de campanhas eleitorais e, semana passada decidiu não mais receber dinheiro de contribuições e doações de empresas.
“…os outros vão continuar recebendo…”
“Mas eu tenho certeza que os outros vão continuar a pegar dinheiro das empresas. Como o PT não pode ser igual aos outros, temos que dar o exemplo e fazer diferente.”
O ex-presidente destacou que na crise política em que tentam jogar também o PT, muitos petistas não têm defendido o partido publicamente e nas ruas. “O PT está parecendo um muro de lamentações. Por isso, precisamos dar argumentos a militância para a defesa do partido. A gente construiu o PT para vender utopias, e nenhum sociólogo imaginou que em 20 anos construiríamos um partido que já governa o país há 16 anos.”
O ex-chefe do Estado brasileiro voltou a falar das dificuldades enfrentadas pelo governo e repetiu que o PT não pode permitir seu “fracasso” porque “o fracasso de Dilma será o fracasso do PT, e o fracasso do PT será o fracasso de Dilma. Então não podemos fracassar. Mas temos que dizer ao PT qual a estratégia que vamos adotar no segundo mandato e qual a política industrial que vamos ter no segundo mandato”.
“Nem o PT sobrevive sem a Dilma nem a Dilma sobrevive sem o PT. Temos que ser unha e carne. Se Dilma fracassar é o PT quem fracassa e, se o PT fracassar, a gente vai contribuir para o fracasso da Dilma. E eu não vim ao mundo para fracassar”, insistiu
Volta da aprovação à presidenta Dilma
“Nós temos de dizer em alto e bom som dentro do PT, para a companheira Dilma ouvir e para os nossos deputados e militantes ouvirem, que nós precisamos começar a dizer o que nós vamos fazer neste segundo mandato, qual é a política de desenvolvimento que nós vamos colocar em prática, qual é o tipo de indústria que nós vamos incentivar”, cobrou o ex-presidente em seu pronunciamento de 40 minutos.
Neste discurso ele queixou-se de que o único tema nos últimos cinco meses é o ajuste fiscal e cobrou que seja dado um assunto aos petistas para que eles possam contrapor, “na mesa do bar”, as críticas ao partido e ao governo.
O ajuste fiscal já foi feito, mas o partido tem que ficar vigilante na garantia dos direitos dos trabalhadores, aconselhou o ex-presidente, para quem o PT não pode aceitar retrocessos como o do projeto da terceirização.
“Isso nos faz voltar a década de 30″, acentuou o ex-presidente, lembrando que em todo esse quadro político desfavorável, a presidenta Dilma está mantendo as conquistas sociais “mas se ela tiver dificuldades em vez da gente se afastar temos que chegar junto dela e empurrar. Tenho certeza que ela ainda vai terminar o mandato com maior aprovação. Não custa lembrar que ela já teve 75%.”
Num vídeo divulgado pelo Instituto Lula no fim de semana, o ex-presidente incentiva os brasileiros a fazerem exercício e aparece, ele mesmo suando a camisa, esbanjando saúde puxando ferros numa esteira.
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