4.30.2015

Trate a insônia sem precisar de medicamentos

Pesquisa conclui que medicamentos  para dormir elevam em até 36% o risco de morte

Uma noite em claro é o suficiente para sentir os desconfortos que a insônia provoca: mau humor, lentidão de raciocínio, falta de disposição e descontrole do apetite são alguns dos dramas vividos por quem dorme mal. Mas apelar para o uso de remédios, sem acompanhamento médico, pode causar um pesadelo ainda maior. 

De acordo com um estudo publicado na última edição do Canadian Journal of Psychiatry, o uso de medicamentos para insônia e ansiedade aumenta em até 36% o risco de mortalidade. Os resultados foram alcançados a partir da análise das informações de mais de 14000 indivíduos durante 12 anos submetidos à pesquisa do instituto Canadians in Statistics Canada?s National Population Health Survey. Os dados incluíram informações da realidade social, estilo de vida e saúde de canadenses entre 18 e 102 anos, a cada dois anos entre 1994 e 2007.  
Durante o período, os participantes que usaram medicações para o tratamento de insônia ou ansiedade pelo menos uma vez durante os meses que precederam os questionários tiveram um índice de mortalidade de 15,7%. Aqueles que relatam não usar este tipo de medicamentos apresentaram o índice de 10,5%. Para obter a avaliação, os pesquisadores fizeram o controle de fatores pessoais que poderiam interferir no risco de mortalidade, como o consumo de álcool e tabaco, a saúde física, prática de exercícios e sintomas de depressão. 

Desta forma, foi possível isolar a influência dos medicamentos e cravar: o risco de morte cresce em 36% entre as pessoas que consomem medicamentos contra insônia e ansiedade. Algumas hipóteses estão sendo estudadas para explicar esta relação. Entre elas, os pesquisadores lembram que pílulas para dormir e remédios contra a ansiedade afetam o tempo de reação, alerta, coordenação e podem levar a quedas e outros acidentes. 

Além disso, essas substâncias podem atrapalhar a respiração durante o sono. Estes medicamentos também são inibidores do sistema nervoso central, alteração relacionada ao risco de suicídio.  
Como tratar a insônia? 

O acompanhamento médico não barra a presença dos efeitos colaterais dos medicamentos. Mas há um controle rigoroso do que pode acontecer com o seu organismo e uma escolha criteriosa das drogas, além de cuidados especiais com a dosagem. Fora isso, os especialistas recomendam outras medidas para o tratamento do problema: 

1. Terapias cognitivo-comportamentais: o método, associado ao uso de medicamentos, traz resultados mais e eficientes. Com o apoio de um psicólogo, as crises de ansiedade tendem a se reduzir e, mais relaxado, o paciente vende as dificuldades para dormir. 

2. Exercícios físicos: de acordo com pesquisas da Unifesp, praticar esportes, mesmo que apenas uma vez por semana , pode aumentar em até 37% o período de repouso para quem sofre com a insônia. Para quem se exercita três vezes por semana por pelo menos 30 minutos diários, os benefícios são ainda maiores, pois com a atividade física, as fases profundas do sono são prolongadas proporcionando mais disposição durante o dia. 

Um grupo de alunos da academia Bio Ritmo integrou um programa que prega a prática de exercícios três vezes por semana, durante 30 minutos. Como resultado, 90% deles declarou ter um sono mais tranquilo depois que começaram a prática. 
3. Cuidados com a alimentação: a alimentação também pode ter um papel fundamental na qualidade do sono. Segundo pesquisa realizada pelo instituto de opinião pública Market Analysi, 40% dos brasileiros sentem que dormem menos que o necessário por noite. Além disso, 58% delas alegaram sofrer com crises de insônia ao menos uma vez por semana. A quantidade de sono ideal pode varia entre 7 e 9 horas por noite, dependendo da pessoa. 

De acordo com a nutricionista Thais Moraes, um dos grandes vilões do sono é a má alimentação. "Algumas substâncias químicas naturais do corpo aumentam o sono, mas a alimentação afeta diretamente a qualidade do sono", explica a especialista. Confira algumas dicas de alimentação que podem ajudar a melhorar seu sono: 

- Comer atrapalha o sono. A comida em excesso pode causar desconforto digestivo e dificultar o adormecer. 

- Álcool é um coringa. O sono pode ser estimulado por pequenas quantidades de álcool. Porém, conforme é metabolizado pelo organismo pode interromper e fragmentar o sono. 

- A cafeína pode prejudicar o sono, mesmo que isso não seja uma regra. Se você percebe que a substância exerce este efeito em seu organismo, evite o consumo à tarde e principalmente à noite. 

- Gordura pesa. Ingerir alimentos ricos em gordura ou muito pesados (como massas e carnes vermelhas) pode causar indigestão e consequentemente prejudicar seu sono.  



4. Hábitos noturnos: alguns costumes antes de dormir podem ser a porta de entrada para uma noite tranquila, veja alguns deles: 

- Ler um livro que você goste, mas que não desperte tanto seu interesse pode ser ma grande alternativa para pegar no sono; 

- Ouvir músicas calmas também é uma ótima opção para relaxar e dormir melhor; 

- Outra alternativa interessante para induzir o sono é tomar um chá bem morninho, mas que não seja feito à base de cafeína; 

- Uma bela massagem pode aliviar os sintomas do estresse e relaxar tanto os músculos quanto a mente e resultar em uma noite renovadora; 

- Beber um leite quente é recomendável, pois ele é rico em tripofano, aminoácido essencial para a síntese da serotonina, o hormônio do bem-estar; 

- Se for treinar, faça isso pelo menos duas horas antes de dormir, e escolha atividades que não sejam competitivas, ou se não tano mente quanto corpo podem ficar ainda mais despertos; 

- Aposte na meditação, essa prática acalma a mente traz grande sensação de bem-estar.
 

Dicas que combatem a insônia e ajudam a dormir melhor

Evitar álcool, escolher um bom colchão e associar a cama ao sono são alguns dos segredos

Dormir é relaxante e ainda faz bem para a saúde. Tem coisa melhor? Tem sim, saber que ele ainda ajuda a viver mais. Um estudo realizado pela American Academy of Sleep Medicine provou que dormir bem é um dos segredos para a longevidade. A partir da análise de 2.800 pessoas, os resultados mostraram que cerca de 65% das pessoas relataram que sua qualidade de sono foi boa ou muito boa e o tempo médio diário de sono foi 7,5 horas, incluindo cochilos.

Porém, para algumas pessoas, uma boa noite de sono não é conquistada tão facilmente. A insônia pode ser decorrente de problemas de saúde. "O problema pode ser decorrente de transtorno ansioso, quadro depressivo, problemas neurológicos como a síndrome das pernas inquietas, apneia do sono ou mesmo um transtorno chamado de movimentos periódicos do sono, entre outros", enumera Stella Tavares, neurofisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Mas, antes de pensar que o problema é de saúde, vale cogitar: será que você está tendo hábitos saudáveis antes de dormir? "Alguns costumes como uso excessivo de computadores, alimentação pesada antes de dormir e situações de tensão podem sim prejudicar o sono", lista Daniel Inoue, médico especialista em Medicina do Sono do Hospital Santa Cruz de São Paulo. Para resolver o problema nesses casos, listamos alguns cuidados que podem ajudar a melhorar a qualidade do seu sono. Mas se nada disso funcionar, vale então procurar um médico.

Escolha o melhor travesseiro

Ao pensar em um bom travesseiro, é importante sempre levar em conta a posição em que você dorme. "Ao deitar-se de lado, é importante que ele seja mais alto, para que o pescoço fique alinhado com resto da coluna. Agora, se você deita de barriga para cima, o ideal é usar um travesseiro mais baixo, para que a cabeça não fique muito acima", considera o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Agora, se sua posição favorita é de bruços, o ideal é não usar travesseiro nenhum.

Porém, essas regras se invalidam caso você tenha algum problema específico de saúde. "No caso de doenças associadas como o refluxo gastroesofágico e também algumas cardiopatias, a recomendação por travesseiros mais altos é feita", recomenda Daniel Inoue, médico especialista em Medicina do Sono do Hospital Santa Cruz de São Paulo. 

Quanto ao material, vale escolher o que você preferir. Alguns conservam suas características por mais tempo, como o de viscoelástico, por exemplo. Mesmo assim, sempre que você perceber que o travesseiro está ficando mais baixo, o ideal é comprar outro. "A troca deve ser feita quando apresentarem deformidades ou algum tipo de incômodo para a pessoa dormir", alerta Inoue.

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