12.10.2011

Duas drogas aumentam em meses sobrevida no câncer de mama


FDA estuda aprovação de medicamentos, apresentados em congresso nos EUA
Duas novas drogas podem retardar em vários meses o avanço do câncer de mama, mesmo em estágio avançado, lançando novas opções para tratamento de mulheres com a doença. As drogas são resultado de pesquisas de laboratórios diferentes: pertuzumab, da Genentech, e everolimus, da Novartis. Em ambos os casos, ensaios clínicos comprovaram que os dois medicamentos conseguem prolongar a vida. Os resultados dos dois estudos foram publicados no The New England Journal of Medicine e apresentados, esta semana, no San Antonio Breast Cancer Symposium, nos EUA.
A droga pertuzumab foi concebida para complementar o tratamento com Herceptin, um remédio campeão de vendas do laboratório Genentech. Foi usada em 20 pacientes cujos tumores da mama têm níveis elevados de uma proteína chamado Her2. Ambos os medicamentos bloqueiam a ação da proteína, mas de maneiras diferentes.
Num ensaio clínico em estágio final envolvendo 808 pacientes, mulheres foram aleatoriamente escolhidas para receber pertuzumab, Herceptin e docetaxel nas sessões de quimioterapia. A média de sobrevida das pacientes aumentou, em média para 18,5 meses. Significativamente maior do que a sobrevida de 12,4 meses para aquelas que recebem um placebo, Herceptin e docetaxel.
_ O medicamento permite melhoria na sobrevida de cerca de seis meses _ disse o Dr. José Baselga, chefe de hematologia e oncologia do Hospital Geral de Massachusetts. _ Isso é enorme. Por qualquer critério que queremos analisar, este estudo é clinicamente muito significativo.
Dr. Baselga foi investigador principal do estudo de ambos os medicamentos, pertuzumab e everolimus. Segundo o médico, o estudo também mostrou que a adição de pertuzumab ao coquetel de quimioterapia não aumentou a disfunção cardíaca, um efeito colateral preocupante de Herceptin. O laboratório Genentech e sua empresa-mãe, Roche, já requereram a aprovação das agências governamentais para a entrada do medicamento no mercado, nos Estados Unidos e na Europa.
Nos EUA, a Food and Drug Administration revogou recentemente a aprovação de outro fármaco Genentech, o Avastin, para o tratamento de câncer de mama. A agência quer aprovar apenas medicamentos que garantam o prolongamento da vida. A Dra. Sandra J. Horning, chefe de ensaios clínicos do câncer da Genentech, disse que os resultados na progressão tumoral do pertuzumab são muito mais confiáveis do que os resultados dos primeiros estudos do Avastin, que depois teve contestados resultados da segunda fase de estudos clínicos.
No caso do medicamentos da Novartis, everolimus, trata-se de um comprimido já vendido sob o nome de Afinitor para tratar câncer de rim e alguns tumores raros. O laboratório Novartis solicitou agora aprovação do remédio também para tratamento de câncer de mama. O enasio clínico apresentado envolveu 724 mulheres em período pós-menopausa, com câncer de mama metastático. As mulheres que tomaram uma combinação de everolimus e exemestano apresentaram sobrevida de 7,4 meses, comparada com 3,2 meses para aquelas que tomaram um placebo mais exemestano. O medicamento exemestano, também conhecido pelo nome de marca Aromasin, priva os tumores de estrógeno, que pode ser o combustível de seu crescimento. O medicamento everolimus é usado para inibir a mTOR, proteína que estimula o crescimento do tumor, depois que ele se torna resistente à terapia hormonal.
_ Esta é a primeira vez que temos uma estratégia para reverter a resistência do sistema endócrino. Esta resistência sempre foi o Santo Graal da terapia para tumores endócrino-positivos _ avaliou Dr. Baselga.
O everolimus custa cerca de US$ 7,000 por mês, quando usado para o câncer renal. A droga pode ter significativos efeitos colaterais, como feridas na boca, infecções pulmonares e inflamação.
_ É preciso evitar que a terapia hormonal, que é relativamente bem tolerada pelo organismo, se torne mais próxima à quimioterapia em termos de efeitos colaterais _ avaliou o Dr. Clifford A. Hudis, chefe do serviço de medicina do câncer de mama no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center.

O Globo

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