5.14.2012

Especialistas dos EUA aprovam medicamento para prevenção do HIV


Truvada (Getty/Arquivo)
O Truvada já usado no tratamento de portadores do HIV nos EUA desde 2004
Um comitê de especialistas em saúde dos Estados Unidos apoiou, pela primeira vez, um medicamento para evitar a contaminação pelo vírus HIV.
O Comitê Consultivo sobre Drogas Antivirais, que aconselha a Agência Americana de Drogas e Alimentos (FDA, na sigla em inglês), aprovou o uso do Truvada, um comprimido de uso diário que deve ser usado por pessoas não infectadas que estariam correndo risco maior de contrair o vírus da Aids.
O uso do medicamento foi aprovado pelo comitê com 19 votos a favor e três contra para que o Truvada seja receitado para o grupo considerado de maior risco, homens não infectados que tem relações sexuais com múltiplos parceiros também homens.
Também foi aprovado, por maioria dos votos, a prescrição do Truvada para pessoas não infectadas que tem parceiros portadores do HIV e para outros grupos considerados em risco de contrair o vírus através de atividade sexual.
O uso do Truvada já foi aprovado pela FDA para pessoas que já tem o vírus HIV e é tomado junto com outros medicamentos.
Estudos realizados em 2010 mostraram que o Truvada, do laboratório californiano Gilead Sciences, reduziu o risco de infecção pelo HIV entre 44% e 73% em homossexuais masculinos saudáveis e entre heterossexuais saudáveis que são parceiros de portadores do vírus HIV.

É uma nova esperança para controlar o flagelo da sida. Um comité de peritos norte-americanos recomenda a utilização do Truvada, como tratamento preventivo, nas populações de risco.
Trata-se da combinação de dois anti-retorvirais, que já é utilizada por doentes com sida, e um estudo realizado nos Estados Unidos, Brasil e África do Sul mostra que pode ser eficaz na prevenção da doença.
Como sempre, as opiniões dividem-se: o comité considera que pode ser útil para homosexuais seronegativos, para os casais em que um dos elementos seja seronegativo ou ainda para indivíduos com atividade sexual de risco; mas algumas associações alegam que o uso do medicamento leva a comportamentos sexuais de maior risco.
A decisão cabe agora à FDA, agência americana dos medicamentos, que deve pronunciar-se até ao dia 15 de Junho sobre a colocação no mercado do Truvada.
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Oposição

A votação no comitê ocorreu depois de uma reunião de 11 horas em Silver Spring, Maryland, e uma longa sessão de comentários.
Alguns funcionários do setor de saúde e grupos ativos na comunidade de portadores do HIV foram contra a aprovação do uso do Truvada. Este grupos temem que os usuários do medicamento desenvolvam uma falsa sensação de segurança.
Eles também temem o surgimento de uma variante do HIV resistente ao remédio.
Também existe a preocupação com o alto custo do Truvada, que pode desviar recursos de opções mais baratas.
"Precisamos ir mais devagar. Eu me preocupo muito com minha comunidade para não falar de minhas preocupações", afirmou Joey Terrill, da Aids Healthcare Foundation, fundação que fez campanha contra a aprovação do medicamento.
"O Truvada precisa ser tomado todos os dias, 100% do tempo e a minha experiência como enfermeira registrada me diz que isto não vai acontecer", afirmou a enfermeira Karen Haughey.
No entanto, outros aprovaram a decisão do comitê.
"Isto nos coloca mais perto de um marco decisivo nos esforços globais de prevenção do HIV", afirmou depois da votação Mitchell Warren, diretor-executivo da Coalizão de Defesa da Vacina da Aids.
A FDA não é obrigada a seguir o aconselhamento do comitê, mas geralmente segue. A decisão final da agência americana deve ser tomada no dia 15 de junho.

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