Estado registra mais de 20 atentados nos últimos dois dias
Onda de violência atinge cinco cidades de Santa Catarina, além da capital Florianópolis. Ônibus foram incendiados e bases policiais atacadas.
O ônibus incendiado por bandidos na zona norte de Florianópolis foi o terceiro de ontem para hoje. De acordo com testemunhas, dois homens encapuzados entraram no veículo, mandaram os passageiros descer e colocaram fogo. As chamas atingiram a rede elétrica e mais de 100 casas ficaram sem luz.
Os criminosos também fizeram disparos contra uma delegacia. Um carro da polícia foi queimado no mesmo local e uma base da Polícia Militar foi atingida por 16 tiros. Ninguém ficou ferido. A central de monitoramento da PM também foi alvo dos bandidos. Segundo a Polícia, um homem disparou três vezes contra o prédio e depois fugiu.
Outros cinco municípios de Santa Catarina registraram, durante a madrugada, ataques de criminosos. Em Criciúma, no sul do estado, bandidos dispararam contra o presídio. Dois ônibus foram parcialmente queimados. Toda a frota da cidade foi recolhida para as garagens e a população ficou sem transporte durante a madrugada.
Em Blumenau, Navegantes e em Itajaí, criminosos também queimaram um ônibus e cinco carros particulares. A delegacia de Camboriú foi atingida por tiros.
A Polícia Civil montou um grupo especial para investigar os ataques. A Secretaria de Segurança Pública, que investiga a autoria e a motivação dos atentados, não pensa em pedir ajuda federal e não acredita que alguma quadrilha tenha ordenado os ataques.
SSP divulga relatório com 27 detidos suspeitos de agir em ataques de SC
Autoridades dizem que ações estão ligadas a grupos em presídios.
Segundo Polícia Militar, 39 suspeitos de envolvimento foram identificados.
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No total, 12 pessoas foram detidas em Florianópolis, nove em Itajaí, duas em Blumenau e quatro em Palhoça, entre adultos e adolescentes. Ainda, conforme relatório da Polícia Militar, pelo menos 39 suspeitos de envolvimento foram identificados no estado.
Desde a tarde de segunda-feira (12), 25 ataques foram registrados em cinco cidades (veja infográfico). Ônibus foram incendiados em Florianópolis, Navegantes, Itajaí, Blumenau e Criciúma. Bases da PM e presídios foram alvo de tiros na região. Criminosos atearam fogo em carros particulares em Itajaí e em dois contêineres na capital.
De acordo com os órgãos de segurança de Santa Catarina, autoridades investigam a hipótese de que os ataques estão relacionados a denúncias de maus-tratos em presídios do estado. Conforme o delegado geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro, a principal linha de investigação aponta que há um grupo de presidiários que mantém contato com o exterior e coordena os ataques. “Mas não podemos detalhar para não atrapalhar as investigações”, explicou o delegado.
“Os atentados são uma reação dos criminosos não apenas por causa deste fator. Trata-se de um conjunto de circunstâncias, que inclui uma maior rigidez na segurança”, completou Pinheiro. Na terça-feira, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) determinou uma vistoria no presídio de São Pedro de Alcântara, depois de denúncias de presos.
Carros foram alvos de ataques nesta quarta-feira (14),
no Litoral Norte (Foto: Rafaela Martins/Agência RBS)
Segundo o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap),
Leandro Lima, todo o sistema prisional está aberto para ser fiscalizado.
“Existem denúncias e o Deap não vai acobertar. Tanto que é alvo de
força-tarefa. Mas o que vi até agora foi ação legítima do estado”,
disse. O diretor também não descarta que os ataques em Santa Catarina
podem ser coordenados por presos: “É um suspeita recorrente que
atentados como os registrados partam de dentro dos presídios. Mas é
necessário que a investigação aponte”.no Litoral Norte (Foto: Rafaela Martins/Agência RBS)
Na manhã desta quarta (14), o governador do estado, Raimundo Colombo, se reuniu com os secretários da Segurança, Cesar Grubba, e da Justiça e Cidadania, Ada de Luca, e deu apoio às equipes policiais que conduzem as investigações. Segundo Colombo, “os ataques contra o estado de direito são graves”. Segundo o Secretário de Segurança Pública, César Augusto Grubba, as informações sobre possíveis ameaças são apuradas.
Início dos ataques
Os ataques começaram na tarde de segunda-feira (12). Até a madrugada de terça (13), oito ocorrências foram atendidas pela polícia no estado. Em Florianópolis, três ônibus, uma viatura da Polícia Civil e o carro de um policial militar foram incendiados. Em Blumenau, criminosos atearam fogo em um ônibus e alvejaram o presídio da cidade. Em Palhoça, uma base da Polícia Militar foi atingida por tiros.
Em Criciúma, dois ônibus foram incendiados, um foi apedrejado e um presídio foi alvo de tiros. Na cidade de Navegantes, dois ônibus foram também foram atacados e incendiados. Em Itajaí, cinco incêndios foram registrados pelos bombeiros. Quatro carros estacionados na rua e um ônibus, na garagem, foram atingidos com coquetel-molotov.
Em Blumenau, por volta das 23h, um ônibus foi apedrejado e quatro homens jogaram dois coquetéis molotov, que não explodiram. Em Palhoça, um carro foi alvo de atentado também no bairro Vila Nova. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a ocorrência foi perto da 1h40.
Resposta da segurança
Após os ataques, a Polícia Militar iniciou as escoltas de ônibus e o reforço na segurança em diversas linhas da Grande Florianópolis e Blumenau, com incremento de policiamento nas áreas onde houve ataques. Na tarde desta terça (13), o 4º Batalhão da PM da capital se reuniu com as empresas de ônibus da região da Grande Florianópolis para discutir as ações de segurança.
De acordo com Major Neves, da PM, existem viaturas identificadas e não identificadas escoltando veículos em diversas rotas consideradas críticas. "Isso será feito até termos a sensação de tranquilidade", explicou ele.
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