2.18.2014

Número de mortos em confrontos em Kiev sobe para dezenove

Ucrânia

Conflitos são os piores desde o início das manifestações contra o governo

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Manifestantes se aquecem na manhã deste domingo (26) enquanto guardam barricada de protesto, na praça da Independência, em Kiev (Ucrânia)
Manifestantes se aquecem na manhã deste domingo (26) enquanto guardam barricada de protesto, na praça da Independência, em Kiev (Ucrânia) - Aris Messinis/AFP
(Atualizado às 20h50)
O número de mortos nos confrontos desta terça-feira na Ucrânia chegou a dezenove, incluindo sete policiais, no dia de maior violência desde que os protestos contra o presidente Viktor Yanukovych tiveram início, em novembro do ano passado. As manifestações foram motivadas pela decisão do governo de ceder à pressão da Rússia e rejeitar um acordo com a União Europeia, preferindo a ajuda financeira do Kremlin.
As forças do governo romperam as barricadas perto do estádio do Dynamo de Kiev e se dirigiram para os limites da ocupada Praça da Independência, horas depois de Moscou destinar 2 bilhões de dólares à Ucrânia, recursos que a Rússia estava segurando para pressionar o governo ucraniano a tomar uma medida contra os manifestantes pró-Europa. Os confrontos desta terça foram os piores desde os registrados no fim de janeiro, que deixaram quatro mortos, incluindo duas pessoas alvejadas com armas de fogo, e mais de 500 feridos.
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Imagens transmitidas ao vivo de Kiev mostraram a polícia atirando bombas de efeito moral e jatos d’água contra os manifestantes que haviam erguido uma barreira de pneus e madeira queimados. Os manifestantes também atiraram pedras e incendiaram carros, além de terem ateado fogo na sede do partido governista. Um dos civis mortos é um funcionário do Partido das Regiões, de Yanukovytch, que teve o corpo encontrado na sede que foi invadida pelos manifestantes.
Pelo menos 150 manifestantes ficaram feridos nesta terça, trinta deles com gravidade, segundo Oleg Mussiu, chefe do serviço médico da oposição. Do outro lado, cerca de 160 policiais foram hospitalizados, incluindo 35 em estado grave, indicou uma fonte oficial. O confronto ocorreu horas depois de os serviços de segurança emitirem um comunicado estabelecendo um prazo para os manifestantes saírem das ruas até a noite de hoje, ou enfrentarem “medidas duras”.
Autoridades aconselharam moradores a ficarem longe do centro da cidade. O serviço de metrô foi suspenso e a circulação de veículos foi restringida na capital. A liderança opositora convocou os manifestantes a permanecerem na praça. “Não vamos a lugar nenhum”, disse Vitaly Klitschko, líder do partido Udar e membro do Parlamento ucraniano. “Esta é uma terra de liberdade e vamos defender isso”, acrescentou, segundo a rede britânica BBC. Mulheres e crianças foram retiradas da praça central.
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Reações – Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais têm tentado convencer Yanukovich a se voltar para a Europa e sinalizam com a perspectiva de uma recuperação econômica com o apoio do FMI. Do outro lado, a Rússia acusa os EUA de intromissão e considera a escalada nos confrontos “um resultado direto da conivência de políticos ocidentais e estruturas europeias que fecharam os olhos às ações agressivas de forças radicais”.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca Jay Carney disse que o governo americano está consternado com os conflitos e urgiu o presidente ucraniano a retomar o diálogo com a oposição. “Força não vai resolver a crise”, disse Carney a jornalistas.
Impacientes com as negociações estagnadas com Yanukovich, os oposicionistas exigem uma reforma constitucional que reduza os poderes do presidente ou a formação de um novo governo.

Cronologia dos protestos na Ucrânia

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A recusa ucraniana - 29 de novembro

O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich (esq), ao lado do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz A União Europeia (UE) não conseguiu convencer a Ucrânia a assinar um acordo selando sua aproximação com o Ocidente, em função da pressão de Moscou, o que constitui uma derrota para os europeus. No final da terceira cúpula da Parceria Oriental entre a UE e seis ex-repúblicas soviéticas - Ucrânia, Geórgia, Moldávia, Bielo-Rússia, Armênia e Azerbaijão - os resultados foram aquém do esperado. Somente Moldávia e Geórgia assinaram o acordo. O presidente ucraniano Viktor Yanukovich explicou que, antes de firmar um acordo, Kiev necessita "de um programa de ajuda financeira e econômica" da UE. "Não se pode, tal e como quer o presidente ucraniano, pedir que paguemos para que a Ucrânia entre nesta associação", retrucou François Hollande, presidente da França. Saiba mais sobre por que UE e Rússia querem tanto a Ucrânia.

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(Com agências Reuters e France-Presse)

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