2.09.2012

Variação genética aumenta risco de infarto

Homens com determinada característica no cromossomo Y têm até 50% mais chance de transmitir aos filhos doença que leva ao enfarte

Efe

 Os homens com determinada variação do cromossomo Y têm até 50% maior probabilidade de transmitir aos filhos uma doença arterial que pode provocar enfarte, apontou estudo científico divulgado nesta quinta-feira pela revista "The Lancet".

Três pesquisas paralelas que analisaram o material genético de mais de 3 mil homens do Reino Unido identificaram em 90% deles uma das duas variações mais comuns do cromossomo Y, uma das quais parecia ligada ao maior risco de contrair a chamada doença arterial coronária (EAC).

A variação no haplogrupo I do cromossomo Y estava presente no DNA de 15% a 20% dos homens britânicos cujo sistema imunológico era mais propenso a desencadear uma inflamação, que provoca a doença arterial.

A EAC, que nos homens se desenvolve em média dez anos antes do que nas mulheres, estreita os vasos sanguíneos e reduz a quantidade de oxigênio no coração, o que pode causar angina e enfarte.

No Reino Unido, essa doença provoca 50 mil mortes por ano entre os homens. Os especialistas consideram agora que o efeito dessa variação genética poderia ser explicado pela influência do cromossomo Y sobre o sistema imunológico e inflamatório, o que situa essa parte do DNA no mapa genético de fatores responsáveis por problemas cardíacos.

"A principal novidade da descoberta é que o cromossomo Y parece desempenhar um papel no sistema cardiovascular, além do que todos já conhecidos na determinação do sexo masculino", detalhou o pesquisador Maciej Tomaszewski, do departamento de Ciências Cardiovasculares da Universidade de Leicester.

O efeito da variação sobre as possibilidades de ter um problema cardíaco também é independente de outros fatores de risco como ter a pressão sanguínea e o colesterol elevados.

"Uma dieta pobre ou fumar são causas importantes, mas os fatores herdados pelo DNA fazem parte dos elementos de risco", afirmou a médica Helen Wilson, da Fundação do Coração britânica.

Os pesquisadores pretendem agora identificar os genes correspondentes e determinar como agem no aumento do risco cardíaco.

"Essa descoberta pode levar a novos tratamentos para doenças cardiovasculares nos homens e em diagnósticos específicos que ajudem a medir a probabilidade que uma pessoa do sexo masculino tem de sofrer ataque cardíaco",
Estadao

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