12.26.2009

Refluxo aumenta em 70% risco de desenvolver câncer de esôfago



Problema atinge cerca de 20 milhões de brasileiros.
Contato de enzimas com parede do esôfago lesiona órgão.
Há duas razões principais responsáveis pelo aparecimento de problemas com a válvula gastro-esofágica. Os dois podem aparecer isoladamente ou juntos. O músculo do esfíncter, no fundo do esôfago, pode relaxar demasiadamente ou pode aparecer uma falha por onde o esôfago passa através do diafragma - a hérnia de hiato.

O Refluxo não mata, mas afeta a qualidade de vida. Só quem sofre com azia e regurgitação, quando o conteúdo estomacal segue goela acima e deixa aquele gosto azedo, sabe o que é.

Se fosse apenas o incômodo, menos mau.

O que preocupa, porém, é a relação com doenças pulmonares, hipotireodismo, dor torácica não cardíaca, obesidade e diabetes.

Como suas causas ainda não são bem conhecidas, os médicos tratam os sintomas com medicamentos e sugerem mudanças na alimentação e no estilo de vida.

Apesar dos avanços na cirurgia laparoscópica, o implante de uma válvula para corrigir o esfíncter problemático esta longe de ser consenso.


PROBLEMAS COM O MÚSCULO DO ESFÍNCTER

Em algumas pessoas pode não haver nenhuma explicação óbvia de por que o músculo não funciona da maneira como deveria, mas sabe-se que alguns fatores têm a sua influência: ter peso acima do normal, consumir bebidas alcoólicas em excesso, fumar, certas comidas (frituras, cebola, condimentos, chocolate e alimentos ácidos) e, ocasionalmente, alguns remédios. Todos esses têm mais possibilidades de causar problemas perto da hora de dormir, de forma que o risco de haver refluxo é maior quando você se deita.

A doença de refluxo pode aumentar em 70% o risco de uma pessoa desenvolver câncer no esôfago. Levantamento do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, mostra que, de 120 pacientes com esse tipo de câncer, 40% sofriam de refluxo. A intensidade e duração da doença podem contribuir ainda mais para o desenvolvimento do tumor.

Pacientes devem evitar café, chá, refrigerantes, bebidas alcoólicas e alimentos com muito molho

O refluxo, segundo o hospital, atinge cerca de 20 milhões de brasileiros. Já o câncer esofágico é o 6º mais comum entre os homens e o 8º entre as mulheres. Nos últimos anos, segundo o chefe de cirurgia abdominal do A.C. Camargo, Felipe José Fernandez Coimbra, a incidência de câncer no esôfago subiu de 10% para 50%.

É recomendado também que as pessoas não deitem logo após a refeição

Comum em pessoas com mais de 50 anos, o refluxo é causado pelo retorno do conteúdo do estômago ou do duodeno ao esôfago. A sensação causada é de azia e queimação. Com o contato constante das enzimas digestivas com a parede do esôfago, o órgão passa a apresentar lesões e tecido parecido com o do estômago. As células danificadas por esse processo sofrem mutações e podem se tornar cancerígenas.

O tratamento, segundo Coimbra, é feito com dietas e mudança de hábitos alimentares. Os pacientes não devem ingerir café, chá, refrigerantes, bebidas alcoólicas e alimentos com muito molho, principalmente o de tomate. É recomendado também que as pessoas não deitem logo após a refeição e mantenham o peso adequado. "Quanto mais tempo a pessoa fica sem cuidar do problema maior o risco de o caso se agravar", explica Coimbra.

Beber vinho moderadamente ajuda a evitar câncer de esôfago
Pesquisa feita na Califórnia testou variante tinta da bebida.
Consumo parece prevenir lesões que precedem os tumores.

Pesquisadores da Califórnia, estudando a relação entre o consumo de álcool e o adenocarcinoma de esôfago, deram de cara com uma curiosa relação. Os bebedores de uma ou duas doses de vinho tinto por dia apresentavam uma redução do risco de 56% da ocorrência de uma lesão pré-cancerígena chamada de esôfago de Barret.


Essa lesão ocorre quando a parede da região entre o estômago e o esôfago sofre alterações celulares por contato constante com o suco gástrico. A alteração ocorre em cerca de 5% da população e aumenta entre 30 e 40 vezes a chance do desenvolvimento do adenocarcinoma de esôfago.

A obesidade é um dos fatores de risco para o aparecimento do refluxo gastroesofageano que facilita o aparecimento do esôfago de Barret. A busca original dos pesquisadores era tentar entender o papel do consumo de álcool no desenvolvimento do câncer de esôfago.

Foram mais de mil adultos acompanhados por dois anos, Período durante o qual foram comparados o consumo de álcool, o tipo de bebida e fatores corporais e o aparecimento das lesões esofageanas. O consumo de álcool não se mostrou relacionado ao aumento do risco para alterações do esôfago. No caso do vinho tinto o efeito foi diretamente oposto.

Como ainda não se conhecem as causas para esse efeito benéfico, os pesquisadores se voltam para propriedades antioxidantes do vinho tinto. Acredita-se que os antioxidantes possam contrabalançar os efeitos danosos do ácido sobre a parede do esôfago. Antes que os apreciadores de vinho se animem, tomar mais do que duas taças por dia não aumenta o efeito protetor.

Da Agência Estado

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