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12.25.2009
Quando eu envelhecer
Lembrarei com saudade de todas as nossas brincadeiras. Lembrarei que a frustração de não ter tido um filho “macho” foi superada por ter tido uma caçula menina moleca. E que tentou me ensinar a colocar pipa no alto, e mesmo não conseguindo, se divertia a me ver sorrindo e sacudindo os braços pequenos e sempre magrelos que logo se cansavam e desistiam de manter o brinquedo no alto.
É piegas, mas agora escrevendo, parece que foi ontem. Nós dois. Bonés pra trás, enxada, pá e carrinho de mão. Pouco importava pra mim se a “brincadeira” era pesada, só queria estar perto.
Eu cresci, aprendi as minhas próprias brincadeiras e não me senti a vontade pra dividi-las. Chato isso. Mas, os valores já estavam enraizados e a essência da minha criação nunca se fez ausente. E acho que mesmo depois de “grande” consigo ver o desapontamento em pequenos flashes em minha memória, quando penso em agir diferentemente do que aprendi.
Costumo brincar e digo que tudo o que não presta em mim, eu herdei do meu pai. Tá, meu cabelo é “ruim”. Minha pele é oleosa e o meu nariz grande, sou teimosa, sofro de má circulação e ainda torço pro flamengo.
Besteira. A verdade é que tenho muito orgulho de ter herdado a dignidade de um homem gigante como o meu pai.
Quando eu envelhecer, quero contar aos meus filhos sobre o amor de pai pra filho. E vou contar pra eles da maneira que eu aprendi. Da maneira que ele me ensinou.
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