11.15.2010

Com Que Roupa Eu Vou?


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Em fevereiro de 2006, a Associação Médica Britânica (BMA) divulgou suas diretrizes sobre um assunto que sempre atormentou a classe médica: a Roupa de Trabalho.
Intitulado “HealthcareAssociated Infections”, o relatório condena com rigor o uso da gravata e do hábito de circular com aventais e jalecos fora dos ambientes hospitalares, por serem formas comuns de transferências de germes patógenos entre os clientes.
Estudo anterior do New York Hospital Queens, EUA, realizado em 2004, afirmava ter encontrado bactérias causadoras de doenças em cerca de metade das gravatas usadas pelos médicos. Vale lembrar que embora os aventais sejam lavados freqüentemente, as gravatas, por sua vez, raramente o são.

No Brasil, a moda das gravatas não é nova, mas recentemente temos visto aumentar o uso entre colegas médicos. Estar bem vestido aumenta a respeitabilidade e a confiança dos pacientes, que costumam até presentear os seus médicos com as melhores grifes.
Até os anos 80, os médicos costumavam vestir-se com camisas e calças brancas. Era mais ou menos o que a etiqueta chama de “esporte fino”.

Era assim que costumavam trabalhar nos hospitais, postos de saúde, Ministérios, Tribunais, Congresso Nacional e nos seus consultórios. Também vestidos de branco, trafegavam nos seus veículos (quase sempre fuscas) e nos espaços urbanos. Isto dava certo status e em geral, abria algumas portas, principalmente as bancárias...
Com o tempo, outras categorias passaram a usar o branco e pouco a pouco, nós médicos, mudamos.
O que mais se vê hoje, principalmente nas proximidades de ambientes hospitalares, é o profissional usando jalecos com brasões bordados nas mangas ou nos bolsos, estampando orgulhosamente o logo da sua instituição. Em algumas situações, o profissional usa aventais doados por instituições, que estampam suas logomarcas como mais uma forma de “marketing”.
São os chamados aventais “Fórmula 1”. Na verdade, os aventais não deveriam circular fora da área dos hospitais e clínicas, como forma de prevenção de infecções.

O relatório da BMA conclui que, além dos cuidados com as vestimentas, ainda vale a máxima de que lavar as mãos com água e sabão entre um procedimento e outro é a forma mais simples de evitar a propagação de infecções no ambiente hospitalar.
Nota 2 - estudos mais recentes mostraram a presença de germes patógenos em objetos utilizados pelos profissionais de saúde, tais como: miccrocomputadores, palms, telefones celulares e manuais. Todo o cuidado é pouco.
Saiba mais em: www.iht.com/articles/2006/03/01/opinion/edsokol.php...

SAIBA AINDA:


Higiene básica em hospitais


 

bastaria para conter superbactéria


Lavar as mãos e usar luva e avental 

evitariam a maior parte das ocorrências.
Deve ser evitado contato direto por 

pele com pacientes colonizados.o


É preciso refor
çar a diferença
entre portar a bactéria e desenvolver a doença
O contato direto por pele com pacientes colonizados - portadores das bactérias capazes de desenvolver a infecção - ou que já tenham desenvolvido a infecção é o que deve ser evitado, segundo especialistas em enfermagem, reunidos em debate sobre infecção hospitalar realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) semana passada, na capital paulista.
"A gente tem que investir nas medidas de prevenção, pois há risco de transmissão do paciente positivo para aquele sem KPC", afirma Luciana de Oliveira Matias, enfermeira e integrante do Centro de Controle de Infecções Hospitalares da Unifesp. "Se o profissional examina alguém com a bactéria, mas não higieniza as mãos, não limpa o instrumental, a possibilidade de transmissão aparece."A superbactéria é resistente a antibióticos por causa de uma enzima conhecida como KPC, podendo ir de pessoa a pessoa por um mecanismo conhecido como contaminação cruzada.
Soropositivos, pacientes recebendo quimioterapia, transplantados e aqueles hospedados em UTIs são mais suscetíveis a contrair a KPC"
Luciana de Oliveira Matias, enfermeira e integrante do Centro de Controle de Infecções Hospitalares da Unifesp
Segundo a especialista, é preciso reforçar a diferença entre portar a bactéria e desenvolver a doença. "A pessoa pode estar colonizada, mas não necessariamente desenvolver a doença", diz a enfermeira. "Fatores como idade, uso de antibióticos e a condição da defesa do corpo da pessoa pesam para a doença se desenvolver ou não."
A diretora de Enfermagem do Hospital São Paulo, Maria Isabel Carmagnani, chama a atenção para a responsabilidade com aqueles mais vulneráveis a infecções hospitalares. "É aquele mais debilitado que irá sofrer. A maioria de nós pode ser colonizada, mas o paciente com imunidade reduzida é mais fraco. Mesmo que o portador não desenvolva o problema, pode passá-lo a outra pessoa", afirma.
Qualquer pessoa em ambiente hospitalar está sujeita a ter contato com bactérias, porém é possível identificar grupos de risco. "Soropositivos, pacientes recebendo quimioterapia, transplantados e aqueles hospedados em UTIs são mais suscetíveis a contrair a KPC", afirma Luciana.
Prevenção x tratamento
A atenção para medidas de barreira para diminuir o contato de pele entre o portador da bactéria produtora de KPC e pessoas não colonizadas é o principal desafio das equipes hospitalares, pelo menos enquanto a capacidade dos antibióticos atuais não é aumentada.
Ao adotar uma política de instituição, por exemplo, não
sair do ambiente hospitalar
com o avental, com o tempo
os funcionários passam a saber
que precisam tomar cuidado"
Sonia Regina Ferreira, professora de enfermagem no Hospital São Paulo
"Para quem trabalha na área, é fundamental observar as precauções de contato. Lavar as mãos antes de entrar em contato com o paciente. No caso da KPC, especificamente, usar luvas e avental de manga longa", diz Luciana.
Para Sonia Regina Ferreira, professora de enfermagem no Hospital São Paulo, a segurança aos pacientes dentro de hospitais é uma questão corporativa. "Ao adotar uma política de instituição, por exemplo, não sair do ambiente hospitalar com o avental, com o tempo os funcionários passam a saber que precisam tomar cuidado."
"Infecções são quase sempre tratáveis, há bom investimento no tratamento de infecções. O problema é quanto à prevenção. Falta focar nas medidas de prevenção como não deixar faltar material básico, higienização", afirma Luciana. "O perigo está na transmissão de infecção. Ao entrar no ambiente hospitalar, já corro esse risco. Se o profissional que se aproximar também não fizer a higienização das mãos, é possível pegar infecção de outro paciente."
Ambiente hospitalar
A presença da Klebsiella pneumoniae com KPC está restrita, por enquanto, ao ambiente hospitalar. "Ao contrário, por exemplo do H1N1, o risco dessa bactéria é dentro do hospital. Não há registros de casos na comunidade", afirma Luciana.
No meio ambiente, a chance de sobrevivência da bactéria poderia diminuir pela presença de outros organismos, que competem na natureza.
O afastamento completo de pacientes colonizados tem como objetivo garantir que a bactéria multirresistente não se espalhe. "Nas enfermarias, os pacientes com KPC devem ficar sozinhos, completamente isolados. No caso de outros micro-organismos, até dava para colocar um do lado do outro", diz Luciana. "No CCIH da Unifesp, nós colhemos culturas de vigilância durante todas as semanas, de todos os pacientes internados."
Garantindo o isolamento
A atenção dos funcionários de hospital é a chave para manter a ameaça longe das ruas. "As medidas de cuidado devem valer para todos os profissionais envolvidos, não só enfermeiras. Todo mundo precisa lavar as mãos, limpar os instrumentos, limitar ao máximo as chances de transmissão."
Você não pode falar para a família: não pegue na mão dele. Eles querem o toque, querem pegar na mão, no cabelo. Para isso, nós oferecemos as luvas, o avental. Mas não é só dar o material, tem que ensinar a usar, como colocar"
Luciana Matias, da Unifesp
No caso dos parentes, o cuidado deve estar na orientação. "Você não pode falar para a família: não pegue na mão dele. Eles querem o toque, querem pegar na mão, no cabelo, no lençol, na mobília. Para isso, nós oferecemos as luvas, o avental", diz Luciana. "Mas não é só dar o material, tem que ensinar a usar, como colocar. Caso contrário o parente pode se contaminar e levar o risco para casa."
Para Maria Isabel, não é o caso de se limitar as visitas aos portadores da superbactéria. "Antigamente se resolvia esse problema simplesmente impedindo o acesso ao leito. Agora isso não existe, mas não podemos passar para o outro lado, com todo mundo entrando, sem lavar as mãos", afirma.
Outro problema está na administração de drogas, principal mecanismo para manutenção da resistência das bactérias. "Deve ser uma questão entre farmacêutico, médico, nutricionista, enfermeiro. Tudo para minimizar erros de medicação. Fora a parte de suprimentos, é preciso conferir o material que se compra, prazo de validade, equipamento."
Carbapemenase
Klebsiella pneumoniae é comum no corpo humano. Porém, ao portar um gene capaz de produzir uma enzima conhecida como carbapenemase, a bactéria passar a ser resistente a muitos antibióticos, inclusive os carbapenêmicos, usados para tratamento de infecções graves, como aquelas originadas em ambiente hospitalar.
Os casos de morte decorrem de infecções que podem acontecer em diversas regiões do corpo. Como os antibióticos não conseguem destruir as bactérias multirresistentes, a reprodução dos organismos unicelulares continua. Um tratamento inadequado do paciente pode acelerar o processo.
"Há algumas cepas [tipos diferentes da mesma bactéria] que não têm tratamento. Elas trazem um grande risco de morte ao paciente, assim como outros micro-organismos já conhecidos", afirma Luciana.
AcinetobacterPseudomonas e enterococos resistentes à vancomicina (ERV ou VRE, na sigla em inglês) são outros exemplos de bactérias multirresistentes que podem causar infecções hospitalares, afetando especialmente pacientes com sistema de defesa do corpo prejudicado

 

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