12.30.2011

Medicamento para todo tipo de virus

Fim das gripes?
Embora as vacinas contra a gripe tenham representado algum alívio para alguns, gripes e resfriados continuam sendo companhias muito incômodas para a grande maioria das pessoas.
Mas cientistas estão afirmando que os espirros, tosses e narizes congestionados, sem contar o mal-estar, logo poderão ser coisa do passado.
Tanto otimismo se justifica pelos últimos progressos sendo feitos rumo à criação de um novo tipo de medicamento, chamado antiviral.
Remédio antiviral
Da mesma forma que os antibióticos matam muitos tipos diferentes de bactérias, os antivirais poderão matar múltiplos vírus.
E, quanto falam em múltiplos vírus, os cientistas pensam desde nos vírus da gripe comum, até os muito mais ameaçadores, como os vírus causadores da hepatite e, possivelmente, até mesmo do Ebola e do HIV.
Isto poderia representar ainda o fim das epidemias - tanto das verdadeiras quanto das chamadas epidemias-susto - como a SARS e a gripe suína.
Como matar os vírus
Para fabricar os antivirais, Todd Rider e seus colegas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) estão utilizando uma abordagem incomum.
Eles estão conectando duas proteínas naturais, uma que detecta o vírus e outra que age como uma chave suicida, matando a célula assim que a primeira detecta o vírus.
Eles batizaram seu candidato a medicamento de Draco.
Já o Dr. Leo James, da Universidade de Cambridge, descobriu que as células têm um sistema interno que caça e mata os vírus - até então se pensava que, uma vez que o vírus adentrava à célula, a infecção era inevitável.
A equipe agora está trabalhando na criação de drogas antivirais que possam se ligar ao próprio vírus, matando-o dentro da célula.
A equipe do Dr. Peter Palese, da Escola Médica Monte Sinai, parece estar mais adiantada: eles criaram uma droga antiviral que se mostrou eficaz contra o vírus da gripe, mas que ainda não é tão boa contra outros vírus.
Cientistas querem criar medicamento que mate todos os vírus
Os vírus e as células humanas tornam-se intimamente ligados em uma infecção. Com isto, há muitos efeitos colaterais possíveis desses medicamentos. [Imagem: BBC]
Droga maravilhosa
Estas são apenas alguns exemplos das abordagens utilizadas. Ou seja, apesar dos progressos, os cientistas ainda não conseguem dizer exatamente como surgirá a solução mágica contra os vírus.
E, qualquer que seja o caminho, ainda há muitos desafios à frente.
Os vírus e as células humanas tornam-se intimamente ligados em uma infecção. Com isto, há muitos efeitos colaterais possíveis desses medicamentos.
O interferon, quando descoberto, nos anos 1950, foi tido como uma droga maravilhosa, um antiviral de amplo espectro.
Isto porque o interferon faz com que a célula infectada secrete um sinal de alerta para as outras células, permitindo que elas armem suas defesas naturais.
Entretanto, a droga também aciona o sistema imunológico, que envia glóbulos brancos para atacar a infecção, causando inflamações na área, febre e dores.
O interferon - na verdade uma classe de drogas, os interferons - ainda é usado para combater doenças graves, como o vírus da hepatite C. Mas trate uma gripe com interferon e o remédio literalmente lhe fará sentir-se pior do que a gripe o faria.
Draco
De todas as abordagens adotadas até agora contra os vírus, a Draco é a que desperta os maiores entusiasmos e as maiores críticas.
Como o interferon, a Draco também é uma proteína, com potencial para provocar uma resposta imunológica.
Isto pode ser ainda mais problemático no caso de um segundo tratamento.
Mas, pelo menos em camundongos, até agora a Draco não mostrou nenhuma resposta imunológica.
Como a Draco funciona
As proteínas naturais em uma célula infectada detectam a presença de um vírus - essas proteínas são sensíveis ao RNA, uma molécula genética única e presente em praticamente todos os vírus.
Os pesquisadores pegaram uma dessas proteínas naturais e ligaram-na a outra proteína natural, também presente em todas as células, que aciona a apoptose, a morte programada da célula.
Uma vez aplicada, a droga vai a todas as células no corpo, mas somente se torna ativa nas células infectadas.
Em uma questão de horas, a parte sensível ao RNA da droga detecta o vírus e faz a célula se suicidar. Quando a célula hospedeira morre, o vírus também morre.
BBC

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