Objetivo é descobrir um anestésico capaz de modular a resposta do organismo, que não pode ser anulada nem exacerbada pela droga
13 de julho de 2012 | 8h 09
Agência Fapesp
Divulgação
Ao passar por uma cirurgia, organismo libera citocinas inflamatórias
Uma pesquisa feita na Universidade Estadual Paulista (Unesp)
investigou o efeito dos dois anestésicos inalatórios mais usados – o
isoflurano e o servoflurano – na reação inflamatória desencadeada no
organismo após uma cirurgia.
A investigação foi feita em ratos submetidos a um procedimento para a retirada de um dos rins e revelou que a droga isoflurano causou maior liberação de uma das substâncias inflamatórias avaliadas.
“Quando passamos por uma cirurgia, o organismo entende que está sofrendo uma agressão e libera as chamadas citocinas inflamatórias. Elas ativam a coagulação sanguínea e ajudam a evitar hemorragias”, explicou Norma Sueli Pinheiro Módolo, coordenadora da pesquisa financiada pela FAPESP.
Segundo Módolo, essa reação é esperada mas não pode ser exagerada por causa do risco de trombose. “Estamos tentando descobrir um anestésico capaz de modular a resposta inflamatória. Ela não pode ser anulada, pois o paciente sofreria hemorragia. Mas também não pode ser muito exacerbada pela droga. Isso é importante principalmente em pacientes de maior risco, como cardiopatas”, disse.
Para comparar o efeito das duas substâncias, 16 animais foram divididos em dois grupos. Metade recebeu isoflurano e os demais, servoflurano. Amostras de sangue da cauda foram colhidas em quatro momentos diferentes: antes da aplicação dos anestésicos (M0), uma hora após a anestesia (M1), meia hora após a cirurgia (M3) e 24 horas após a cirurgia (M4).
“Medimos cinco diferentes citocinas inflamatórias: o fator de necrose tumoral alfa (TNF-?), o interferon gama (INF-?) e as interleucinas 12, 6 e 10. Com exceção da interleucina 10, que tem ação anti-inflamatória, as demais são todas pró-inflamatórias”, contou Módolo.
O resultado dos testes mostrou que as drogas causaram alteração significativa apenas na liberação do TNF-? e principalmente no grupo que recebeu a droga isoflurano.
O TNF-? é a primeira citocina liberada após uma lesão e tem a missão de ativar a chamada cascata inflamatória no organismo. “Em uma situação de trauma ou infecção, ela induz febre, ativa a coagulação, causa vasodilatação sistêmica e pode levar à hipoglicemia”, explicou Módolo.
No grupo do isoflurano, a concentração de TNF-? no sangue passou de 0 nanogramas por mililitro (ng/ml) no M1 para 10,54 ng/ml no M3, ou seja, logo após a cirurgia. Na análise feita no dia seguinte, a dosagem já havia caído para 4,55 ng/ml.
No grupo do sevoflurano, o TNF-? passou de 0 ng/ml no M1 para 4,43 ng/ml no M3. No dia seguinte, a dosagem havia caído para 1,76 ng/ml. “Foi possível perceber que o anestésico alterou a reposta inflamatória, mas não de forma exagerada. A situação já estava se normalizando no dia seguinte”, avaliou Módolo.
A pesquisadora ressalta, no entanto, que a investigação foi feita em animais sadios. “Imagino que um paciente hígido submetido a uma cirurgia relativamente simples não teria problemas com nenhum dos dois anestésicos. Mas em pessoas obesas, que já possuem mais substâncias inflamatórias no organismo, ou em cardiopatas, pneumopatas e recém-nascidos, talvez esses anestésicos possam causar uma resposta inflamatória mais exacerbada”, disse.
A equipe pretende seguir essa linha de investigação, primeiro avaliando o efeito das drogas em ratos com problemas de saúde e, no futuro, em seres humanos. “Também queremos investigar a ação de outros anestésicos, inclusive os endovenosos”, disse Módolo.
A pesquisa deu origem ao projeto de iniciação científica de Diego Freitas Tavares, que contou com Bolsa FAPESP.
A investigação foi feita em ratos submetidos a um procedimento para a retirada de um dos rins e revelou que a droga isoflurano causou maior liberação de uma das substâncias inflamatórias avaliadas.
“Quando passamos por uma cirurgia, o organismo entende que está sofrendo uma agressão e libera as chamadas citocinas inflamatórias. Elas ativam a coagulação sanguínea e ajudam a evitar hemorragias”, explicou Norma Sueli Pinheiro Módolo, coordenadora da pesquisa financiada pela FAPESP.
Segundo Módolo, essa reação é esperada mas não pode ser exagerada por causa do risco de trombose. “Estamos tentando descobrir um anestésico capaz de modular a resposta inflamatória. Ela não pode ser anulada, pois o paciente sofreria hemorragia. Mas também não pode ser muito exacerbada pela droga. Isso é importante principalmente em pacientes de maior risco, como cardiopatas”, disse.
Para comparar o efeito das duas substâncias, 16 animais foram divididos em dois grupos. Metade recebeu isoflurano e os demais, servoflurano. Amostras de sangue da cauda foram colhidas em quatro momentos diferentes: antes da aplicação dos anestésicos (M0), uma hora após a anestesia (M1), meia hora após a cirurgia (M3) e 24 horas após a cirurgia (M4).
“Medimos cinco diferentes citocinas inflamatórias: o fator de necrose tumoral alfa (TNF-?), o interferon gama (INF-?) e as interleucinas 12, 6 e 10. Com exceção da interleucina 10, que tem ação anti-inflamatória, as demais são todas pró-inflamatórias”, contou Módolo.
O resultado dos testes mostrou que as drogas causaram alteração significativa apenas na liberação do TNF-? e principalmente no grupo que recebeu a droga isoflurano.
O TNF-? é a primeira citocina liberada após uma lesão e tem a missão de ativar a chamada cascata inflamatória no organismo. “Em uma situação de trauma ou infecção, ela induz febre, ativa a coagulação, causa vasodilatação sistêmica e pode levar à hipoglicemia”, explicou Módolo.
No grupo do isoflurano, a concentração de TNF-? no sangue passou de 0 nanogramas por mililitro (ng/ml) no M1 para 10,54 ng/ml no M3, ou seja, logo após a cirurgia. Na análise feita no dia seguinte, a dosagem já havia caído para 4,55 ng/ml.
No grupo do sevoflurano, o TNF-? passou de 0 ng/ml no M1 para 4,43 ng/ml no M3. No dia seguinte, a dosagem havia caído para 1,76 ng/ml. “Foi possível perceber que o anestésico alterou a reposta inflamatória, mas não de forma exagerada. A situação já estava se normalizando no dia seguinte”, avaliou Módolo.
A pesquisadora ressalta, no entanto, que a investigação foi feita em animais sadios. “Imagino que um paciente hígido submetido a uma cirurgia relativamente simples não teria problemas com nenhum dos dois anestésicos. Mas em pessoas obesas, que já possuem mais substâncias inflamatórias no organismo, ou em cardiopatas, pneumopatas e recém-nascidos, talvez esses anestésicos possam causar uma resposta inflamatória mais exacerbada”, disse.
A equipe pretende seguir essa linha de investigação, primeiro avaliando o efeito das drogas em ratos com problemas de saúde e, no futuro, em seres humanos. “Também queremos investigar a ação de outros anestésicos, inclusive os endovenosos”, disse Módolo.
A pesquisa deu origem ao projeto de iniciação científica de Diego Freitas Tavares, que contou com Bolsa FAPESP.
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