12.16.2013

Mães enxergam caçulas menores do que são


  • Pesquisa australiana aponta por que os filhos mais novos têm dificuldade para se livrar do rótulo de “bebê da família”

O GLOBO
Percepção do tamanho do primeiro filho fica mais real com a chegada do segundo
Foto: StockPhoto




Percepção do tamanho do primeiro filho fica mais real com a chegada do segundo StockPhoto
MELBOURNE - O olhar materno não transforma os filhos apenas em “seres perfeitos”. Pesquisa australiana publicada na revista “Current Biology” aponta que elas também enxergam seus caçulas menores do que realmente são. A descoberta mostra a importância dos sentimentos para a percepção que as pessoas fazem do mundo.
Liderado por Jordy Kaufman, da Universidade de Tecnologia de Swinburne, em Melbourne, o estudo contou com a participação de 747 mães. Primeiro, elas relataram as diferenças da percepção do primeiro filho após o nascimento do segundo. Os pesquisadores descobriram que 70% delas experimentaram a sensação de ver o primogênito crescendo “da noite para o dia” após a chegada do caçula.
- Ao contrário do que muitos podem pensar, isso não acontece só porque o filho mais velho parece maior em comparação com o bebê - diz Kaufman. - Isso realmente acontece porque o tempo todo os pais estavam sob a ilusão de que seu primeiro filho era menor do que ele realmente era. Quando o segundo bebê nasce, o feitiço é quebrado e os pais agora conseguem ver o seu filho mais velho como ele realmente é.
Para explorar ainda mais essa mudança de percepção, os pesquisadores pediram que as mães estimassem a altura de seus filhos mais novos (com idade entre 2 e 6 anos), fazendo uma marca numa parede em branco. Quando compararam essas estimativas com a altura real do filho, eles descobriram que as mães haviam subestimado o tamanho do caçula, em média, em 7,5 centímetros. Quando se tratava do primogênito, as estimativas eram quase exatas.
- A implicação importante é que podemos tratar os nossos filhos mais novos como se eles fossem mais jovens do que realmente são - afirma Kaufman. - Em outras palavras, a nossa investigação potencialmente explica por que o “bebê da família” nunca supera esse rótulo.
O estudo ressalta a importância da descoberta para que as pessoas lembrem o quão personalizada pode ser a percepção do mundo de cada um.
- Nós não podemos confiar na precisão de nossas percepções - aponta Kaufman. - Nesse caso, isso mostra que os nossos sentimentos e conhecimentos dos nossos filhos afeta a forma como nós realmente os enxergamos. Mas é importante considerar que essa percepção pode realmente ser irreal.

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