Porque Serra deu passaporte diplomático para para pastores evangélicos ???
Juiz alegou que a concessão, alvo de muita polêmica, representa uma 'confusão entre Estado e religião incabível'
Na
decisão, o juiz da 7ª Vara Federal Cível Tiago Bologna Dias dá cinco
dias para os pastores entregarem o documento à Justiça e aponta que a
concessão do benefício aos religiosos representa uma "confusão entre
Estado e religião incabível".
"Na Ordem Constitucional vigente o Estado é laico,
há separação plena entre Igreja e Estado, de forma que é efetivamente
incompatível com a Constituição que líder religioso, nesta condição e no
interesse de sua instituição religiosa, seja representante dos
interesses estatais brasileiros no exterior", assinala o magistrado.
Tiago
Bologna Dias contesta o argumento do Ministério das Relações Exteriores
de que a concessão do benefício aos pastores atende ao "interesse do
País", uma das justificativas previstas na legislação sobre o tema.
Para
o magistrado, ainda que a legislação deixe em aberto algumas
possibilidades para a concessão do benefício, "isso não quer dizer
arbitrariedade, vale dizer, a opção de conveniência e oportunidade
deverá respeitar os parâmetros constitucionais, legais e regulamentares
incidentes e sua conformidade com os fins do instituto".Além disso, o juiz apontou que, além do alegado interesse do País, o Ministério deve explicar os motivos de forma mais detalhada para autorizar os passaportes, o que não foi feito na portaria envolvendo R. R Soares e sua mulher.
Na prática, o passaporte diplomático permite a R. R Soares e sua mulher entrarem e saírem de alguns países com relação diplomática com o Brasil sem a necessidade de visto ou qualquer outra burocracia. O passaporte, contudo, não dá imunidade diplomática a eles.
Religiões
Com menos de uma semana no cargo, em maio deste ano, José Serra concedeu o benefício para o pastor Samuel Ferreira e a mulher Keila, também pastora, da Assembleia de Deus. Ferreira é investigado na Lava Jato suspeito de lavar dinheiro de propina para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por meio da igreja em Campinas.
Apesar da repercussão negativa do caso, a Justiça de São Paulo negou o pedido liminar para a suspensão dos passaportes diplomáticos de ambos, também solicitado em uma Ação Popular de Ricardo Nacle. Foi a primeira vez, desde o começo da Lava Jato, que um investigado sem prerrogativa de foro recebeu o benefício dado a autoridades.
Segundo o Itamaraty, a política de conceder os passaportes a líderes evangélicos busca dar igualdade de tratamento às diferentes religiões, já que líderes católicos recebem o documento também. A gestão de Serra, contudo, já informou que pretende reavaliar as políticas de concessão de passaportes diplomáticos.
A reportagem encaminhou e-mail para a assessoria de R. R Soares e para a Advocacia-Geral da União, que representa a União na ação popular, mas ainda não obteve retorno.
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