IDADE E FERTILIDADE
Estudos recentes na Europa e Estados Unidos têm mostrado que o número de mulheres que tentam engravidar após os 35 anos têm aumentado nos últimos 20 anos.
O uso extensivo de métodos contraceptivos e a popularidade crescente das técnicas de reprodução assistida têm dado à mulher a impressão de que a fertilidade feminina pode ser manipulada em qualquer estágio da vida. Embora isto seja verdade em termos de controle de gestações não desejadas, acreditar que a fertilidade pode ser obtida no tempo mais conveniente para a mulher pode ser enganoso e pode resultar em subfertilidade futura.
Por quê?
Porque o que os dados nos mostram é que a fertilidade começa a diminuir já na metade da terceira década de vida. Além disto, a gestação em mulheres com idade acima de 38 anos têm risco aumentado de abortamento, trabalho de parto prematuro e desordens cromossômicas, como Síndrome de Down.
É claro que muitas mulheres com idade acima de 38 anos vão engravidar espontaneamente, mas várias necessitarão de tratamento. Como não há como saber quem terá dificuldade ou não para engravidar, a informação acerca dos risco da gestação em idade mais avançada deve ser oferecida a todas as mulheres.
Embora o postergar da maternidade seja comum nos tempos atuais, é importante que todas as mulheres saibam que esta decisão pode ter um impacto potencial sobre a sua saúde, a saúde do seu bebê e a possibilidade da subfertilidade ligada à idade. Somente com informação correta e qualificada é que as melhores decisões acerca do momento ideal para engravidar poderão ser tomadas.
MENOPAUSA PRECOCE E DOAÇÃO DE ÓVULOS
A parada de funcionamento do ovário antes dos 40 anos pode ser temporária ou perene. A situação temporária é mais rara e resulta de alterações imunológicas, ou seja, anticorpos que atuem bloqueando o funcionamento do ovário.
Desta forma, em algumas situações, podemos ter o retorno à fertilidade. Mais freqüentemente, essas situações são irreversíveis. Nesses casos, o programa de ovodoação pode ser interessante para o casal. A mulher que tem sua menopausa precoce pode receber óvulos doados. Ela é preparada com uso de hormônios e, em determinado momento, os óvulos doados são fertilizados com os espermatozóides do seu companheiro e colocados no útero, sendo mantido o uso de hormônios para sustentar a gestação.
Atualmente, estes casos têm sido feitos através de doação de óvulos por casais que também são submetidos à fertilização e que doam parte de seus óvulos ou através de banco de óvulos. Essa última situação é mais recente e resulta de congelamento de óvulos por mulheres que tiveram a produção de muitos óvulos durante um ciclo estimulado para fertilização, mas não utilizaram todos, mantendo-os congelados.
MENOPAUSA PRECOCE
A maioria das mulheres pára de menstruar em torno dos 50 anos. Quando a parada da atividade ovariana se dá antes dos 40, chamamos de menopausa precoce. O principal sinal é a ausência de menstruação, usualmente acompanhada de ondas de calor (fogachos).
As causas deste distúrbio muitas vezes são desconhecidas, mas algumas desordens auto-imunes como doenças da tireóide, diabete e vitiligo podem favorecer a entrada prematura da mulher na menopausa.
Do ponto de vista reprodutivo, a falência ovariana traz um prognóstico reservado para gestação. Se a paciente ainda responde a medicamentos que a ajudem a ovular, a reprodução assistida pode ser tentada. Caso contrário, é possível usar óvulos doados para a realização de fertilização "in vitro".
INFERTILIDADE E PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
À primeira vista, pode parecer um paradoxo. Por que se preocupar com infertilidade em países onde a miséria impera e não há recursos suficientes para alimentar, educar e criar postos de trabalho para a população já existente?
O que muitas vezes não percebemos é que, independente do nível social, a infertilidade gera sofrimento e, em países pobres, este sofrimento pode ser ainda maior. Por quê?
Porque, habitualmente, nestas populações a culpa da infertilidade, independente da causa, recai sempre sobre a mulher. Se uma mulher não constitui família, está muitas vezes condenada a exclusão social, a humilhações, a abusos ou a ocupar um lugar “de segunda”em casamentos poligâmicos.
Hoje, estima-se que haja mais de 186 milhões de mulheres inférteis nos países pobres. Estes dados fizeram com que neste ano de 2008 a Sociedade Européia de Reprodução Humana planejasse um programa de baixo custo para problemas de infertilidade, a ser testado por um ano, em algumas cidades da África.
Este programa será integrado a um processo mais amplo que contemple educação sexual, prevenção e tratamento para doenças sexualmente transmissíveis e HIV, mas que também ofereça oportunidades de gerar filhos àqueles casais que sofrem com o problema da infertilidade involuntária.
INFERTILIDADE - INVESTIGAÇÃO
As principais causas de infertilidade são anatômica feminina, masculina, hormonal feminina e sem causa aparente ou desconhecida.
Um casal é considerado infértil quando não consegue engravidar após um ano tentando sem sucesso. Portanto, a investigação do casal esta indicada após este período. Em casais cuja mulher tenha mais de 35 anos ou exista uma causa de infertilidade conhecida, a investigação pode iniciar antes.
A investigação envolve análise de hormônios e pesquisa de Clamídia no sangue da mulher , bem como métodos de imagem como ultra-som transvaginal e radiografia com contraste de útero e trompas. Quanto ao homem, a investigação é feita no sêmen, para examinar o número de espermatozóides, sua motildade e morfologia.
Esta investigação pode facilmente ser executada em um ciclo, desde que os exames comecem a ser realizados a partir do terceiro dia da menstruação. Desta forma, até 80%das causas de infertilidade serão descobertas nesta avaliação inicial. Exames de maior complexidade, como videolaparoscopia cirúrgica, poderão ser solicitados dependendo dos achados iniciais
INFERTILIDADE - PRINCIPAIS CAUSAS
A infertilidade pode ser definida como a incapacidade de obter gestação após 12 meses de relações sexuais sem o uso de qualquer método contraceptivo. Após este ano, recomenda-se que o casal procure atendimento médico para identificar se existe uma causa definida.Para as mulheres com mais de 35 anos que estão tentando engravidar, a investigação pode ser iniciada antes, já após seis meses de tentativa.
Estima-se que aproximadamente 15% dos casais irão investigar infertilidade. Mas, quais são as principais causas? O fator mais comum, que corresponde a 40% dos casos, são as alterações nas tubas uterinas, causadas geralmente por doenças inflamatórias ou endometriose. Logo a seguir, ocorrendo em 30% dos casos, vêm as alterações na qualidade e na quantidade dos espermatozóides. Os casos restantes de infertilidade estão relacionados a fatores hormonais, imunológicos ou não têm uma causa aparente.
A investigação das causas de infertilidade atualmente é realizada de forma muito rápida e simples, possibilitando que em aproximadamente um mês a maioria dos casais possa ter uma informação precisa de seu diagnóstico, o que irá facilitar as decisões acerca do melhor tratamento.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS E INFERTILIDADE
A infertilidade causa grande impacto emocional sobre o casal. A habilidade de conceber e gestar uma criança está relacionada a conceitos de feminilidade e masculinidade, simbolizando o ciclo da vida e, mais do que o casamento, a entrada na vida adulta. Os casais que experienciam dificuldades para engravidar passam por uma série de sentimentos, como depressão, culpa, isolamento social e raiva.
A infertilidade pode ser uma experiência bastante dolorosa para os casais. A maternidade é vista por grande parte das mulheres como um papel fundamental a ser desempenhado. Assim, quando existem dificuldades para conceber, podem surgir sentimentos de baixa auto-estima e de falha como ser humano. Quando fatores masculinos de infertilidade são diagnosticados, também os homens podem experimentar sentimentos de desvalia.
Sabe-se que os tratamentos também podem ser física e emocionalmente estressantes para o casal. Neste momento, é importante um suporte psicológico adequado, realizado por profissionais capacitados. Da mesma forma, a família também pode e deve ajudar, reforçando a importãncia do casal dentro das relações familiares e perguntando como eles gostariam que a questão da infertilidade fosse manejada pela família, respeitando estas decisões.
CONGELAMENTO DE SÊMEN
Alguns tipos de câncer, como tumores de testículo ou leucemias, muitas vezes acometem homens jovens, em idade reprodutiva. Nos últimos anos, devido a novos métodos de tratamento, têm-se observado taxas de cura cada vez mais significativas para qualquer tipo de câncer. Entretanto, alguns destes tratamentos, como quimioterapia ou radioterapia, podem causar infertilidade temporária ou permanente.
Hoje, já existe a possibilidade de congelar amostras de sêmen antes que o paciente inicie estes tratamentos. Este material pode ficar guardado por tempo indeterminado, de forma que o homem possa utilizá-lo para engravidar caso fique com infertilidade permanente. Muitos irão recuperar seu potencial reprodutivo e engravidar espontaneamente, mas caso isso não ocorra haverá sêmen guardado para ser utilizado.
Do ponto de vista psicológico, isto é muito importante para o paciente. A possibilidade de preservar sua fertilidade e, no futuro, poder gerar seus próprios filhos melhora a auto-estima e os sintomas depressivos, contribuindo para o processo de cura.
CONGELAMENTO DE ÓVULOS
Congelar óvulos para usar no futuro?? Existe mesmo isto?
Frequëntemente, recebemos este tipo de questionamento por parte de mulheres que não pretendem gestar agora, mas têm medo de perder seu potencial reprodutivo ao longo dos anos.
O congelamento de óvulos é uma realidade e tem sido usado já há bastante tempo para mulheres em idade reprodutiva que são acometidas por alguns tipos de câncer, como leucemias, linfomas, tumores de mama, entre outros. Neste grupo de mulheres, os tratamentos de quimioterapia ou radioterapia podem levar à infertilidade e o congelamento de óvulos é oferecido como uma forma de preservar a fertilidade antes de iniciar com estas terapias.
Entretanto, ao longo do tempo, as possibilidades de conservar óvulos passaram a ser utilizadas também por mulheres com mais de 35 anos, que, pelas mais variadas razões, acreditam que não vão engravidar a curto prazo e estão receosas de que o relógio biológico comece a se manifestar.
O que tem de ser salientado é que estas técnicas permitem conservar os óvulos, mas a obtenção de uma gravidez com este material vai depender de uma série de fatores, como o número de óvulos congelados, a qualidade destes óvulos após o descongelamento, as características dos espermatozóides do parceiro, entre outros.
Resumindo, o congelamento de óvulos é uma técnica indicada principalmente para mulheres com alguns tipos de tumores, com vistas a preservar a sua fertilidade, mas o seu uso por mulheres que pretendem somente postergar a maternidade também pode ser feito. As taxas de gestação ainda são mais baixas do que as obtidas com óvulos não congelados, mas os crescentes avanços na área da reprodução têm mostrado boas perspectivas com estas técnicas.
GESTAÇÃO APÓS OS 40 ANOS - MITOS E REALIDADE II
Outro dia, falamos um pouco sobre riscos maternos na gestação apos os 40. Mas, e os riscos fetais? Por decisão da natureza, todas as mulheres já nascem com milhares de óvulos e são estes mesmos óvulos que serão liberados durante toda a vida reprodutiva.
Com o passar do tempo, estes óvulos vão ficando mais suscetíveis a alterações nos cromossomas. Assim, quanto maior a idade da mulher, maior o risco da gestação ser acometida por alguma desordem cromossômica.
Mas, existe alguma maneira de evitar que isto aconteça?
O que existe são exames para identificação precoce destas alterações, que vão desde ecografias específicas até a coleta do liquido que envolve o bebê (amniocentese) para estudo genético.
O mais importante é estar informada, saber o que a medicina oferece, quais as indicações e riscos dos exames, para poder decidir o que melhor se ajusta a cada caso.
FONTE: Blogs
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