11.06.2008

Medicamentos definidos como relaxantes musculares (farmacologia, mecanismos e risco-beneficio)

Relaxante para as dores musculares

Relaxante para as dores musculares
Há no mercado uma panóplia imensa de pomadas, cremes e cápsulas específicas para o relaxamento muscular dos músculos.
Em caso de lesão dos mesmos. Podendo ser ingeridos ou aplicados por via de massagens na zona afetada, os relaxantes musculares têm intervenção imediata na dor, amenizando a tensão e o espasmo musculares, acarretando assim uma sensação de alívio.

Relaxantes musculares não são analgésicos

É importante notar que os relaxantes musculares não são analgésicos. Os analgésicos atuam diretamente no cérebro, promovendo a analgesia, mas não têm qualquer intervenção anti-inflamatória na lesão. 
Já os relaxantes musculares agem por via do bloqueamento neuromuscular, promovendo o relaxamento da musculatura.

Hoje em dia, contudo, a maioria dos relaxantes musculares que se podem comprar nas farmácias, sem necessidade de receita médica, são combinados com analgésicos e anti-inflamatórios, o que motiva uma ação mais abrangente sobre a lesão, mas acarreta também mais efeitos secundários indesejáveis a que convém estar sempre atento.

Tipos de relaxantes musculares

Os relaxantes musculares podem ser definidos conforme a área de intervenção onde serão usados. 

Deste modo, podem ter especificidades de cada tipo:

Relaxantes musculares de ação central
Este tipo de relaxantes atua a nível do sistema nervoso central, a nível do encéfalo ou da medula. São, por norma, utilizados para o alívio das dores músculo-esqueléticas e dos espasmos e para diminuir a espasticidade muscular que se verifica em diversas patologias neurológicas.
Podem ser usados no tratamento de doentes com Parkinson, que sofram de lesões da espinhal medula, em casos de paralisia cerebral e em pacientes com contraturas musculares motivadas por doenças do foro reumático, entre outras situações.

Relaxantes musculares de ação periférica
Estes relaxantes atuam a nível da junção neuromuscular, bloqueando assim a transmissão nervosa da dor, não afetando o sistema nervoso central. Chamados de curarizantes, estes fármacos são usados para promover o relaxamento muscular durante uma cirurgia ou para a execução de determinadas ações dos membros, tendo em vista diagnosticar ou tratar um problema. Também podem ser utilizados no tratamento do tétano e para a execução da ventilação mecânica.
Neste âmbito a escolha do relaxante muscular mais apropriado dependerá da duração da sua ação e das reações adversas que pode suscitar (apneia demorada, colapso cardiovascular, entre outros), em função dos efeitos para que é usado.

Relaxantes musculares de ação direta no músculo
Os relaxantes musculares aplicados diretamente na zona afetada são os mais utilizados pelas pessoas, porque também são os mais acessíveis, podendo comprar-se livremente nas farmácias. Na maioria dos casos estes relaxantes musculares são constituídos por anti-inflamatórios e analgésicos que potenciam o efeito de alívio, promovendo o relaxamento muscular.

Relaxantes musculares mais utilizados

Os relaxantes musculares mais conhecidos são a fenilbutasona, a carisoprodol e o tiocolchisídeo. Contudo, vc não deve se automedicar. Lembre-se que a maioria dos relaxantes musculares tem associado outro tipo de fármaco que podem acarretar efeitos secundários indesejáveis.

Relaxantes musculares
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O mecanismo de ação de vários dos elementos deste grupo não depende de uma ação periférica, mas sim de um efeito no SNC. Verdadeiramente relaxantes musculares de ação periférica são as substâncias curarizantes (bloqueadores neuromusculares não despolarizantes) que incluem o atracúrio, pancurónio e vencurónio; estes atuam por bloquearem a transmissão a nível da junção neuromuscular. Em relação a este grupo não serão dados mais pormenores porque a sua utilização carece de local e técnicos especializados. Além destes, o dantroleno também atua a nível periférico, neste caso diretamente sobre o mecanismo de contração muscular, uma vez que interfere com a disponibilidade de cálcio no interior das miofibrilas.

Os restantes elementos deste grupo (baclofeno, carisoprodol, ciclobenzaprina, clormezanona, orfenadrina, tiocolquicosido, tizanidina) constituem um grupo heterogéneo com mecanismos de ação complexos a nível do SNC e que não estão totalmente elucidados. Têm indicação no tratamento da espasticidade associada a diferentes lesões do SNC, nomeadamente esclerose múltipla, traumatismos cranianos e/ou medulares, acidentes vasculares cerebrais. No entanto, deve notar-se que nestas indicações apenas o baclofeno, a tizanidina e o já mencionado dantroleno têm eficácia estabelecida. O baclofeno é um agonista dos receptores GABA B e atua por deprimir a transmissão nervosa a nível da medula espinhal e provavelmente também a nível de centros nervosos mais altos. Este fármaco pode ser administrado por via oral ou por via intratecal. A tizanidina é um agonista dos receptores alfa-2 adrenérgicos que exerce a sua ação sobretudo a nível da espinhal medula. A orfenadrina é um anticolinérgico com utilidade semelhante à de outros anticolinérgicos no tratamento da doença de Parkinson e síndromes parkinsónicos e será analisada nesse subgrupo.

O carisoprodol, a ciclobenzaprina, a clormezanona e o tiocolquicosido são fármacos cuja utilidade clínica como relaxantes musculares nunca foi estabelecida. Estes princípios ativos existem comercialmente quer isoladamente quer em associação com outros. A sua utilização depende de uma correta avaliação da relação risco benefício.

A toxina botulínica é uma exotoxina produzida pelos Clostridia. É esta toxina a responsável pelos sinais e sintomas do botulismo. A administração por injeção IM, em músculos patologicamente hipercontraídos, do serotipo A da toxina butolínica é o tratamento de eleição em várias formas de distonias focais. As indicações terapêuticas da toxina botulínica têm vindo a expandir-se progressivamente. Atualmente além do sorotipo A também o sorotipo B está licenciado. O uso clínico da toxina botulínica obriga a um treino especializado. Por este motivo a sua prescrição foi restrita a meio hospitalar durante muitos anos. Desde 2002 uma das formulações da toxina botulínica A . É fundamental compreender que as unidades em que cada formulação expressa a potência do seu produto, embora tenham a mesma designação, não são equivalentes. A não observância deste aspecto pode conduzir a iatrogenia importante.

Fonte: Portal da Saúde

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