9.22.2010

Dengue: vacina a caminho

Brasileiros participam de teste do produto que vai imunizar contra os quatro tipos da doença
Cerca de oito mil brasileiros, moradores de quatro capitais do Brasil, vão participar de testes da nova vacina contra a dengue a partir de abril de 2012: Natal, Goiânia, Fortaleza e Campo Grande. Essa será a terceira e última fase dos testes no Brasil. O anúncio foi feito ontem pela Sanofi Aventis, farmacêutica que desenvolve o imunizante.

A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em parceria com a empresa, já está testando a vacina em 150 voluntários, com idades de 9 a 16 anos, em Vitória. Até ontem, cerca de 50 jovens capixabas já haviam tomado a 1ª dose do imunizante. Essa etapa do teste tem previsão para acabar no fim de outubro.

No total, serão 3 injeções, com intervalo de 6 meses entre cada uma. Segundo o vice-presidente de Desenvolvimento Clínico para a América Latina do laboratório, Fernando Noriega, a vacina será capaz de neutralizar os quatro sorotipos de dengue “por alguns anos”.

Testes semelhantes aos que estão sendo realizados no Brasil começaram a ser desenvolvidos em 4 mil crianças tailandesas, com idades entre 4 a 11 anos. Os resultados sobre a eficácia da vacina no serão divulgados no final de 2012.

O diretor do núcleo de doenças infecciosas da Ufes, Reynaldo Dietze, explica que a opção por fazer os testes em crianças e adolescentes deve-se à ‘migração epidêmica’: a partir de 2000, os casos de dengue no Brasil e no mundo acometeram, principalmente, menores de 18 anos. Em 2010, mais de 25% dos casos de dengue no Brasil aconteceram em menores de 15 anos. “Eles são mais vulneráveis, uma vez que não tiveram contato com alguns tipos de dengue”, explicou.

NO MUNDO

A pesquisa faz parte de estudo que envolve outros 5 mil voluntários em vários países. Por enquanto, no Brasil, nenhum voluntário teve qualquer reação adversa. Já nos outros países, houve relatos de efeitos semelhantes aos de outras vacinas: febre e mal-estar leves.

“Os voluntários tinham entre 2 e 45 anos. Conseguimos identificar resposta imunológica equilibrada contra os quatro sorotipos após três doses. Estamos muito confiantes e esperamos que ela esteja disponível ao público o quanto antes”, comemorou Noriega.

A Sanofi-Aventis está mais adiantada no trabalho, mas há mais dois laboratórios desenvolvendo o imunizante: o americano NIH, em parceria com o Instituto Butantan (SP); e Glaxo SmithKline, junto com a Fiocruz. O Ministério da Saúde não tem previsão de quando a vacina chegará ao público.
POR CLARISSA MELLO
O Dia

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