9.23.2010

Discutindo a Relação: QUANDO UMA ETAPA CHEGA AO FIM


Relações não duram porque maioria não enxerga o outro como ele é, diz psicólogo

Não há receita pronta para um relacionamento dar certo, mas alguns ingredientes podem ajudar. É disso que trata "Amar de Olhos Abertos", do psicólogo Jorge Bucay, um dos escritores argentinos mais incensados dos últimos tempos.

Bucay esteve no Brasil para lançar o livro (o primeiro em português), escrito com a colega Silvia Salinas --e a Folha aproveitou para "discutir as relações" com ele.

"Um dos motivos de fracasso é não trocar intensidade por profundidade, querer voltar aos tempos da paixão", diz Bucay

O que significa amar de olhos abertos?

Jorge Bucay - Gosto de uma definição que diz que o amor é a simples alegria pela existência do outro. Não é possessão, nem felicidade necessariamente. E por isso "com os olhos abertos". O amor cego não aceita o outro verdadeiramente como ele é.

Por que tanta gente prefere a intensidade da paixão, mesmo sabendo que é efêmera, a construir algo mais sólido?

É maravilhoso estar apaixonado e muitos preferem a intensidade superficial à profundidade eterna. Mas me pergunto como as pessoas pensam em ficar somente nisso. Qual o sentido de estar apaixonado perdidamente o tempo todo? Penso que é uma questão de maturidade.

Também tem a ver com a nossa sociedade, que adora emoções intensas. Procuramos correr mais rápido, chegar antes, desfrutar intensamente. A paixão é como uma droga: no seu momento fugaz faz pensar que você é feliz e não precisa de mais nada. Um olhar, uma palavra te levam aos melhores lugares.

Como construir uma relação mais profunda?

Seria bom estar preparado para saber que a paixão acaba. Amadurecer significa também desfrutar das coisas que o amor dá, como compartilhar o silêncio e não um beijo, saber que a pessoa está ali, ainda que não esteja ao meu lado. É preciso abrir os olhos, e isso é uma decisão. Ver o par na sua essência.

Mas primeiro é preciso estar bem consigo mesmo. Não se deve procurar o sentido da própria vida no companheiro ou nos filhos.

Você deve responder a três perguntas básicas nesta ordem: quem sou, aonde vou e com quem. É preciso que eu me conheça antes de te conhecer e que decida meu caminho antes de compartilhá-lo. Senão, é o outro quem vai dizer quem eu sou. E isso é uma carga muito grande.

O livro diz que as relações duram o que têm que durar, sejam semanas, seja uma vida.

Duram enquanto permitem que ambos cresçam. Significa conhecer-se, gostar de si mesmo, conhecer seus recursos e desenvolvê-los. Ao lado da pessoa amada, está a melhor oportunidade para isso. E essa é uma condição para construir um relacionamento. Um casal que não cresce, envelhece. E um casal que envelhece, morre.

O que leva ao fracasso?

Um dos grandes motivos de fracasso é não trocar intensidade por profundidade, viver querendo voltar aos tempos da paixão. Outro ponto de conflito é que as pessoas não conseguem deixar o papel que desempenhavam antes de casar, querem continuar sendo o "filhinho da mamãe", ou o "caçulinha da casa". Outro problema é a intolerância, a incapacidade de aceitar as diferenças, as pessoas discutem pelo dinheiro, pela criação dos filhos e, por fim, morrem sufocadas pela rotina.

E como enfrentar esses problemas ou desafios?

É preciso amor, atração e confiança. Comparo esses pilares a uma mesa de três pés. O tampo da mesa seria um projeto comum firme. Se faltar qualquer um desses elementos, a mesa cai. E sobre tudo isso deve-se montar outras coisas, como a capacidade de trabalhar juntos, de rir das mesmas coisas, de ser sexualmente compatíveis, sentir o outro como um apoio nos momentos difíceis. Às vezes a terapia ajuda, às vezes é um bom passaporte para a separação.

Como saber quando a relação chegou ao fim?

Se sinto que estou sempre no mesmo lugar, que me entedio, que não tenho vontade de estar com o outro, se sempre que saímos precisamos sair com outros casais pois não ficamos bem sozinhos, quando piadas como "o idiota do meu marido" ou a "bruxa da minha mulher" se tornam frequentes, algo não está funcionado.

No início do namoro a "adrenalina" da paixão suaviza até mesmo os defeitos que poderíamos perceber em nosso(a) namorado(a). Contudo, com o passar do tempo, parece que os defeitos dos enamorados germinam diante dos olhos. Costuma-se dizer, maldosa mente, que o "açúcar do confeito" acabou. Na verdade, ficamos mais à vontade em dizer ao outro o que gostaríamos que fosse diferente. Achamos que o amor está esfriando, mas aquele que ama e zela pela felicidade do outro também cuida dele.Infelizmente ele não está valorizando o seu amor.
Muitas vezes sofremos anos com as primeiras paixões, com os amores platônicos e outros afetos não realizados.
Mas pior é relacionar-se sem amor. E aqui falo principalmente daqueles casais que continuam juntos por hábito, por acomodação ou por esquecer o quanto a vida fica mais colorida quando amor e relação estão de mãos dadas dentro do nosso coração.


QUANDO UMA ETAPA CHEGA AO FIM
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te :
“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”
Fernando Pessoa

Quando o Casamento chega ao fim...

Nenhum casamento termina de uma hora para outra. O fim é construído no dia a dia, geralmente com pequenas coisas, atitudes ou palavras consideradas ínfimas, mas que têm o efeito de cupim, que age silenciosa, porém, initerruptamente. As pesquisas estão aí apontando um crescente número de divórcios no Brasil. As causas são muitas, sendo adultério e "incompatibilidade de gênios" as mais comuns. Outra que também aparece na lista é dificuldade financeira.

Seja lá porque razão for, o que quero enfatizar é que nenhum relacionamento termina por responsabilidade de apenas uma das partes. A outra, por menos que creia ou aceite, e por mais certa e com razão que esteja, também contribui. Desta forma, ao fim de um casamento, o melhor é que ambos os cônjuges façam um balanço equilibrado, juntos ou separadamente, e cada um identifique os próprios "erros" na relação.

É comum os homens apontarem "incompatibilidade de gênios", como causa porque deseja se separar da esposa. Já as mulheres não perdoam infidelidade e maus tratos. Quaisquer que sejam as razões que apontem, é bom estar certo de que, aquele cônjuge que se considera vítima, também contribuiu de alguma forma para o fim. Isso se dá porque a relação é a dois, e na convivência diária um age e outro reage, e vice-versa, de modo que os dois acabam sendo vítimas de si mesmos, dos próprios atos, escolhas, pensamentos, palavras...

Há divórcios que acontecem por razões inquestionáveis, como violação da integridade física (geralmente as mulheres são as vítimas). Há também casos de separações consensuais, onde os cônjuges concordam amigavelmente pelo fim da relação; e há ainda relacionamentos que chegam ao fim por razões mesquinhas e egoístas, como um dos cônjuges querer o fim do casamento por causa de uma terceira pessoa...

Separar-se simplesmente para casar-se com outra pessoa é uma atitude burra (perdoem-me o termo forte)! Ninguém jamais conseguirá ser feliz, se para tanto proporcionar a infelicidade de outro. As pessoas não são objetos que trocamos quando nos convém. A história prova que não dura muito e termina de forma bastante desagradável relacionamentos que para subsistir, teve que causar o rompimento de outro.

Sou de opinião que, afora os casos extremos, boa parte dos divórcios acontecem por orgulho das partes ou pelo menos de uma delas. É bom lembrar que quem pensa estar com toda a razão, geralmente é quem toma atitudes equivocadas, e que mais adiante coloca a pessoa numa encruzilhada, em que uma via conduz à humildade e consequente retorno; enquanto a outra exige orgulho elevado para manter a decisão.

Mas, seja como for, se a manutenção da relação chega a um nível insuportável, é melhor mesmo a separação, mas que esta aconteça de forma amigável, pois ex-cônjuges não é sinônimo de novos inimigos. Ademais, pode ser (e em muitos casos acontece) que as partes pensam friamente depois de um tempo e decidem reatar o relacionamento. Certo mesmo é que ninguém é culpado sozinho, a razão não está apenas de um lado, e principalmente ESTAR COM A RAZÃO NÃO É SINÔNIMO DE SER FELIZ...

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