1.11.2012

Exame de câncer de próstata tem grau elevado de imprecisão

Estudo revela que acompanhamento médico de rotina é mais eficaz na prevenção

Tara Parker-Pope
Um dos mais amplos estudos sobre câncer de próstata já feito nos EUA revela que o exame de PSA, comumente usado para prevenção da doença, tem um algo grau de imprecisão e não serve para salvar vidas. Agora, os médicos avaliam se homens mais jovens ou os que estão em risco muito elevado para a doença podem se beneficiar. O estudo foi coordenado pelo American Preventive Services Task Force, um grupo especial formado para analisar os dados. A conclusão foi a de que homens saudáveis não devem mais ser examinados rotineiramente para câncer de próstata, utilizando o antígeno prostático específico, ou PSA, e o exame de sangue. Essa decisão foi baseada em achados de cinco bem-ensaios clínicos controlados, incluindo um grande estudo americano chamado PLCO (abreviatura de próstata, pulmão e colorretal, para rastreio do câncer. Os especialistas analisaram testes de PSA testes em cerca de 77.000 homens, com idades entre 55 e 74 anos.
Em 2009, o PLCO já havia relatado que, apesar da triagem anual de PSA, foram detectados mais casos de câncer em grupos de homens que receberam cuidados médicos de rotina e haviam testado para câncer de próstata. Mas naquele ano os investigadores tinham disponíveis exames médicos que acompanhavam cerca de dez anos de história clínica dos pacientes. O problena é que o câncer de próstata pode levar vários anos para se desenvolver, e por isto os pesquisadores continuaram a coleta de dados de histórico médico, mesmo após a apresentação de resultados iniciais.
Em novo estudo publicado no The Journal of the National Cancer Institute, os cientistas revelam que o tempo de acompanhamento adicional não alterou a conclusão geral: o teste normal de PSA não salva vidas e pode levar a tratamentos agressivos, que deixam os homens incontinentes, impotentes ou ambos.
O teste de PSA é recomendado para homens a partir de 50 anos. Ele detecta uma proteína chamada antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês) e pode identificar a presença de células cancerígenas na próstata. Apesar de cerca de 12 dos casos de câncer terem sido encontrados entre os homens no grupo de triagem, o risco de morrer de câncer de próstata no estudo foi o mesmo para cada grupo, quer o câncer tenha sido detectado através do exame ou porque o paciente desenvolveu sintomas. As descobertas sugerem que o tipo de câncer geralmente detectado por rastreio do teste é de tão lento crescimento que, muitas vezes, é pouco provável que cause lesões, antes que o homem morra de outra causa.
_ Apesar de acompanhamento adicional, não há nenhum benefício em termos de taxas de mortalidade demonstráveis ​​para homens que tinham passado por testes de PSA, em comparação com o grupo que havia apenas feitos exames de rotina habituais, sem incluir o PSA _ comenta Gerald L. Andriole, principal autor do estudo PLCO deste ano e chefe de urologia da Faculdade de Medicina da Washington University.
Mesmo assim, os resultados não são susceptíveis de resolver o debate em torno do teste do PSA. Muitos médicos argumentam que o julgamento foi falho porque cerca da metade dos homens no grupo de triagem não fez mais de um teste de PSA durante o período experimental, o que torna difícil determinar o efeito real da triagem.
Após a conclusão do estudo, uma análise adicional levantou questões sobre se homens jovens saudáveis ​​poderiam se beneficiar de testes de PSA. Embora cerca de 300 homens dos 77.000 do estudo tenham morrido de câncer de próstata, o teste parece ter salvo algumas vidas entre homens mais jovens que não tinham outros problemas de saúde como diabetes ou pressão arterial elevada. Enquanto isso, permanece a conclusão geral de que o teste de PSA não gera benefícios. O dr. Andriole disse que pode pedir uma investigação adicional para apurar se os homens mais jovens deveriam ter um valor basal de teste de PSA (um nível de padrão mais rigoroso) ou se certos grupos com maior risco de câncer de próstata, como afro-americanos, ou homens com forte histórico familiar da doença, podem se beneficiar de exames de rotina.
_ Acho que a recomendação é que de que o homem médio faça exames de rotina e tenha acompanhamento médico regular. A triagem em massa provavelmente não é benéfica a todos. Vamos manter a discussão aberta sobre se há de fato subconjuntos de homens que possam se beneficiar do exame de PSA _ avaliou o urologista Gerald Andriole.
O Globo
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