Saiba mais sobre Asma:
A
asma é uma
doença inflamatória crônica das vias aéreas que ataca o sistema respiratório
[1], que resulta na redução ou até mesmo obstrução no fluxo de ar. Sua
fisiopatologia está relacionada a interação entre fatores genéticos e ambientais
[1] que se manifestam como crises de falta de ar devido ao edema da
mucosa brônquica,
a hiperprodução de muco nas vias aéreas e a contração da musculatura
lisa das vias aéreas, com consequente diminuição de seu diâmetro
(broncoespasmo).
As crises são caracterizadas por vários sintomas como:
dispneia,
tosse e
sibilos,
principalmente à noite. O estreitamento das vias aéreas é geralmente
reversível porém, em pacientes com asma crônica, a inflamação pode
determinar obstrução irreversível ao fluxo aéreo. As características
patológicas incluem a presença de células inflamatórias nas vias aéreas,
exsudação de plasma, edema, hipertrofia muscular, rolhas de muco e
descamação do epitélio. O diagnóstico é principalmente clínico e o
tratamento consta de medidas educativas, medicamentos que melhorem o
fluxo aéreo na crise asmática e anti-inflamatórios, principalmente a
base de
corticóides.
Epidemiologia
A asma afecta aproximadamente 5% dos adultos nos Estados Unidos.
Tanto os internamentos, para tratamento da asma, como os óbitos têm
aumentado. Em 1978, 2000 pessoas morreram devido à asma. Em 1988, o
número de óbitos tinha mais do que duplicado, para 4800 e em 1995 o
número de óbitos tinha subido para 5000. As razões para estes aumentos
da morbilidade e da mortalidade não são bem conhecidas. A taxa de
mortalidade em negros é mais elevada do que em brancos. Alguns
especialistas têm sugerido que a razão, para este facto, é a de que os
negros têm menos assistência médica. As mulheres têm taxas de
mortalidade menores do que os homens e as mais elevadas taxas de
mortalidade são entre pessoas com 65 anos de idade ou mais. Os óbitos,
nos indivíduos com mais de 65 anos, aumentam durante os meses de
Dezembro até Fevereiro (hemisfério norte), sugerindo que uma infecção
concomitante (gripe, pneumonia) contribui para o aumento do número de
internamentos e óbitos.
A asma é responsável no Brasil como a terceira causa de internamentos
dentro do Sistema Único de Saúde. Em 2007 foram registradas 273.205
internações por asma no Brasil, o que equivale a 2,41% das internações
totais, só ficando atrás das pneumonias e insuficiência cardíaca
congestiva e doenças renais.
Sinais e sintomas
Caracteristicamente à doença, os sintomas aparecem de forma cíclica
com períodos de piora. Dentre os principais sinais e sintomas estão: a
tosse, que pode ou não estar acompanhada de alguma expectoração
(catarro), dificuldade respiratória, com dor ou ardência no peito, além
de um chiado(sibilância). Na maioria das vezes não há expectoração ou se
tem é tipo "clara de ovo".
Os sintomas podem aparecer a qualquer momento do dia, mas tendem a predominar pela manhã ou à noite.
A asma é a principal causa de tosse crônica em crianças e está entre as principais causas de tosse crônica em adultos.
[2]
Classificação
De acordo com os padrões das crises e testes, a asma pode ser classificada
[1] em:
Asma intermitente; Asma persistente leve; Asma persistente moderada; Asma persistente grave.
Asma Intermitente:
- sintomas menos de uma vez por semana;
- crises de curta duração (leves);
- sintomas noturnos esporádicos (não mais do que duas vezes ao mês);
- provas de função pulmonar normal no período entre as crises.
Asma Persistente Leve:
- presença de sintomas pelo menos uma vez por semana, porém, menos de uma vez ao dia;
- presença de sintomas noturnos mais de duas vezes ao mês,porém, menos de uma vez por semana;
- provas de função pulmonar normal no período entre as crises.
Asma Persistente Moderada:
- sintomas diários;
- as crises podem afetar as atividades diárias e o sono;
- presença de sintomas noturnos pelo menos uma vez por semana;
- provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume
expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) >60% e < 80% do
esperado.
Asma Persistente Grave:
- sintomas diários;
- crises frequentes;
- sintomas noturnos frequentes;
- provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume
expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) > 60% do esperado
Diagnóstico
O diagnóstico é feito baseado nos sinais e sintomas que surgem de maneira repetida e que são referidos pelo paciente.
No exame físico, o médico poderá constatar a sibilância nos pulmões,
principalmente nas exacerbações da doença. Contudo, nem toda sibilância é
devido à asma, podendo também ser causada por outras doenças. Todavia,
nos indivíduos que estão fora de crise, o exame físico poderá ser
completamente normal.
Existem exames complementares que podem auxiliar o médico, dentre
eles estão: a radiografia do tórax, exames de sangue e de pele (para
constatar se o paciente é alérgico) e a espirometria que identifica e
quantifica a obstrução ao fluxo de ar. Teste de bronco provocação com
substâncias pró-inflamatórias; ex: histamina, metacolina. O asmático
também poderá ter em casa um aparelho que mede o pico de fluxo de ar,
importante para monitorar o curso da doença. Nas exacerbações da asma, o
pico de fluxo se reduz.
O exame "gold standard" para o diagnóstico da asma é a análise dos
valores de Óxido Nítrico exalados. O NO é um marcador direto da
inflamação e através da sua concentração em ppb (partes por bilião)
podemos inferir diretamente a gravidade do episódio.
A análise do FENO (Fracção do oxido nítrico exalado) permite para
além do diagnóstico da asma, avaliar a resposta ao tratamento e o seu
cumprimento. Avaliar a resistência a esteróides. Optimizar a dose
terapêutica. Efectuar uma retirada segura da terapêutica inalável.
Aumentar a eficiência económica no tratamento e diagnóstico da asma.
A execução deste exame não é tão dependente da colaboração do paciente como a espirometria.
É um exame fácil, fiável, seguro, sensível e reprodutível
É importante que seja feita a distinção entre a asma e a
DPOC,
mesmo em pacientes mais velhos, pois o controle de cada doença
contempla diferentes estratégias. A DPOC é confirmada por meio de um
teste de diagnóstico simples chamado "espirometria", que mede a
quantidade de ar (volume) que uma pessoa pode inspirar e expirar e a
rapidez com a qual o ar circular para dentro e fora do pulmão.
Para se tratar a asma, a pessoa deve ter certos cuidados com o
ambiente, principalmente na sua casa e no trabalho, além de usar
medicações e manter consultas médicas regulares. Técnicas
fisioterapêuticas se mostram bastante eficientes. Os medicamentos podem
ser divididos em duas classes: de alívio e de manutenção
[1].
Broncodilatadores
Utilizados principalmente como medicações de alívio para cortar uma crise de asma.
O
broncodilatador
é um medicamento, como o próprio nome diz, que dilata os brônquios
(vias aéreas) quando o asmático está com falta de ar, chiado no peito ou
crise de tosse. Existem broncodilatadores chamados beta2-agonistas -
uns apresentam efeito curto e outros efeito prolongado (que dura até
12h). Os de efeito curto costumam ser utilizados conforme a necessidade.
Se a pessoa está bem, sem sintomas, não precisará utilizá-los. Já
aqueles de efeito prolongado costumam ser utilizados continuamente, a
cada 12 horas, e são indicados para casos específicos de asma. Além dos
beta2-agonistas, outros broncodilatadores, como teofilinas e
anticolinérgicos, podem ser usados.
Sobretudo no século XIX, a
cannabis
proporcionou alívio para os asmáticos, pois produz dilatação dos
brônquios. Há três mil anos já se conhece este efeito terapêutico da
cannabis sativa
(1). O uso de THC em microaerossol tem eficiência
de até 60% como broncodilatador, sem efeitos parassimpáticos e efeitos
mentais mínimos
(2).
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