3.13.2012

Feira de ciências e engenharia reúne 325 projetos na USP

Trabalhos foram desenvolvidos por alunos do ensino fundamental, médio e técnico

Carlos Lordelo, do Estadão.educação
SÃO PAULO - Estudantes de todo o País estão reunidos esta semana, em São Paulo, para apresentar seus projetos de pesquisa durante a 10.ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Nesta edição, o evento expõe 325 trabalhos de 748 alunos de escolas públicas e particulares de ensino fundamental (8.º e 9.º anos), médio e técnico. A feira começou nesta terça-feira, 13, e termina na quinta, 15, em uma supertenda montada no estacionamento da Escola Politécnica da USP, no câmpus do Butantã, zona oeste. A entrada é gratuita.
Os autores dos melhores trabalhos serão premiados com medalhas, bolsas de iniciação científica, certificados e vagas de estágio. E, entre os finalistas de cada categoria, a comissão julgadora selecionará 9 projetos para representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia (Isef, na sigla em inglês), patrocinada pela Intel e marcada para os dias 13 a 18 de maio em Pittsburgh, nos EUA.
A Febrace agrupa projetos nas áreas de engenharia, ciências humanas e da terra, humanas, sociais aplicadas, biológicas, saúde e agrárias. Os trabalhos expostos foram selecionados entre 1.505 inscritos, submetidos diretamente pelos estudantes ou classificados de acordo com avaliação em feiras de ciências afiliadas.
Alunas do Colégio Engenheiro Juarez Wanderley, mantido pelo Instituto Embraer em São José dos Campos, representam a escola com uma máquina que produz sabão em barra reutilizando óleo de cozinha. O processo demora 20 minutos e o sabão, após secagem, fica pronto em dois dias. A ideia original era melhorar um equipamento feito por um ex-aluno do Juarez, mas as estudantes Candace Vasconcelos, Érica Pinheiro e Francielli Neves decidiram criar uma nova máquina.
"A antiga funcionava à pilha, demorava mais tempo e só produzia sabão líquido. Resolvemos fazer outra, que fosse mais rápida e entregasse sabão em barra", conta Candace, de 17 anos, que pretende prestar vestibular para Engenharia Civil na Poli, assim como sua colega Francielli, de 16. Érica, de 17, quer Biomedicina. Elas estão no 3.º ano do ensino médio e desenvolveram o projeto em uma disciplina extracurricular.
Potencial

Segundo a professora da Poli Roseli de Deus Lopes, coordenadora geral da Febrace, o evento visa a estimular a criatividade na escola. "Todo mundo nasce cientista, mas há escolas que destroem isso ao longo do tempo", afirma. Ela reconhece, no entanto, que o desafio não é exclusivamente brasileiro. E faz um apelo aos professores para que orientem os alunos a desenvolver olhar científico sobre problemas do dia a dia.
Na feira, diz Roseli, os aproximadamente 800 avaliadores são orientados a olhar não só o projeto final, mas o processo de produção do conhecimento. "Não é para eles se preocuparem apenas com o que é realmente inovador e pode gerar patente, mas avaliar as pessoas e a forma como elas chegaram até aqui. Ainda mais porque são alunos da educação básica."
Roberto Koji Onmori, professor da Poli e um dos avaliadores mais experientes, diz que busca até mesmo orientar os estudantes. "Como são muito imaturos, dou dicas de como escrever melhor de acordo com a metodologia científica. E quando vejo bons projetos, incentivo os garotos a corrigir os pontos fracos e avançar na ideia."
As sugestões de melhorias também partem do público. Segundo o aluno de curso técnico em eletrônica Denis Teixeira, de 16, um visitante esteve em seu estande e fez observações sobre aspectos que o estudante não havia pensado. Junto com o colega Lucas Orosque, de 17, Denis criou o Intelligent Road Service, sistema que avisa às seguradoras quando um motorista sofre acidente de carro.
Um sensor instalado junto com o air bag dispararia um alarme nas centrais de atendimento, informando a localização da batida e dados sobre o passageiro, e também cortaria o sistema de ignição. Denis e Lucas, alunos da Escola Técnica Rezende Rammel, do Rio de Janeiro, querem corrigir falhas do projeto para depois pedir a patente do sistema. "Vamos tentar vender para alguma montadora"

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