"A mortalidade pela asma aumentou nas últimas décadas, a despeito das
aquisições tecno-farmacológicas da medicina moderna. Muitos estudos estão sendo
realizados mundialmente para explicar as causas da mortalidade, destacando-se: a doença
não foi bem reconhecida; falha na orientação e esclarecimento dos pacientes (ou de suas
famílias); uso inadequado ou exagerado de bombinhas (geralmente por falha de orientação
do uso correto); os medicamentos não foram prescritos (ou ministrados) de maneira
correta; houve retardo no uso precoce da cortisona; falha no reconhecimento dos sinais de
alarme".
A Asma e suas Causas
A asma é uma doença grave que afeta pessoas de todas as idades, culturas e
localizações geográficas. Embora cada pessoa possa apresentar sintomas diferentes, a
definição de asma é muito específica. A doença consiste em um distúrbio
inflamatório crônico dos pulmões, caracterizada por chiado, falta de ar, opressão
torácica e tosse, a qual estima-se afetar mais de 100 milhões de pessoas em todo o
mundo. É por vezes uma doença grave e potencialmente fatal. Apesar dos esforços para
reduzir a morbidade e a mortalidade associadas à asma, a doença parece estar em
ascensão, especialmente entre crianças.
A asma é uma afecção grave que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida
de uma pessoa, e pode resultar em falta às aulas ou ao trabalho, bem como visitas não
programadas ao médico ou ao hospital. Embora não haja cura, é uma doença que pode ser
controlada, permitindo que a maioria das pessoas leve uma vida produtiva e ativa.
Também conhecida como "bronquite asmática" ou como "bronquite
alérgica", a doença acomete os pulmões e se acompanha de uma inflamação crônica
dos brônquios. Os conhecimentos iniciais sobre a asma eram restritos, mas com os avanços
da medicina nas últimas décadas, passou-se a conhecer melhor as suas causas, mecanismos
envolvidos, surgindo novos medicamentos e tratamentos.
"O primeiro passo no controle do asmático é o estabelecimento de uma boa relação
médico-paciente. O médico deve ser preparado para este tipo de abordagem, a ponto de
identificar as dificuldades inerentes a cada paciente, propondo-lhes soluções viáveis.
Cada paciente apresenta a "sua" asma, ou seja, a asma varia de pessoa para
pessoa, podendo mesmo variar numa mesma pessoa em diferentes fases de sua vida",
explica Dra. Maria Cândida Rizzo, pesquisadora associada à Disciplina de Alergia,
Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de
Medicina.
A especialista explica que a crise da asma pode ser assim descrita: "tosse
improdutiva, respiração curta, cansaço, chiado, rosto suado, inquietação, choro, às
vezes prostração ou vômitos ocasionais". Tudo isso ocorre porque existe um
obstáculo ao livre trânsito do ar nas vias aéreas: os brônquios e bronquíolos, que
conduzem ar respirado para os pulmões, são elásticos e seu tamanho interno aumenta ou
diminui durante os movimentos respiratórios. "Numa crise de asma, os brônquios
estão contraídos (broncoespasmo), a mucosa que reveste as vias aéreas está inchada
(edema) e as glândulas que produzem muco trabalham em excesso (gosma)", completa a
doutora. Ao mesmo tempo, ocorre um processo de inflamação nas vias aéreas, que atua
perpetuando a irritabilidade dos brônquios, mantendo a crise e a doença. Estas
alterações ocorrem em determinadas áreas dos pulmões, enquanto outras estão bem e
procuram compensar a oxigenação do organismo. Ao mesmo tempo, são acionados mecanismos
de defesa que auxiliam na melhora da crise e na resposta aos remédios.
Entretanto, é importante que uma crise seja prontamente medicada, pois os mecanismos
naturais de compensação podem ser ultrapassados com piora da falta de ar e do sofrimento
do doente. As crises, portanto, podem variar de intensidade. Quanto mais cedo se aprende a
reconhecer os sintomas iniciais, mais facilmente se consegue evitar que uma crise forte se
instale. A maioria das crises fortes pode ser prevenida porque a obstrução usualmente
progride em vários dias, havendo tempo para um tratamento, antes que se torne grave e
fatal. É rara uma crise súbita e rápida. O que acontece na maior parte das vezes é que
o paciente não valoriza os sintomas, o próprio médico pode não avaliar adequadamente a
gravidade do caso e uma crise pode complicar-se. "O paciente e sua família devem ser
orientados para que o tratamento seja iniciado o mais precocemente possível",
orienta Dra. Maria Cândida.
Tipos de Tratamento
Os medicamentos são de dois grupos: aqueles usados em crises, que combatem os
sintomas da doença, neste caso utilizam-se broncodilatadores e antiinflamatórios; e
aqueles usados para prevenir crises. O tratamento vai depender de uma série de fatores,
tais como o tipo de crise. "Cada pessoa é uma pessoa, cada crise é uma crise e o
tratamento vai ser diferente em cada ocasião da vida do paciente. O importante é seguir
as recomendações do seu médico, que o ajudará a escolher o melhor tratamento. Evite
repetir receitas antigas ou seguir conselhos de amigos ou balconistas de farmácia",
alerta Dra. Maria Cândida.
No entanto, o tratamento inadequado de pacientes com asma persistente é mais comum do que
se poderia imaginar. Esta foi uma das principais conclusões dos especialistas que
participaram do Congresso Mundial sobre Saúde Pulmonar e do 10
o Congresso
Anual da Sociedade Européia de Respiração (ERS), realizados recentemente em Florença,
Itália. O consenso geral aponta para a necessidade de comunicação mais clara entre
médicos e pacientes para conter a crescente epidemia mundial da doença.
Recente estudo apresentado no evento foi uma pesquisa italiana que incluiu 311 adultos e
305 crianças com asma, 100 pediatras, 200 clínicos gerais e 305 pais de crianças com
asma. Das crianças, 63% sofriam com a doença, apesar de relatarem adesão às
medicações preventivas inalatórias. No caso dos adultos, o percentual sobe para 67%.
Vários estudos demonstraram que a adesão ao tratamento inalatório, em geral, é baixa,
particularmente entre as crianças, atingindo cerca de 50% em média. Além disso, 60% dos
pacientes adultos e 57% das crianças relataram não conseguir fazer tudo o que pessoas
não-asmáticas fazem; 56% dos adultos e 50% das crianças relataram que não conseguiam
praticar atividade física. O prof. Walter Canonica, alergista do Departamento de Medicina
Interna da Universidade de Gênova, observou que há um descompasso entre o que os
médicos pensam e a realidade vivida pelos pacientes. "Os médicos consideram a
medicação eficaz para aliviar o sofrimento de seus pacientes enquanto estes afirmam que
ainda estão sofrendo".
A Asma na Infância e o Uso
de Corticosteróides
Nas maiores cidades do Brasil, conforme resultados do Estudo Internacional da Asma e
Alergias na Infância - ISAAC, mais que 20% dos adolescentes de 14 anos têm asma. A asma
é uma doença muito comum na infância e uma em cada 10 crianças tem asma. Falta de ar,
tosse, chiado, noites mal dormidas, consultas a médicos, nebulizações, injeções e, o
que é pior, limitações em jogos e brincadeiras, acabam deixando a criança insegura,
assustada, sem entender o que está acontecendo.
Os corticosteróides (orais ou inalatórios), usados para tratar alergias severas, são um
dos remédios mais eficazes disponíveis atualmente para o tratamento da asma. Eles
diminuem a inflamação e as respostas do sistema imunológico aos alergênicos aos quais
a pessoa é sensível. O conhecimento atual de que a asma é uma doença inflamatória
crônica tem justificado a administração cada vez maior e mais precoce dos
corticosteróides, como tratamento preventivo para as crianças. De acordo com o Prof. Dr.
Dirceu Solé, editor da Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, publicação da
Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia, "estes medicamentos têm
demonstrado efetividade independente da gravidade da asma, o seu uso precoce associa-se à
prevenção de alterações estruturais, controle dos sintomas, redução das
exacerbações agudas (hospitalizações), melhora da função pulmonar e diminuição da
hiper-responsividade brônquica".
Contra-Indicações dos
Corticosteróides
Entretanto, estudos recentes, de curto e médio prazo, têm associado o tratamento com
corticosteróides inalatórios, sobretudo o dipropionato de beclometasona (DPB) a retardo
de crescimento, mesmo quando utilizado em doses consideradas seguras (abaixo de 400
mcg/dia). Entre as várias causas de retardo de crescimento destacam-se: doenças
genéticas, problemas nutricionais, distúrbios hormonais e doenças crônicas. Entre
elas, a asma é apontada como causa significativa de baixa estatura em crianças. Na
população geral, a prevalência de baixa estatura é de 2 a 3%. Em pacientes alérgicos,
principalmente asmáticos, ela pode oscilar entre 2 e 10%.
De acordo com Dr. Dirceu, várias hipóteses têm sido apontadas para explicar a maior
freqüência de baixa estatura em pacientes asmáticos além do tratamento com
corticosteróides: o tempo de duração da asma, a idade de início (mais precoce), a
presença de alterações anatômicas dela decorrentes, e outros fatores principalmente
associados às formas mais graves são alguns dos pontos principais incriminados pelos
vários pesquisadores como responsáveis por tal retardo. Para o especialista, estudos
mais aprofundados ainda são necessários para que se possa identificar de modo mais
apropriado a real participação dos corticosteróides inalatórios no retardo de
crescimento observado em alguns pacientes.
Veja também:
- A Asma e suas Causas
- Tipos de Tratamento
- A Asma na Infância e o Uso
de Corticosteróides
- Contra-Indicações dos
Corticosteróides
- Veja Outros Artigos Relacionados ao Tema
Gordura abdominal agrava as alergias respiratórias
Acúmulo de tecido adiposo prejudica passagem de ar e também precisa de tratamento
POR Gislandia Governo
Rio -
Quem tem excesso de peso, principalmente uma grande quantidade de
gordura na região abdominal, terá grandes chances de apresentar males
respiratórios e processos alérgicos, alertam especialistas. A boa
notícia é que pessoas que sofrem com o problema podem recorrer ao projeto social Brasil Sem Alergia, que inaugurou semana passada centro de atendimento gratuito em Endocrinologia em Duque de Caxias.
O médico alergista e imunologista Marcello Bossois, coordenador da
ação, explica que o objetivo do centro de atendimento em Endocrinologia é
atenuar sintomas alérgicos e distúrbios respiratórios através de
orientação em relação ao controle da gordura abdominal.
“Não adianta tratar a alergia ou um problema respiratório, como a asma, se não tratar a obesidade, pois o acúmulo de gordura prejudica a passagem de ar no organismo, causando uma restrição respiratória. A rinite vasomotora, por exemplo, que é um tipo de processo alérgico, é um dos problemas frequentes causados pela obesidade”, destaca o médico.
PROBLEMA MUNDIAL
A rinite vasomotora apresenta os mesmos sintomas dos demais tipos de rinite, como espirros, congestão nasal, obstrução respiratória, mas segundo o especialista, o quadro de coriza é mais intenso.
Doença que afeta 35% da população em todo mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as alergias não têm cura, mas podem perfeitamente ser mantidas sob controle. Um ambiente limpo, livre de poeira e bem arejado, é um bom começo para se manter longe dos processos alérgicos, além de tratamentos especializados.
SAIBA MAIS SOBRE A ALERGIA E ONDE SE TRATAR
OBESIDADE
O excesso de peso também acarreta pressão física nos músculos torácicos inferiores e abdominais, atuantes na respiração, facilitando os quadros de apneias do sono.
SINAIS DE ALERGIA
Obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono (apneia); nariz com inchaço da mucosa nasal (rinite); olhos com vermelhidão e coceira da conjuntiva; náusea, urticária, inchaço dos lábios por intolerância a certos tipos de alimentos (alergia alimentar); erupções na pele, como eczema, urticária e dermatite de contato (alergias de pele).
AGENTES PRINCIPAIS
Poeira doméstica, pólen, mofo, poluição, fumaça de cigarro, cheiros fortes, mudanças de clima, certas drogas (penicilinas, sulfonamidas, anestésicos, salicilatos), alguns tipos de alimentos (nozes, frutos do mar, gergelim, clara, leite, trigo, milho), picada de inseto, pelos de animais.
AMBIENTE
Limpe periodicamente os filtros de ar condicionado, encape colchões e travesseiros ou utilize tecidos anti-alérgicos.
TRATAMENTO
Controle ambiental, vacinas antialérgicas e medicações para os sintomas.
MARQUE CONSULTA
As consultas devem ser agendadas somente pelo telefone do Brasil Sem Alergia: 2652-2175. As consultas são de segunda a sexta, das 9h às 18h, na Rua Conde de Porto Alegre 167, 25 de Agosto, Caxias. Lá também fica o centro de Endocrinologia. Novo local de atendimento abrirá dia 16, em Nova Iguaçu.
Cortinas: limpeza constante | Foto: Reprodução
“Não adianta tratar a alergia ou um problema respiratório, como a asma, se não tratar a obesidade, pois o acúmulo de gordura prejudica a passagem de ar no organismo, causando uma restrição respiratória. A rinite vasomotora, por exemplo, que é um tipo de processo alérgico, é um dos problemas frequentes causados pela obesidade”, destaca o médico.
PROBLEMA MUNDIAL
A rinite vasomotora apresenta os mesmos sintomas dos demais tipos de rinite, como espirros, congestão nasal, obstrução respiratória, mas segundo o especialista, o quadro de coriza é mais intenso.
Doença que afeta 35% da população em todo mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as alergias não têm cura, mas podem perfeitamente ser mantidas sob controle. Um ambiente limpo, livre de poeira e bem arejado, é um bom começo para se manter longe dos processos alérgicos, além de tratamentos especializados.
SAIBA MAIS SOBRE A ALERGIA E ONDE SE TRATAR
OBESIDADE
O excesso de peso também acarreta pressão física nos músculos torácicos inferiores e abdominais, atuantes na respiração, facilitando os quadros de apneias do sono.
SINAIS DE ALERGIA
Obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono (apneia); nariz com inchaço da mucosa nasal (rinite); olhos com vermelhidão e coceira da conjuntiva; náusea, urticária, inchaço dos lábios por intolerância a certos tipos de alimentos (alergia alimentar); erupções na pele, como eczema, urticária e dermatite de contato (alergias de pele).
AGENTES PRINCIPAIS
Poeira doméstica, pólen, mofo, poluição, fumaça de cigarro, cheiros fortes, mudanças de clima, certas drogas (penicilinas, sulfonamidas, anestésicos, salicilatos), alguns tipos de alimentos (nozes, frutos do mar, gergelim, clara, leite, trigo, milho), picada de inseto, pelos de animais.
AMBIENTE
Limpe periodicamente os filtros de ar condicionado, encape colchões e travesseiros ou utilize tecidos anti-alérgicos.
TRATAMENTO
Controle ambiental, vacinas antialérgicas e medicações para os sintomas.
MARQUE CONSULTA
As consultas devem ser agendadas somente pelo telefone do Brasil Sem Alergia: 2652-2175. As consultas são de segunda a sexta, das 9h às 18h, na Rua Conde de Porto Alegre 167, 25 de Agosto, Caxias. Lá também fica o centro de Endocrinologia. Novo local de atendimento abrirá dia 16, em Nova Iguaçu.
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