A presença de Marina Silva produz efeitos colaterais
que ameaçam isolar o governador pernambucano no páreo da eleição
presidencial
por Mauricio Dias
—
Valter Campanato/ABr
Ela descostura por excesso de zelo
Que tente tapar o sol com a peneira quem quiser
tentar. Inútil. Não é possível mais esconder as trombadas entre Eduardo
Campos e Marina Silva e as consequências derivadas desse choque.
A relação entre os dois é um modelo novo de coligação entre um partido existente, o PSB, e um partido inexistente, a Rede Sustentabilidade. Por isso, Marina não é apenas ornamentação. Tem vez e voz.
A melhor imagem para explicar a aliança é a maternidade. O PSB seria a “barriga de aluguel”, onde está em gestação a Rede. A “barriga” de Marina, puxando votos, representa o ventre onde cresce a candidatura de Eduardo Campos.
As pesquisas de opinião dão indícios de que ela tem condições de transferir para Eduardo Campos parte de votos prometidos, até então, a ela. É possível considerar, pela última pesquisa Ibope, que os 6 pontos de crescimento (de 4% para 10%) do pré-candidato do PSB resultaram da retirada do nome dela da disputa. É, porém, mais um caso de suposição do que de ciências exatas.
Há sinais mais fortes que a transferência de votos. A presença de Marina provoca efeitos colaterais desastrosos para Eduardo Campos. Pode, por exemplo, isolar a quase solitária candidatura do governador de Pernambuco à Presidência da República. Ele precisa de aliados, de recursos e de tempo na televisão. O PSB, sem alianças, dispõe de 1m40s do horário eleitoral.
Nesse “casamento” com Marina, inesperado, Campos é quem faz a costura política. Para dentro e para fora. Presidente do PSB, ele tem poder incontestável na agremiação.
Marina descostura com a prática do excesso de zelo. É a guardiã da pureza política inalcançável. Ela já tem um boletim de ocorrências negativas grande para tão pouco tempo de atuação como parceira e virtual candidata à Vice-Presidência.
Desferiu o primeiro ataque contra Ronaldo Caiado (DEM), identificado como “inimigo histórico”. Recém-chegada ao PSB, ela não sabia que provocaria com a declaração o rompimento de uma aliança eleitoral que Campos costurava em Goiás. Mas não parou por aí. Bloqueou a aproximação do PSB com o PDT, partido que, na definição dela, conduz o Ministério do Trabalho “como um feudo”.
Na segunda-feira 4, criou atritos numa reunião, em São Paulo, para definir a estratégia política no maior colégio eleitoral do País. Ela defendeu a necessidade de ter um candidato próprio no estado. Tinha na bolsa o nome do deputado Walter Feldman.
Em São Paulo, o PSB trabalha, porém, pela reeleição do tucano Alckmin. E assim será. Marina perdeu. Há, inegavelmente, nessa aliança uma contradição entre o que parece ser novo com o que parece ser velho.
Campos é um político clássico. Não pede a carteira de identidade ao filiado. Foi ao Piauí para consolidar o apoio do ex-senador Heráclito Fortes, ex-DEM e agora do PSB, um político com feitos negativos que dispensam apresentação.
Não é possível, porém, imaginá-la dando as boas-vindas a Heráclito com um sorriso constrangedor ou, muito menos, com um beijinho amigável nas descomunais bochechas dele. Pelo apoio de Heráclito, Marina nunca iria ao Piauí.
A relação entre os dois é um modelo novo de coligação entre um partido existente, o PSB, e um partido inexistente, a Rede Sustentabilidade. Por isso, Marina não é apenas ornamentação. Tem vez e voz.
A melhor imagem para explicar a aliança é a maternidade. O PSB seria a “barriga de aluguel”, onde está em gestação a Rede. A “barriga” de Marina, puxando votos, representa o ventre onde cresce a candidatura de Eduardo Campos.
As pesquisas de opinião dão indícios de que ela tem condições de transferir para Eduardo Campos parte de votos prometidos, até então, a ela. É possível considerar, pela última pesquisa Ibope, que os 6 pontos de crescimento (de 4% para 10%) do pré-candidato do PSB resultaram da retirada do nome dela da disputa. É, porém, mais um caso de suposição do que de ciências exatas.
Há sinais mais fortes que a transferência de votos. A presença de Marina provoca efeitos colaterais desastrosos para Eduardo Campos. Pode, por exemplo, isolar a quase solitária candidatura do governador de Pernambuco à Presidência da República. Ele precisa de aliados, de recursos e de tempo na televisão. O PSB, sem alianças, dispõe de 1m40s do horário eleitoral.
Nesse “casamento” com Marina, inesperado, Campos é quem faz a costura política. Para dentro e para fora. Presidente do PSB, ele tem poder incontestável na agremiação.
Marina descostura com a prática do excesso de zelo. É a guardiã da pureza política inalcançável. Ela já tem um boletim de ocorrências negativas grande para tão pouco tempo de atuação como parceira e virtual candidata à Vice-Presidência.
Desferiu o primeiro ataque contra Ronaldo Caiado (DEM), identificado como “inimigo histórico”. Recém-chegada ao PSB, ela não sabia que provocaria com a declaração o rompimento de uma aliança eleitoral que Campos costurava em Goiás. Mas não parou por aí. Bloqueou a aproximação do PSB com o PDT, partido que, na definição dela, conduz o Ministério do Trabalho “como um feudo”.
Na segunda-feira 4, criou atritos numa reunião, em São Paulo, para definir a estratégia política no maior colégio eleitoral do País. Ela defendeu a necessidade de ter um candidato próprio no estado. Tinha na bolsa o nome do deputado Walter Feldman.
Em São Paulo, o PSB trabalha, porém, pela reeleição do tucano Alckmin. E assim será. Marina perdeu. Há, inegavelmente, nessa aliança uma contradição entre o que parece ser novo com o que parece ser velho.
Campos é um político clássico. Não pede a carteira de identidade ao filiado. Foi ao Piauí para consolidar o apoio do ex-senador Heráclito Fortes, ex-DEM e agora do PSB, um político com feitos negativos que dispensam apresentação.
Não é possível, porém, imaginá-la dando as boas-vindas a Heráclito com um sorriso constrangedor ou, muito menos, com um beijinho amigável nas descomunais bochechas dele. Pelo apoio de Heráclito, Marina nunca iria ao Piauí.
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