Medidas impopulares adotadas pelo prefeito de São Paulo, como o aumento do IPTU, provocam calafrios na cúpula do PT, que já prevê prejuízos eleitorais em 2014
Ao assumir o comando da prefeitura de São Paulo no começo deste ano, Fernando Haddad (PT) apresentou-se como um gestor de primeira linha. Disse que uma de suas prioridades era equilibrar o orçamento municipal, pois herdara uma cidade numa situação de insolvência. Em conversas com aliados, já prenunciava dificuldades nos primeiros meses de gestão. O que nem a população nem o PT, seu próprio partido, esperavam é que, na tentativa de solucionar os problemas, Haddad se envolveria em tanta polêmica e tomaria iniciavas tão impopulares em menos de um ano de mandato. A mais controversa delas é o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
PESO-PESADO
Petistas temem que o prefeito Fernando Haddad
se torne um fardo eleitoral em 2014
Para setores do partido, desde que assumiu o comando da capital paulista, Haddad demonstrou características pouco recomendadas a um político de qualquer época. É fechado ao diálogo e costuma ser intransigente. Foi assim na questão da passagem de ônibus. Mesmo com as manifestações populares de junho ganhando cada vez mais força pelo País, o prefeito mostrou-se irredutível em baixar a tarifa do transporte público em R$ 0,20. Só recuou depois que várias capitais anunciaram a redução. O posicionamento do prefeito de São Paulo foi ainda mais radical no aumento do IPTU. Desde que a iniciativa se tornou pública, associações de bairros, entidades de classe e até o Ministério Público tentam convencê-lo a recuar de sua sanha arrecadatória. A medida, segundo Haddad, enquadraria os valores do imposto aos novos preços dos imóveis valorizados pelo boom imobiliário. O argumento contrário, porém, é simples e mais lúcido: o IPTU não deve ser corrigido com base na valorização ou desvalorização como quer o prefeito, pois para isso já existe outro tributo. O IPTU deve e pode ser atualizado, sim, mas usando como base outros critérios, como a oferta de serviços públicos na área em que o imóvel está localizado. De tão polêmico, o projeto foi aprovado na Câmara dos Vereadores por uma diferença de apenas três votos. Apesar da sanção do prefeito na quarta-feira 6, uma liminar proíbe que o aumento do IPTU entre em vigor.
Em meio a tantas controvérsias, o desmantelamento da máfia dos fiscais também foi visto com preocupação no seio petista. Para integrantes da legenda, isso acabou por azedar a relação do PT com o ex-prefeito Gilberto Kassab, neoaliado da sigla. A leitura no PT é que Haddad conseguiu aquilo que nem a oposição esperava dele. Não conquistou a empatia do eleitorado paulistano tradicionalmente contrário ao PT e, ao mesmo tempo, afastou uma parte dos eleitores cativos da sigla na capital paulista .
EFEITO COLATERAL
Pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha
teme ser prejudicado por desgaste de Haddad
Nenhum comentário:
Postar um comentário