Manifestação anti-Dilma reúne milhares na orla de Copacabana
Participantes carregaram cartazes, gritaram palavras de ordem contra o governo e muitos pediram intervenção militar
Rio - Mais de 13 mil pessoas protestaram, na manhã deste domingo, contra a corrupção e a política atual de governo na Avenida Atlântica, em Copacabana, Zona Sul do Rio. Exaltados, muitos dos manifestantes pediam por uma intervenção militar e pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Curiosamente, os três carros de som que serviram como palanque para ativistas de direita parodiavam canções de artistas consagrados pela militância pela liberdade de expressão e pela democracia, como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Gonzaguinha.
Apesar do extremismo do discurso, o manifesto seguiu de forma pacífica por mais de quatro horas. De caras pintadas e empunhando bandeiras nacionais e cartazes contra o governo, no entanto, a maioria mostrava pouco esclarecimento político.
Com seu cachorro da raça maltês no colo, a moradora Teresa Silva garantia ser favorável à troca de comando. "Sou contra o PT e a Dilma. Temos que mudar", bradava. Ao ser informada que, em caso de impeachment, o vice -presidente Michel Temer assumiria o poder, ela confessou não saber como funciona a linha de sucessão. "Vamos fazer vários impeachments em sequência até que assuma alguém de direita", sentenciou ela, que confessou não saber quanto tempo duraria o processo de destituição do cargo.
Os moradores da Ilha do Governador Édson e Alessandra Costa levaram seus dois filhos, de 6 e 4 anos, para o ato: "Consciência política se aprende desde cedo. Queremos uma reforma política com intervenção militar. Alguém precisa tirar a Dilma do poder e botar ordem neste 'bordel 'que se tornou o Palácio do Planalto", disse Édson, que declarou não ter medo de uma nova ditadura e não considera o impeachment um golpe "nas atuais circunstâncias".
Mas foi por volta das 9h30 que um verdadeiro frisson tomou a multidão. Recebido com honras de chefe de estado junto à comitiva de 500 pessoas que o seguiu desde a sua residência, em Ipanema, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) foi anunciado pelo carro de som como "o amigo da família brasileira". Venha, vossa excelência", disse o líder do movimento União Contra a Corrupção. O hino nacional foi cantado em coro.
Os projetos sociais do atual governo também foram alvo de críticas. "O Bolsa Família desestimula as pessoas a lutarem pelo próprio pão!", sentenciou o médico Felipe Asdrúbal. Por volta das 11h, um manifestante foi agredido após abrir uma bandeira vermelha. O mecânico Rogério Martins, então, foi derrubado de sua bicicleta e hostilizado. A Polícia Militar o escorou e tirou do meio do grupo.
A maioria dos presentes, no entanto, caminhou em paz. O gerente financeiro de uma estaleiro holandês Gustavo Comes preferiu esperar a concentração enquanto tomava um chope tirado na hora no bar Príncipe de Mônaco, na altura do posto cinco. "Estou aqui para gritar contra o vandalismo social que vem sendo feito", garantiu ele, que veio da Barra da Tijuca.
Nas vestimentas, o amor à pátria era bordado pelo símbolo da Confederação Brasileira de Futebol, em camisas oficiais da seleção. Óculos de grife completavam a tendência. "Viemos de graça, ninguém nos pagou para estar aqui", afirmavam os manifestantes. Pelo chão, uma verdadeira lição de cidadania. Tão logo o manifesto se dissipou, o asfalto permanecia limpo, mesmo em tempos de greve dos garis.
Na última sexta-feira, dia 13, cerca de 4 mil pessoas, entre sindicalistas, integrantes de partido e integrantes do movimentos estudantis, participaram de um ato a favor da Petrobras na Cinelândia, finalizado com um abraço simbólico ao prédio dam empresa, na Avenida Chile. De acordo com o 5º BPM (Praça da Harmonia), que fizeram o patrulhamento do ato, não houve registro de confusão durante a caminhada e a concentração.
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