Dados do BC mostram que o descompasso atinge o mercado de forma geral, e até aumentou nos primeiros meses deste ano
São Paulo - A Caixa Econômica Federal não tem mais recursos da
poupança para emprestar ao crédito imobiliário. A aceleração do
ritmo de desembolsos dos empréstimos concedidos pela instituição
federal nos últimos anos, combinada à fuga dos investidores das
cadernetas, levou a esse descompasso.
poupança para emprestar ao crédito imobiliário. A aceleração do
ritmo de desembolsos dos empréstimos concedidos pela instituição
federal nos últimos anos, combinada à fuga dos investidores das
cadernetas, levou a esse descompasso.
“A caderneta só tem mais um ano, no máximo, de fôlego para
financiar o crédito imobiliário. Isso considerando o sistema como
um todo. Na Caixa, esses recursos já se esgotaram”, disse
anteontem ao Brasil Econômico Octavio de Lazari Júnior,
presidente daAssociação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança(Abecip), em entrevista após evento
promovido pelo Bradesco.
financiar o crédito imobiliário. Isso considerando o sistema como
um todo. Na Caixa, esses recursos já se esgotaram”, disse
anteontem ao Brasil Econômico Octavio de Lazari Júnior,
presidente daAssociação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança(Abecip), em entrevista após evento
promovido pelo Bradesco.
O Banco Central (BC) obriga os bancos a emprestar 65% do saldo
da poupança a crédito imobiliário. Outros 30% são recolhidos sob
a forma de depósitos compulsórios e 2% podem ser usados livremente
(leia mais sobre as regras para financiamentos na página ao lado).
Portanto, ter esgotado os 65% não significa que a Caixa não vai
mais oferecer financiamentos imobiliários com dinheiro da poupança.
De um lado, há os 2% livres e de outro, o dinheiro dos empréstimos
liquidados retroalimentarão o sistema.
da poupança a crédito imobiliário. Outros 30% são recolhidos sob
a forma de depósitos compulsórios e 2% podem ser usados livremente
(leia mais sobre as regras para financiamentos na página ao lado).
Portanto, ter esgotado os 65% não significa que a Caixa não vai
mais oferecer financiamentos imobiliários com dinheiro da poupança.
De um lado, há os 2% livres e de outro, o dinheiro dos empréstimos
liquidados retroalimentarão o sistema.
O problema pode ser mais sério na Caixa, mas não é só dela.
Dados do BC mostram que o descompasso entre o ritmo de
captação da poupança e a liberação de novos empréstimos
imobiliários se acentuou nos primeiros meses deste ano.
Até março, a poupança havia perdido mais de R$ 18 bilhões.
O saldo, assim, passou a R$ 512 bilhões. O aumento em 12 meses
foi de apenas 5,6%.
Dados do BC mostram que o descompasso entre o ritmo de
captação da poupança e a liberação de novos empréstimos
imobiliários se acentuou nos primeiros meses deste ano.
Até março, a poupança havia perdido mais de R$ 18 bilhões.
O saldo, assim, passou a R$ 512 bilhões. O aumento em 12 meses
foi de apenas 5,6%.
Os dados do crédito relativos a março ainda não foram divulgados
pelo BC. Mas, considerando os dados até fevereiro, quando o
saldo da poupança fechou em R$ 518 bilhões e o crédito imobiliário,
em R$ 444,8 bilhões, percebe-se que a alta do primeiro, de 8%, foi bem inferior a do segundo, que ficou em 24,5% em 12 meses.
pelo BC. Mas, considerando os dados até fevereiro, quando o
saldo da poupança fechou em R$ 518 bilhões e o crédito imobiliário,
em R$ 444,8 bilhões, percebe-se que a alta do primeiro, de 8%, foi bem inferior a do segundo, que ficou em 24,5% em 12 meses.
Em termos de fluxo, a diferença também é grande: enquanto as
concessões de crédito imobiliário passaram de R$ 9,2 bilhões ao
mês para R$ 12,6 bilhões (alta de 37%) em 12 meses, a captação
líquida da poupança passou de R$ 735 milhões negativos para R$
9,2 bilhões negativos. Ou seja, além de não crescer, a captação
ficou ainda mais negativa.
concessões de crédito imobiliário passaram de R$ 9,2 bilhões ao
mês para R$ 12,6 bilhões (alta de 37%) em 12 meses, a captação
líquida da poupança passou de R$ 735 milhões negativos para R$
9,2 bilhões negativos. Ou seja, além de não crescer, a captação
ficou ainda mais negativa.
Em janeiro, a Caixa havia aumentado os juros dos financiamentos
com recursos da poupança para inibir a demanda e retardar o
esgotamento do funding. A alta foi maior no segmento de imóveis
mais caros, onde não há limites impostos pelo BC. Além disso, há os financiamentos com outros recursos, desde FGTS, para programas
sociais, até fundings alternativos - esses, livres das regras do BC.
com recursos da poupança para inibir a demanda e retardar o
esgotamento do funding. A alta foi maior no segmento de imóveis
mais caros, onde não há limites impostos pelo BC. Além disso, há os financiamentos com outros recursos, desde FGTS, para programas
sociais, até fundings alternativos - esses, livres das regras do BC.
Procurada, a Caixa não concedeu entrevista mas, por meio de nota,
respondeu que sua prioridade no segmento habitacional é o
financiamento
de habitação popular, custeado em sua maior parte pelo FGTS.
No final do ano - último dado disponível - a Caixa tinha R$ 236,8
bilhões na poupança e R$ 339,8 bilhões e, crédito imobiliário;
o crescimento, no primeiro caso, foi de 13% e no segundo, de 25,7%
- quase o dobro. Em termos de participação no mercado, a Caixa
lidera em ambos: tinha, em dezembro, 67,7% do saldo dos
financiamentos a imóveis no país (que incluem programas sociais como
o Minha Casa Minha Vida) e 35,7% do saldo da poupança.
A captação líquida da poupança na Caixa foi de R$ 12,7 bilhões
em 2014. E as novas concessões de crédito imobiliário foram
de R$ 128 bilhões.Para completar o descompasso, a Caixa ampliou
o ritmo de captações das LCI: o saldo aumentou 69% em 2014,
totalizando R$ 87,3 bilhões.
respondeu que sua prioridade no segmento habitacional é o
financiamento
de habitação popular, custeado em sua maior parte pelo FGTS.
No final do ano - último dado disponível - a Caixa tinha R$ 236,8
bilhões na poupança e R$ 339,8 bilhões e, crédito imobiliário;
o crescimento, no primeiro caso, foi de 13% e no segundo, de 25,7%
- quase o dobro. Em termos de participação no mercado, a Caixa
lidera em ambos: tinha, em dezembro, 67,7% do saldo dos
financiamentos a imóveis no país (que incluem programas sociais como
o Minha Casa Minha Vida) e 35,7% do saldo da poupança.
A captação líquida da poupança na Caixa foi de R$ 12,7 bilhões
em 2014. E as novas concessões de crédito imobiliário foram
de R$ 128 bilhões.Para completar o descompasso, a Caixa ampliou
o ritmo de captações das LCI: o saldo aumentou 69% em 2014,
totalizando R$ 87,3 bilhões.
A Caixa não divulgou números relativos aos primeiros três meses
do ano, nem explicou quanto dos financiamentos concedidos
foram com recursos do FGTS e quanto com recursos de poupança
- mas disse que continua usando a poupança.
do ano, nem explicou quanto dos financiamentos concedidos
foram com recursos do FGTS e quanto com recursos de poupança
- mas disse que continua usando a poupança.
E acrescentou, também em nota: “No caso da habitação que
utiliza recursos da poupança, a prioridade da Caixa tem sido
o financiamento de imóveis novos, enquadráveis no Sistema
Financeiro da Habitação (SFH) - ou seja, com valor de até R$ 750 mil (em Brasília, SP, MG e RJ) e de até R$ 650 mil nos demais Estados”,
diz a instituição. Quanto aos outros instrumentos de funding,
a Caixa considera que a Letra Imobiliária Garantida (LIG) venha,
no futuro, a desempenhar um importante papel como funding
complementar à poupança e FGTS, o que ainda depende de
regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
utiliza recursos da poupança, a prioridade da Caixa tem sido
o financiamento de imóveis novos, enquadráveis no Sistema
Financeiro da Habitação (SFH) - ou seja, com valor de até R$ 750 mil (em Brasília, SP, MG e RJ) e de até R$ 650 mil nos demais Estados”,
diz a instituição. Quanto aos outros instrumentos de funding,
a Caixa considera que a Letra Imobiliária Garantida (LIG) venha,
no futuro, a desempenhar um importante papel como funding
complementar à poupança e FGTS, o que ainda depende de
regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Embora as LCI e outras fontes alternativas de recursos
(fora poupança e FGTS) sejam mais caras, a Caixa pelo menos
tem a vantagem de usar sua rede de agências para captação e,
também, de emitir grandes lotes para grandes investidores
- o que pode tornar o instrumento mais barato do que para
a maioria dos outros bancos, diz uma fonte que preferiu não
se identificar.
(fora poupança e FGTS) sejam mais caras, a Caixa pelo menos
tem a vantagem de usar sua rede de agências para captação e,
também, de emitir grandes lotes para grandes investidores
- o que pode tornar o instrumento mais barato do que para
a maioria dos outros bancos, diz uma fonte que preferiu não
se identificar.
“A Caixa esclarece que ainda não fechou o seu plano de negócios
para 2015. A perspectiva é atingir o mesmo resultado do ano
anterior, que fechou com R$ 128,83 bilhões em novas concessões
de crédito imobiliário”.
para 2015. A perspectiva é atingir o mesmo resultado do ano
anterior, que fechou com R$ 128,83 bilhões em novas concessões
de crédito imobiliário”.
A situação do mercado como um todo não é muito diferente da
Caixa. A Abecip já conversou com representantes do governo
e está finalizando um documento para entregar até o final deste
mês com algumas sugestões, disse Lazari.
Caixa. A Abecip já conversou com representantes do governo
e está finalizando um documento para entregar até o final deste
mês com algumas sugestões, disse Lazari.
Além de mudanças nos limites do Sistema Brasileiro de Poupança
e Empréstimo (SBPE), a entidade defende que a tributação sobre
as LCI seja limitada aos prazos mais curtos. Até agora, as letras
não pagam Imposto de Renda mas o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, sinalizou que isso vai mudar.
e Empréstimo (SBPE), a entidade defende que a tributação sobre
as LCI seja limitada aos prazos mais curtos. Até agora, as letras
não pagam Imposto de Renda mas o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, sinalizou que isso vai mudar.
Maior parte do mercado é regulado pelo Banco Central
O mercado de financiamentos imobiliários é cada vez mais
sofisticado e com opções alternativas de funding. Mas a grande
maioria das operações ainda é feita sob as regras do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que usa recursos
da poupança para se financiar, e é regulado pelo Banco Central
(BC). A resolução em vigor para o mercado é a 3932, de 2010.
O mercado de financiamentos imobiliários é cada vez mais
sofisticado e com opções alternativas de funding. Mas a grande
maioria das operações ainda é feita sob as regras do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que usa recursos
da poupança para se financiar, e é regulado pelo Banco Central
(BC). A resolução em vigor para o mercado é a 3932, de 2010.
O SBPE é uma das faces do Sistema Financeiro de Habitação (SFH),
que inclui, também, empréstimos com recursos do FGTS e outros
programas sociais - que são igualmente regulados pelo BC.
A outra face é o sistema que utiliza fundings alternativos
- como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificados
de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Nesses últimos, não há
direcionamento nem limites estipulados pelo BC - as taxas
cobradas são livres. O mais novo instrumento a disposição
do financiamento imobliiário com recursos livres são as Letras
Imobiliárias Garantidas (LIGs), que ainda estão sendo
regulamentadas.
que inclui, também, empréstimos com recursos do FGTS e outros
programas sociais - que são igualmente regulados pelo BC.
A outra face é o sistema que utiliza fundings alternativos
- como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificados
de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Nesses últimos, não há
direcionamento nem limites estipulados pelo BC - as taxas
cobradas são livres. O mais novo instrumento a disposição
do financiamento imobliiário com recursos livres são as Letras
Imobiliárias Garantidas (LIGs), que ainda estão sendo
regulamentadas.
Voltando ao SBPE: o segmento é subdividido em duas faixas:
a de imóveis mais baratos (até R$ 750 mil no caso de Rio,
São Paulo e Brasília, de até R$ 650 mil nos outros estados);
e a de imóveis acima desse valor. No primeiro caso, as taxas
não podem ultrapassar 12% ao ano. Dependendo do valor,
a entrada varia de 10% a 30%.
a de imóveis mais baratos (até R$ 750 mil no caso de Rio,
São Paulo e Brasília, de até R$ 650 mil nos outros estados);
e a de imóveis acima desse valor. No primeiro caso, as taxas
não podem ultrapassar 12% ao ano. Dependendo do valor,
a entrada varia de 10% a 30%.
No SBPE, os bancos são obrigados a aplicar 65% dos recursos
da poupança em empréstimos imobiliários, 2% são de uso livre
e 30% é recolhido compulsoriamente. Dos 65%, os bancos precisam
aplicar 80% nos financiamentos aos imóveis mais baratos, e 20%
aos outros.
da poupança em empréstimos imobiliários, 2% são de uso livre
e 30% é recolhido compulsoriamente. Dos 65%, os bancos precisam
aplicar 80% nos financiamentos aos imóveis mais baratos, e 20%
aos outros.
Além disso, há dois sistemas de amortização (tabela Price e SAC)
e dois de garantia: carteira hipotecária e alienação fiduciária.
Os bancos tem dado preferência às duas últimas opções, por
serem mais seguras. No caso do SAC, as prestações começam
mais altas e vão caindo ao longo dos anos - ao contrário da
tabela Price. A a alienação fiduciária facilita a retomada do
imóvel do inadimplente.
e dois de garantia: carteira hipotecária e alienação fiduciária.
Os bancos tem dado preferência às duas últimas opções, por
serem mais seguras. No caso do SAC, as prestações começam
mais altas e vão caindo ao longo dos anos - ao contrário da
tabela Price. A a alienação fiduciária facilita a retomada do
imóvel do inadimplente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário