9.15.2008

Medicamento: Primeira causa de intoxicação no Brasil

Crianças bem perto do perigo

Ingestão de medicamentos é a principal causa de intoxicação no País, diz estudo

'Medicamentos devem ser mantidos longe do alcance das crianças'. A recomendação é antiga, mas nem sempre seguida. A ingestão de remédios é a principal causa de intoxicação entre crianças menores de 5 anos, segundo levantamento do Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológicas (Sintox), da Fiocruz: responde por 36% das intoxicações ocorridas nessa faixa etária, aponta o trabalho referente a 2006. A pesquisa indica ainda que não só crianças foram afetadas. Dos 108 mil casos de intoxicações registrados em todas as faixas etárias, 30,5% foram por medicamentos.

“Todos devem fazer uma reflexão. Mais de 28% das intoxicações por medicamentos ocorridas com crianças são acidentais e, portanto, poderiam ter sido evitadas”, disse a coordenadora do Sintox, Rosany Bochner, acrescentando que o acúmulo e o armazenamento excessivo e desnecessário de medicamentos em casa aumenta o risco.

Atenta ao perigo, a advogada Fabiana Abreu Marques do Amaral, 33 anos, guarda os remédios longe do alcance do filho, Enzo Marques Amaral, 4 anos. “Guardo os medicamentos dentro do armário no banheiro, que fica no alto. Mas como ele já está conseguindo alcançar o armário, comprei uma caixa que ele não consegue abrir sozinho. Sempre tive muito cuidado com isso”, explica a mãe, acrescentando que produtos de limpeza são armazenados em um cômodo que a criança não acessa.

Depois dos medicamentos, a forma de intoxicação mais freqüente é provocada por animais peçonhentos (19,9%) e por produtos sanitários (11%). Segundo o ministério, foram notificados 488 óbitos por intoxicações em 2006.

Segundo o levantamento, que teve como base dados do Ministério da Saúde, calmantes, antigripais, antidepressivos e antiinflamatórios são os medicamentos que mais causam intoxicações. E as vítimas desse tipo de intoxicação são principalmente as crianças com até 5 anos. Elas representam 24,1% dos casos, seguidas daqueles com idades entre 20 e 29 anos (18,9%) e dos adultos com até 39 anos (13,6).

O trabalho indica ainda que quatro circunstâncias facilitam intoxicações por medicamentos: erros na administração, a prescrição médica inadequada ao paciente, as reações adversas ao remédio e a letra ilegível do médico. “O farmacêutico não é especialista em caligrafia e, portanto, não tem que ‘traduzir’ a letra do médico. O paciente precisa ter consciência de que não deve sair da consulta com nenhum tipo de dúvida”, diz Rosany.

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