"A médio prazo, cenário deve mudar e trazer muito mais retornos para a empresa"
"Para a Petrobras, o pré-sal é o seu grande ativo", avaliam economistas consultados pelo Jornal do Brasil. Para os especialistas, uma diminuição da atuação da empresaneste mercado iria satisfazer as necessidades de fluxo de caixa apenas a curto prazo, mas a ação vai contra os projetos de investimento com estratégias que visam maiores períodos de tempo.
Para Fernando Sarti, diretor do Instituto de Economia da Unicamp, "a empresa tem condições de buscar recursos para seus investimentos sem precisar desinvestir no pré-sal". Ele não vê problema em a empresa "buscar novas diretrizes e rever seus projetos buscando um foco dentro de suas áreas de atuação, mas não há dúvida de que ela deva manter sua participação em uma área estratégica como é a do pré-sal. No contexto atual, nenhuma mudança seria positiva".
Os professores consideram que a fase de baixa que o petróleo tem vivido não vai perdurar por muito tempo. Eles destacam que os problemas de desvalorização estão atrelados a questões políticas, e que elas não são definitivas. "Os preços baixos têm a ver com um 'jogo político' envolvendo as lideranças dos Estados Unidos e da Arábia Saudita", diz Gontijo.
Mello completa que os árabes estão mantendo a oferta de petróleo alta para rivalizar com os produtores de xisto nos Estados Unidos. O gás de xisto tem surgido como um combustível alternativo ao petróleo, mas "a estratégia para baratear a commodity não deve continuar indefinidamente", avalia. O economista ressalta que a produção no pré-sal é capaz de se manter mesmo com os preços baixos.
Questionado sobre os preços de petróleo, Fernando Sarti diz que "há um consenso geral de que o preço real não é o do patamar atual. Os valores que vemos hoje são irrealistas. Na minha opinião, atingiu-se um fundo e daqui para frente a tendência é de alta. Eu defendo que a participação da empresa se mantenha".
Ainda sobre a questão dos investimentos, Mello diz que a curto prazo, não vender os ativos do pré-sal pode gerar uma pressão no caixa da empresa, indo contra as vontades do mercado financeiro, mas no médio e longo prazos, o investimento voltará a trazer retornos tanto para a Petrobras quanto para o país, no que diz respeito a fomento de tecnologia e educação. "O dinheiro gerado pela exploração vai gerar um salto muito grande para essas áreas no futuro", finaliza o economista.
Na entrevista coletiva para divulgação do balanço auditado de 2014, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, voltou a negar que ativos de produção do Pré-sal serão vendidos, mas deixou em suspenso a possibilidade de aceitar parcerias em futuros campos que possam apresentar dificuldades ou risco elevado. Em reunião com acionistas na quinta-feira (23) pela manhã, a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, afirmou que a empresa vai avaliar a possibilidade de se desfazer de projetos em início de exploração, que podem demandar investimentos crescentes: "Estamos avaliando desinvestimento sim, para buscar agregar valor", disse em teleconferência.
*Do programa de estágio do JB.
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