Neurologia
RIO - Uma pesquisa publicada no Journal of Neuroscience revela que há um mecanismo de proteção do cérebro que funciona em casos de ocorrência de um derrame. Trata-se de um mecanismo de defesa do organismo, que é acionado imediatamente quando há derramamento de sangue. A descoberta vai ajudar os cientistas a desenvolver tratamentos especiais para proteger células nervosas, especialmente as que são responsáveis pela fala e pelos movimentos.
Quando ocorre um derrame, o sangramento provoca uma interrupção do suprimento de oxigênio e de nutrientes para as células nervosas. A interrupção leva à morte das células nervosas e, dependendo da região do cérebro atingida, funções cognitivas, de fala e de movimento são dramaticamente afetadas.
Os médicos descobriram, porém, que nem todas as células são igualmente suscetíveis à falta de oxigênio e nutrientes. Há pelo menos dois tipos de células nervosas no cérebro, localizadas no hipocampo, que reagem de modo diferente. Segundo o autor da pesquisa, o neurologista Jack Mellor, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, no hipocampo há células do tipo CA1, altamente suscetíveis a danos em consequência de um derrame, mas há também células nervosas do tipo CA3, que são muito resistentes à falta de nutrientes e oxigênio, conseguindo sobreviver por longo tempo após o derrame.
- Estamos no processo de compreender o motivo pelo qual há células nervosas resistentes ao derrame e, quando dominarmos esse processo, seremos capazes de desenvolver tratamentos para proteger as células nervosas cerebrais, inclusive aquelas que são mais sensíveis - comenta Mellor.
Os pesquisadores estão tentando simular em laboratórios as condições de um derrame e o mecanismo que protege a rede celular. O mecanismo que reduz a sensibilidade das células nervosas envolve um neurotransmissor chamado glutamato, liberado em grandes quantidades durante um derrame. Os cientistas trabalham para remover um receptor feito de proteínas que se encontra na superfície das células nervosas e que é responsável pela interação da célula com o neurotransmissor glutamato.
A remoção dos receptores de glutamato foi conseguida com a ajuda de receptores de um outro neurotransmissor, a adenosina. As células que são suscetíveis a altos danos pelo derrame não têm receptores de adenosina e não reagem ao glutamato, o que revelou que ambos estão envolvidos no processo de proteção das células nervosas cerebrais.
O derrame é especialmente difícil de ser tratado por causa de sua imprevisibilidade e pela urgência de ministrar drogas nos instantes imediatamente seguintes ao sangramento. As descobertas não alteram este quadro, mas podem apontar caminhos para que tanto a prevenção quanto o tratamento sejam mais minuciosos em nível celular, protegendo áreas do cérebro de sofrerem grandes danos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Neurologia, a cada cinco minutos um brasileiro é vítima de AVC, o que leva a cem mil mortes por ano. Segundo o Ministério da Saúde de 1998 a 2007 houve um aumento de 64% das internações por AVC em homens e 41% em mulheres. A forma isquêmica, em que não ocorre hemorragia, é responsável por 90% dos casos.
RIO - Uma pesquisa publicada no Journal of Neuroscience revela que há um mecanismo de proteção do cérebro que funciona em casos de ocorrência de um derrame. Trata-se de um mecanismo de defesa do organismo, que é acionado imediatamente quando há derramamento de sangue. A descoberta vai ajudar os cientistas a desenvolver tratamentos especiais para proteger células nervosas, especialmente as que são responsáveis pela fala e pelos movimentos.
Quando ocorre um derrame, o sangramento provoca uma interrupção do suprimento de oxigênio e de nutrientes para as células nervosas. A interrupção leva à morte das células nervosas e, dependendo da região do cérebro atingida, funções cognitivas, de fala e de movimento são dramaticamente afetadas.
Os médicos descobriram, porém, que nem todas as células são igualmente suscetíveis à falta de oxigênio e nutrientes. Há pelo menos dois tipos de células nervosas no cérebro, localizadas no hipocampo, que reagem de modo diferente. Segundo o autor da pesquisa, o neurologista Jack Mellor, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, no hipocampo há células do tipo CA1, altamente suscetíveis a danos em consequência de um derrame, mas há também células nervosas do tipo CA3, que são muito resistentes à falta de nutrientes e oxigênio, conseguindo sobreviver por longo tempo após o derrame.
- Estamos no processo de compreender o motivo pelo qual há células nervosas resistentes ao derrame e, quando dominarmos esse processo, seremos capazes de desenvolver tratamentos para proteger as células nervosas cerebrais, inclusive aquelas que são mais sensíveis - comenta Mellor.
Os pesquisadores estão tentando simular em laboratórios as condições de um derrame e o mecanismo que protege a rede celular. O mecanismo que reduz a sensibilidade das células nervosas envolve um neurotransmissor chamado glutamato, liberado em grandes quantidades durante um derrame. Os cientistas trabalham para remover um receptor feito de proteínas que se encontra na superfície das células nervosas e que é responsável pela interação da célula com o neurotransmissor glutamato.
A remoção dos receptores de glutamato foi conseguida com a ajuda de receptores de um outro neurotransmissor, a adenosina. As células que são suscetíveis a altos danos pelo derrame não têm receptores de adenosina e não reagem ao glutamato, o que revelou que ambos estão envolvidos no processo de proteção das células nervosas cerebrais.
O derrame é especialmente difícil de ser tratado por causa de sua imprevisibilidade e pela urgência de ministrar drogas nos instantes imediatamente seguintes ao sangramento. As descobertas não alteram este quadro, mas podem apontar caminhos para que tanto a prevenção quanto o tratamento sejam mais minuciosos em nível celular, protegendo áreas do cérebro de sofrerem grandes danos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Neurologia, a cada cinco minutos um brasileiro é vítima de AVC, o que leva a cem mil mortes por ano. Segundo o Ministério da Saúde de 1998 a 2007 houve um aumento de 64% das internações por AVC em homens e 41% em mulheres. A forma isquêmica, em que não ocorre hemorragia, é responsável por 90% dos casos.
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