Rio - Ainda existe esperança para os casais que querem consertar o relacionamento depois de uma traição. A maioria das pesquisas revela que os heterossexuais permanecem juntos após um caso extraconjugal, de acordo com o psicoterapeuta Adam Blum. Claro que em alguns casos a relação fica desgastada, mas em outros o casal pode melhorar o relacionamento. As informações são do Your Tango.
A recuperação após uma traição é a mesma enfrentada para superar qualquer experiência de dificuldade emocional. É preciso falar muito sobre o assunto, de uma forma honesta, profunda e respeitosa, afirma o psicoterapeuta. Segundo ele, a comunicação é a chave para colocar o relacionamento em ordem.O parceiro que traiu precisa assumir a responsabilidade pelo ato. Parte do processo inclui descobrir e entender as razões que levaram à infidelidade, diz Blum. A pessoa precisa se desculpar e estar disposta a escutar o desabafo do parceiro sobre os sentimentos feridos para se colocar no lugar do outro.
Com o tempo, segundo o profissional, quem traiu ficará cansado de ouvir como a atitude magoou o parceiro, como se estivesse sendo punido. Para a relação continuar de forma saudável, o traidor precisa aprender a ouvir, ter paciência e entender que a a traição teve uma reação.
O psicoterapeuta afirma que é muito importante a pessoa que foi traída expressar o que está sentindo, identificar a mágoa e contar ao parceiro de forma clara e respeitosa. Atacar o outro em busca de vingança não ajuda na relação, alerta Blum.
Pronto. Aconteceu e você descobriu. Hora de respirar fundo e conversar com o parceiro. Será que é uma questão sua ou da relação? Um problema dele ou de vocês dois? Veja as dicas de especialistas para entender melhor essa questão e encará-la de frente
Tratar a infidelidade como tabu só atrapalha. A Dra. Ana Maria Zampieri, psicóloga, pós-graduada em Terapia Sistêmica de Casais e Famílias e em Terapia Sexual, deu dicas sobre como superar esse trauma.
Para entender
Sem saber como explicar o fim do amor, o engenheiro José Antônio Moraes, 39 anos, passou 1 ano e meio metido em duas relações. Não sabia como explicar para a minha mulher que o amor tinha acabado. Antes de me envolver com outra, já sabia que o casamento estava mal das pernas. Não queria magoá-la e acabei no meio de uma bola de neve. Quando tudo estourou, foi destruidor, desabafa.
A distância e o vazio entre os casais deixa a relação sem comunicação e impede que os dois consigam colocar nas conversas diárias os problemas, as angústias ou qualquer bobeirinha que incomoda. Geralmente, a traição aparece em relações pouco abertas, difíceis e com pouca intimidade. Em muitos casos ela acontece porque uma das partes procura apenas alguém para conversar, explica a doutora Ana Maria, autora do livro Erotismo, Sexualidade, Casamento e Infidelidade (Ed. Ágora).
Em outros casos, fatores muito menos complexos (para quem trai) é o motivo das escapulidas:
- Curiosidade: Ele te ama, mas só queria saber como a outra é.
- Gentileza: Como assim negar um pedido de uma mulher tão simpática?
- Auto-Promoção: O cara tem que provar que é macho, que dá conta de muita mulher e mostrar quem é que manda no casamento.
Em um primeiro momento, os homens costumam negar e, mais tarde, confessam que foi apenas uma vez (eles não vão contar tudo e nem os mínimos detalhes). Nas traições ocasionais, eles até costumam dizer: Isso é coisa minha, não tem nada a ver com a minha mulher.
A psicóloga explica: Os homens têm a capacidade de ir pra cama sem envolvimento emocional, por conta da educação machista tão forte. Alguns até dizem que amam a amante, apenas para melhor desempenho da relação sexual. Mas depois alegam que não é o mesmo eu te amo declarado à esposa.
Deixar ou não
Desculpar o companheiro que trai não é fácil e a decisão de permanecerem juntos após a infidelidade tem um peso dobrado: as suas cobranças e o mundo lá fora. Apenas cerca de 12% das mulheres traídas resolvem deixar o parceiro. Para a maioria ainda é muito difícil encarar a casa, a família, perder o status de esposa e enfrentar a sociedade, diz ela.
A professora F.S., 36 anos, há três anos descobriu que o marido saía com um amigo. Sentiu-se traída duas vezes, mas não enfrentou a separação. Fiquei muito mal. Descobri que ele quebrou o nosso pacto. Não me contou que a relação não estava legal e nem que sentia atração por homens. Eu não tive coragem de expor isso pra todo mundo e não queria ser mãe solteira. Agora acho que não fiz uma boa escolha. Sou completamente infeliz, desabafa a mãe de dois filhos.
A grande dor
As marcas causadas pela traição podem ser enormes. Romper o pacto estabelecido para a relação fluir bem causa traumas doloridos e sofrimento a longo prazo. Nos estudos sobre grandes dores emocionais, a traição aparece em terceiro lugar, atrás apenas da perda de um filho e morte de pessoas próximas, explica a autora.
Chacoalhão
Nem sempre a traição separa. A reviravolta, o sofrimento e o famoso perder o chão às vezes funcionam positivamente e ainda dá tempo de abrir o olho. A psicóloga afirma: após a descoberta, alguns casais percebem uma melhora incrível na relação. Após a infidelidade, passam a discutir uma série de fatores que não eram colocados em questão, às vezes com a ajuda de um terapeuta. A traição pode ser um grito agonizante de socorro.
Saúde pública
É importante lembrar que a traição extrapola a questão da moralidade e se torna um problema de saúde pública. Não dá mais para ser careta e continuar a recusar o uso do preservativo, mesmo em relacionamentos longos. O índice de mulheres acima de 65 anos portadoras do vírus HIV aumenta a cada dia. Na última Conferência Mundial de Saúde, apareceu um dado importantíssimo: uma mulher casada tem seis vezes mais chances de contrair o vírus que uma prostituta, afirma Zampieri.
IG
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